Capítulo 9 - O Sitiante

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Kile acordou sentindo um forte cheiro de madeira e ambiente fechado. A boca estava seca, e isso lhe fez lembrar-se dos últimos instantes passados antes que ele desmaiasse.

Porém, apesar da boca seca, Kile não estava com muita sede. "O que será que aconteceu?", pensou, abrindo os olhos logo em seguida. Logo ele percebeu que o cheiro que sentia combinava com a paisagem.

Kile estava deitado numa cama, num quarto não muito grande, revestido de madeira do chão ao teto. À sua frente, havia uma penteadeira velha e também de madeira maciça, com apenas um pente, uma bacia com água, um pequeno espelho de mão e uma toalha desgastada e encardida em cima dela.

"Onde estou?", ele se perguntava em seu subconsciente. "Será que eu e George fomos sequestrados por saqueadores?"

Foi só aí que ele se lembrou de George, e uma enxurrada de perguntas invadiu sua mente. Onde estaria? Passaria bem? Morrera? Fora deixado para trás? Onde o próprio Kile estava? Aquele lugar era seguro?

As perguntas, todas sem resposta, morreram quando Kile ouviu um grito feminino vindo de algum lugar mais baixo. Supôs estar no segundo andar do local, seja lá qual fosse esse local, e seu instinto, ao ouvir o grito, levou-o a procurar sua espada.

Reparou apenas neste momento que não estava com a armadura, e que sua espada também não estava no aposento. Perguntou-se ainda de Cenoura, Twix e Gary, mas não se demorou muito com isso. Pegou, então, o pente que estava sobre a penteadeira, e foi até a porta.

Abrindo a porta, ela dava de frente para um pequeno e estreito corredor com corrimão, com vista para o andar de baixo. Neste último, via-se a sombra de uma mulher e de um homem muito próximos, que se confundiam, enquanto ela novamente gritava:

– Solta! Solta!

Oh, não! Estavam sequestrando uma dama... Ou coisa pior!

Kile desceu as escadas correndo, enquanto a moça continuava a gritar, e ele ouvia barulho de tapas. Ele jamais deixaria tratarem uma dama daquela maneira. Ergueu o pente que trazia na mão direita, pronto para bater no agressor da milady que estava berrando.

Pulou o último degrau da escada – que esqueci de mencionar – também era de madeira, e automaticamente virou seu corpo na direção dos gritos.

Mas a cena que ele encontrou foi um tanto inesperada.

Na verdade, a dama é que estava batendo no rapaz. E o rapaz era George, que estava com a boca lambuzada de chocolate, e a mão segurando uma travessa com... Bolinhos?

É. Sim. Eram bolinhos. A situação logo pôde ser deduzida: George não estava sendo atacado, mas atacando, na verdade, uma bandeja de bolinhos. A moça tentava desesperadamente afastá-lo dos quitutes.

— Solta isso, seu guloso! Eles são a sobremesa! Solta! Solta!

Ao verem Kile, tanto a moça quanto George pararam. Ela correu para o cavaleiro.

— Faça seu amigo parar, por favor! Ele já comeu toda a reserva de bolachas, e agora está acabando com meus bolinhos! — Ela estava aflita.

Kile saltou para George e arrancou a bandeja de suas mãos. Em seguida, deu um tapinha na cabeça do companheiro.

–Ai, isso doeu! – George emburrou.

– Por que estava desobedecendo esta jovem e adorável dama? – falou Kile, devolvendo a bandeja à moça. – Não viu que ela estava lhe pedindo educadamente que devolvesse a bandeja a ela?

– Educadamente?

– Perdoe o meu amigo, senhora. - Ela corou quando ele pegou-lhe a mão e beijou cordialmente a mesma.

O Cavaleiro e a PrincesaWhere stories live. Discover now