Arquivos da União

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Relatório 3457/08

Caso: Luzes de Tóquio

Fenômeno: Clarão de alta intensidade visto duas vezes sobre a Torre de Tóquio

Condição: investigação em andamento

Histórico

No dia 19 de março de 1993 diversos grupos de cidadãos da cidade de Tóquio notificaram as autoridades acerca de um súbito clarão que teria cegado a todos momentaneamente. As autoridades locais contatadas pelos indivíduos anotaram os depoimentos na maioria dos casos, mas se recusaram a enviar qualquer ajuda, acreditando se tratar de um exagero ou, conforme alguns apontaram nos relatórios oficiais das unidades, uma brincadeira. Pelo menos duas delegacias enviaram uma viatura para investigar os arredores, uma delas diretamente a Torre de Tóquio, monumento turístico da cidade, onde tomaram depoimentos de alguns dos presentes. Embora a maioria das pessoas naquele momento alegasse terem visto à luz, inclusive alunas de três colégios que estavam em excursão à torre, as próprias testemunhas racionalizaram como "um reflexo de sol nos vidros" [sic] ou outras sortes de explicações naturais. Os depoimentos foram dispersos e as delegacias não conversaram entre si, a própria racionalização das testemunhas adormecidas fez com que a célula da União de Tóquio tomasse o caso como de preocupação mínima e encerrasse as investigações.

É preciso deixar claro aqui que isso se trata de uma violação direta do protocolo de ação da União e que se as diretrizes de investigação tivessem sido seguidas, ou seja, o envio de agentes iluminados ao local para coleta de informação direta das fontes primárias de testemunho, ao invés de confiar no depoimento coletado pelos agentes adormecidos, teria nos evitado problemas como pretendo deixar claro mais a frente. Claramente, foi esquecido o Método Cientifico, a alma da União.

Dito isso, o fenômeno se repetiu meses mais tarde no que entendemos serem as mesmas condições. Um segundo pulso de luz forte o suficiente que cegou a todos momentaneamente na torre. Os relatos dessa vez foram mais escassos e as autoridades não se prontificaram em averiguar o ocorrido como da primeira vez. Essas são as informações que os escritórios do Sindicato nos enviaram de Tóquio. Mas incluo aqui um novo relato que nossos agentes da N.O.M. conseguiram obter.

A Estratégica posição do Japão, localizado paralelo ao Brasil em relação ao eixo imaginário da Terra, tem tornado ele um campo de experimentações para nossos cientistas que estudam os efeitos do Tempo no Espaço. Cito aqui uma transcrição do relatório — que a diretoria pode ler em anexo — que enfoca na parte mais importante:

"É sabido desde Einstein que Tempo e Espaço são indissociáveis tratando-se do mesmo tecido, assim qualquer mudança em um teria de implicar em alterações detectáveis em outros. Pelo menos partimos dessa prem issa. Um objeto denso o suficiente provoca dilatações no tecido do espaço tempo e com isso ondas gravitacionais consequentes dessa perturbação. Se comprimíssemos o tecido e então permitíssemos que ele retornar-se a sua forma, seria esperado que ondas também surgissem. Dito isso, após o fenômeno do clarão na Torre de Tóquio nossos instrumentos detectaram ondas gravitacionais consequentes desse retorno pós-compressão. Acreditamos assim, que durante o clarão o tempo foi comprimido pelo equivalente há dias, talvez próximo de duas semanas ou mais. [Yamazaki, Shinjo, Sobre os efeitos da dilatação temporal no Horizonte, 1996]"

Como podem adivinhar foram os trabalhos do Dr. Yamazaki e sua reputação junto a Corporação Pan-Dimensional dos Engenheiros do Vácuo que me fez ter interesse em ressuscitar esse caso. O primeiro passo, obviamente me atentando aos protocolos de investigação, foi conferir se as suspeitas do Dr. Yamazaki estavam corretas. Solicitei o envio de todos seus dados crus, o que incluía a observação das ondas gravitacionais em todo planeta em diversos laboratórios diferentes, e sua metodologia, inclusive a análise e tratamento de dados. Sem muita surpresa, minhas próprias investigações levaram a mesma conclusão. Uma anomalia de tempo havia se abatido durante o segundo fenômeno luminoso. A pergunta agora era: isso havia acontecido durante o primeiro?

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⏰ Last updated: Aug 26, 2019 ⏰

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