capítulo 2

695 38 11
                                    

Oito meses, oito longos meses de trabalho árduo.
Já se passaram oito meses desde que Lucy se juntou ao nosso clube do livro, nesse meio tempo encontrei uma outra mãe no parque, Rhea, parecia ser de confiança, tinha algumas características que lembravam a mim mesma, pensei em recruta-la mas previamente precisava fazer nosso negócio lucrar antes de incluir mais pessoas nele.
Lucy era uma designer espetacular, meio antisocial mas isso era até de grande ajuda, pois evitava que ela acabasse contando algo para alguém, no entanto era fácil manipula-la, o que poderia se tornar um perigo caso Turner resolvesse voltar e começar a nós investigar, acreditava que sobre pressão, Lucy não resistiria por muito tempo, mas esse era um risco que estava disposta a correr.
  Por ser bastante manipulável, levou cerca de dois meses para que conseguíssemos convencê-la, a sondamos algumas vezes durante os dias que ela estava na feira, nunca aparecíamos as três juntas. Ruby puxava assunto sempre comentando o quão difícil seria para pôr as crianças em uma faculdade sem o dinheiro extra do "clube do livro", Annie por sua vez falava sobre os preços altos nas mercadorias e o quão boa era a educação de Sadie, mas era necessário investir muito dinheiro para estudar naquela escola, já eu, aparecia e não dizia nada, sentava em um banco de frente para seu estande, onde ela mostrava os modelos de cartão de visita que fazia, Lucy ficava ainda mais assustada quando me via interagir com um de seus filhos, sabia o que ela sentia pois eu mesma havia passado por isso, quando vi Rio conversando com Kenny.
O que eu havia me tornado? Recrutando mães para o mundo do crime, roubando até mesmo um simples batom apenas para sentir aquela adrenalina circulando pelo meu corpo, era algo excitante que me fazia se sentir poderosa, vê-la com medo de mim me mostrava que a cada dia que passava estava me tornando mais parecida com ele.
  Em casa, zelava pelo bem dos meus filhos, sempre os tratando com todo o amor que sentia por eles, mas quando se tratava dos negócios podia ser feroz e fazer o que fosse necessário, não iria por uma arma em sua cabeça e força-la a se juntar ao nosso clube, a manipulação já estava começando a fazer efeito, sabia que era questão de pouco tempo até ela ceder. Não demorou muito para que ela viesse a mim, estava no parque vendo as crianças brincarem, quando a notei se aproximando cautelosamente, não pude conter o sorriso, quando parou ao meu lado, somente quando a olhei que ela começou a falar, falava baixo quase susurrando.

-Beth?
-Sim.
-Eu...eu aceito fazer...fazer parte da sua oper..do seu clube do livro.
-Ótimo.
-O que preciso fazer?
-Venha a minha casa hoje a noite, te darei as explicações necessárias.

Ela concordou, e sem deixar que ela começasse com mais perguntas, me afastei e levei meus filhos para casa, ao chegar encontrei Dean sentado do sofá assistindo um filme qualquer, parei perto dele e esperei que nota-se minha presença.

-Ei!
-Preciso que você saia com as crianças hoje.
-Que? Por que? - perguntou desligando a televisão, voltando sua atenção para mim.
-Clube do livro.
-Como assim, clube do livro? Achei que havia parado com isso.
-Parei por um tempo apenas, pretendo voltar a ativa, então preciso da casa sem as crianças hoje.
- Beth, não acho que seja uma boa ideia.
-Dean, não dou a mínima pro que você acha, há meses que está desempregado, e eu estou me matando para manter essa casa e você nem se quer se deu ao trabalho de perguntar como que estou fazendo isso. Você mora aqui por que não temos o suficiente para bancar duas casas, mas não pense que ainda te devo satisfações.
-Pode não me dever satisfações, mas se botar meus filhos em perigo mais uma...
-A segurança dos meus filhos é minha prioridade, estou fazendo isso por eles, e vou continuar, quer você goste ou não. Eu mando aqui agora, então leve as crianças para sair.

Ele não disse mais nada, eu sabia que tinha ferido seus sentimentos mas não me importava, estávamos separados mas morávamos juntos, de algum modo parecia que ele esperava que essa nossa convivência me faria voltar atrás e reatar com ele, estava enganado. Por fim ele concordou e saiu com as crianças para o cinema, disse que conseguiria no máximo três horas na rua com eles.
Foi o tempo quase perfeito, Lucy, Ruby e Annie chegaram, peguei uma guarrafa de whisky e servindo a todas, comecei a explicar a nossa nova integrante, como funcionaria, do que ela se encarregaria, falei ainda sobre quanto cada uma ganharia quando começássemos a lucrar e também falei sobre os riscos.
  Comentei ainda por cima, sobre Rio, apenas as partes relevantes, ela não precisava saber que ele havia atirado em Dean, ou que eu havia feito sexo com ele, muito menos que na maioria das noites não conseguia evitar pensar nele e deixar que a luxúria me levasse a desejar suas mãos no lugar das minhas, quando eu me tocava. Nada disso era importante visando que ele estava morto, não correria o risco de ele aparecer em sua cozinha com uma arma, e ameaça-la, estava tudo bem em relação a Christopher.
  O que ainda nos preocupava era o FBI, de acordo com Noah, nosso caso ainda estava em aberto, não haviam recebido nenhuma denúncia daquela noite, Turner havia se livrado do corpo e de qualquer outra evidência por baixo dos panos, oficialmente Rio estava como procurado, contamos ainda sobre como quase havíamos sido presas, e por conta de nosso caso ainda estar aberto, quando iniciássemos a lavagem e produção de dinheiro, em hipótese alguma poderíamos dar a chance para que fossemos fichadas ou algo parecido, teríamos que andar na lei em frente a sociedade, não poderíamos levantar suspeitas.
O último tópico que pontuamos aquela noite, foi como que lavaríamos o dinheiro, não deu para mencionar nossas ideias, voltaríamos a falar disso outra hora, pois Dean voltou para casa mais cedo, Emma havia comido muito sorvete e estava passando mal, me despedi das meninas e fui cuidar da minha filha. Após tomar um remédio, Emma conseguiu dormir, fiquei ao seu lado durante a noite, o fato de que meu negócio iria definitivamente iniciar em uma semana me manteve acordada.
  Enfim chegou o dia, após pôr as crianças para a escola, Lucy chegou junto com Annie, que estava de folga hoje, as levei para o porão, onde estava a impressora profissional que havia comprado, Lucy a olhou e após uma avaliação minuciosa de cada detalhe da máquina, falou:

The New Bosses On Kingdom -Good GirlsOnde histórias criam vida. Descubra agora