Capítulo Vinte e Oito

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Alessandra

Essa ideia de ficar sem namorado por uma semana inteira já foi incômoda de início, porque não gostei nada. Tudo bem que a gente meio que se acostumou com essa rotina de quase não se ver durante a semana, por causa da faculdade e tal. Mas sempre que dá a gente procura se ver de algum jeitinho. Ter o Thomas longe de mim, é de longe a pior coisa que pode acontecer. Eu tenho um gênio bem forte, sou tinhosa, bem nervosa às vezes, e não costumo pensar antes de falar, não costumava sentir ciúme de ninguém, mas ele me faz ter ciúme da minha sombra. Desde que estou com o Tom, eu tenho tentado me controlar, até mudar em algumas coisas, mas ele parece evidenciar mais os meus defeitos. Quando estou com ele, tudo que sou fica 3x mais.

Durante a semana inteira que ele viajou, tentei provoca-lo, mas ele sempre arrumava um jeito de fugir do que eu estava tentando fazer. Ou ele não queria, ou apenas não gostava de tentar sexo por telefone. Eu nunca fiz, mas não deve ser tão difícil, basta ele me dizer o que queria fazer com meu corpo e eu vou seguindo.

Na quinta-feira acordei estressada, por ter passado três noites tentando fazer algo diferente e ele não cedia. Num dos dias, não obtive sucesso e acabamos entrando num assunto desagradável e bem incômodo. Mas não quero esconder nada dele. Sinto que posso apenas ser eu mesma quando estou com ele, e isso é o que vou fazer. Isso é o que tem tornado nossa relação tão especial. Não temos segredos. Ele sabe o que penso e quando penso. Me conhece já com meus olhares, e eu cada dia descubro um pouco mais dele.

Contei pra ele sobre a tentativa de estupro. Não falei tudo, porque acho desnecessário tantos detalhes nojentos como foi. Aquela imagem me enoja sempre que vem à minha mente. Nunca falei disso com ninguém, e com o único que tentei foi com meu ex, que no início me disse que nunca seria igual ao babaca que fez isso, mas no fim, fez o mesmo. Não da mesma maneira, mas foi bruto, grosso, e ainda usou isso contra mim, então, apenas decidi que eu nunca mais falaria disso, mas o Thomas me faz sentir que devo sempre abrir meu coração. É como se ele fosse uma extensão da Alessandra que vive em mim. Não posso me esquecer nenhum dia de agradecer a Deus pelo homem que ele me presenteou e da maneira mais maravilhosa. Lavando minha alma de todo passado.

No meio dessa ligação de hoje, vou provocar o Thomas até que eu consiga alguma coisa. Preciso urgentemente de um orgasmo, e quero que seja com aquela voz ao meu ouvido.

Ligo pra ele, e durante a conversa, começo a provocação...

-Como está vestido?

-Anjo... Não começa. Estou apenas de bermuda. – Ele tenta me desviar da provocação, mas sinto que ele não aguenta mais de saudade também. Provavelmente esses dias longe, tem lhe causado tanto estresse, que posso aliviar pra ele, basta pedir.

-E eu? – Já que ele não vai perguntar, vou começar eu mesma a me entregar ao meu jogo e tentar seduzir meu namorado. Acho que não é pecado algum, não é? – Eu estou apenas de toalha, deitada na minha cama. Tenho certeza que meu amigo aí tá com mais saudade da minha boca nele, do que você de mim. – Abuso na sensualidade com a voz.

-Você se engana. Meu coração sente tanta saudade do seu, como seu amigo aqui.

-É? Mas a saudade do coração a gente vai matar amanhã, agora, quero me divertir... – Essa mulher que estou me tornando com ele me surpreende, sempre agindo com tanta segurança, quando não sei nada. – Eu estou molhadinha Tom, me ensina como faz aquilo comigo? Prometo ser boazinha e seguir o que mandar.

A respiração dele começa a se alterar. Ponto pra mim que consegui!

-Alessandra, não diga depois que precisa parar por nada. Estou te avisando. – Sua voz é ameaçadoramente deliciosa. Por quê eu fugiria?

Inocente pecadoOnde histórias criam vida. Descubra agora