O Cavaleiro e a Princesa

Capítulo 3 - A fuga

Kile estava no estábulo junto com vários outros cavaleiros do rei, preparando Cenoura. Gary estava em seu ombro quando George apareceu ao seu lado:

– O que está fazendo, filho?

– Preparando Cenoura, pai. Onde estava até agora?

– Eu estava colhendo o relato do moribundo.

– Mesmo?! Então como foi que tudo aconteceu, pai?!

– Bom... Eles estavam chegando perto da Estrada da Luz, quando o céu escureceu e surgiu um redemoinho nas nuvens. O resto, você já imagina.

– Minha nossa!

– Sim, e o rei acredita veementemente nele. Não há razão para duvidar. Afinal, você o viu.

– Temos que ir o mais rápido possível!

– Temos? Não, não, não... Nós não vamos com eles. O rei nos quer por aqui. Diz que somos cavaleiros bons demais para sermos jogados fora com uma caçada incerta.

– Mas são necessários bons cavaleiros para que o serviço seja bem executado, pai! – Kile estava perplexo.

– Filho, eu já disse que não.

– Mas, pai! Precisamos ajudar a salvar a princesa!

– Escute-me, Kile Willian Lovewood! – Kile estremeceu ao ouvir seu nome completo ser pronunciado em um tom como aquele. Gary voou de seu ombro para longe. Cenoura virou-se. – É demasiado perigoso, e temos que ficar aqui! Alguém também tem que cuidar da segurança do rei! Não sabemos o que a bruxa quer! E se quiser o rei também?! Não se sabe onde ela está exatamente, há apenas rumores sobre sua localização. E, além de tudo, talvez a princesa nem mesmo esteja viva!

Kile olhou friamente para seu pai. Apesar da expressão, ele sabia interiormente de todas aquelas possibilidades, por mais que não quisesse acreditar. Por dentro, ele fervia.

– Pai... – Kile disse lentamente. – Eu... Eu lamento muito, mas vou atrás da princesa Erin, e não há nada que o senhor possa fazer quanto a isso.

– Como ousa afrontar-me desta maneira? Ei, aonde vai?! Não dê as costas para mim desse jeito, mocinho! O que é que há? Por que está tão interessado em salvar a princesa?! Ela não significa nada para nós!

– O quê?! – Kile havia se afastado, mas agora voltava, enfurecido. Suas narinas inflavam-se e seus olhos claros pareciam arder em chamas, por mais azul-esverdeado que fossem. – Não significa nada? Não significa nada?! Ela é a sobrinha de seu melhor amigo! É sobrinha do rei, que a ama e trata como se fosse a própria filha dele! É antes seu dever como amigo do que como servidor de rei Silar prezar pelas pessoas que ele também ama! É ISSO QUE AMIGOS FAZEM! A princesa deveria significar MUITO para você também!

– Mas o quê... Ah... – George entendeu de repente, ao olhar mais além das chamas dos olhos de Kile. – Isso é amor não é? Eu devia ter imaginado... Faz quanto tempo?

Kile não respondeu. Seu nariz se contorcia de raiva.

– Bom, meu filho, se amas e ages por amor, então vai me perdoar... – Falou George, muito calmo.

– Sim, meu pai, eu perdoo.

– Não, filho, não é por querer resgatar a princesa... É POR ISTO!