Capítulo Três

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- Ela parece ser fogo demais para nós dois.- O cara idiota ousou dizer quando ela já não estava mais na nossa vista.

- Só se for pra você que com certeza não ia saber lidar com ela, não para mim.

- Ah cara, sinto muito dizer, mas você não foi muito feliz em tentar, ela é autoritária demais.- Sorriu. - Não é dinheiro, vai além.- Ele nada mais disse apenas saiu e me deixou ali, pensativo.

- Se ela é autoritária. Eu sou o dominador. Amanço a fera e a deixo louquinha por mim.- Falei alto vendo sua atenção se virar novamente para mim.

— Me diz uma coisa cara. A quanto tempo você frequenta essa casa?

— É a primeira vez que venho. Mas agora tenho motivos de sobra pra voltar sempre.

— Boa sorte aí mano. — Deu um tapa em meu ombro e se afastou de mim.- Se eu fosse você tomaria cuidado com o que anda dizendo ou procurando por aqui, você pode estar errado, na verdade muito errado com certas atitudes.

Deveria ir embora também, mas algo me deixou com a pulga atrás da orelha como diz o ditado, estou louco de estar com o corpo queimando pelo simples fato de ter discutido com aquela putazinha, mas isso não vai ficar barato.

- Ou eu não me chamo Gustavo Larius. - Sorri satisfeito voltando para o bar.

A casa noturna tinha ganho mais movimento, mas ao contrário do que imaginei não quis mais beber apenas observar o movimento, procurava alguém que não queria admitir, mas não cheguei mais a vê-la o que era uma pena.
Uma ruiva de pernas torneadas se aproximou de mim.

— Um homem como esse não deveria estar só — disse passando as mãos sobre o meu ombro de forma provocante. — Vem comigo gato. Assim faço sua noite terminar muito bem.

— Não estou afim. Você é uma puta gostosa. Mas não é o que vim procurar hoje.

— Já sei o tipo de cliente você é. — disse se afastando — paga caro pra ver a Luiza dançar. Só toma cuido bebê. — se aproximou do meu ouvido e sussurrou — Ela não é quem você pensa que é.

~Narrativa Cecília~

Não. Não pode ser. Eu não vi ele. Eu não vi.
Cheguei no camarim ofegante. Tentando assimilar o que acaba de acontecer. Ver a última pessoa que eu queria ver. Aqui! Bem na minha frente.

— Obrigada senhor. Por me dar forças e conseguir estar por cima. Se uma coisa o idiota do meu pai me ensinou é ser forte. E hoje fui forte o suficiente para ter o controle das coisas.

Respirei aliviada sentindo a tensão percorrer meu corpo, minhas pernas bambas confirmavam o que tinha acontecido.
O medo e a angústia, misturados com a saudades e algo que nunca esqueci de senti, lindo como sempre ou ainda melhor se posso dizer, Gustavo sempre foi o amor da minha vida, o destino quer brincar comigo só pode, não tem outra razão.

- Obrigada Deus por piorar minha vida.- Fiz uma reverência aos céus exageradamente.

- Ceci?- Fabi entrou no quarto me chamando.- O que foi aquilo?- Fabi é uma irmã mais velha, alguém que eu amo e tenho um carinho enorme, de todas as tribulações passadas, ela foi a que acalmou cada uma delas.

- É ele.- Sussurrei externando as palavras, querendo entender que era realmente verdade.

- Ele? Não estou entendo...- Parou a me olhar espantada. - O carinha bonitão e ricasso? Caramba amiga por que você não aproveitou o embalo?

- Você ficou maluca?

— Maluca eu sempre fui. — sorriu para mim. Mas logo seu semblante ficou sério. — aconteceu algo de errado? Ele te forçou a se deitar com ele?

— Você não notou ainda Fabiana! — digo nervosa —  É ele. O meu passado todinho na minha frente

— Você está me dizendo que é aquele pedaço de mal caminho que você amou a vida inteira?

— Sim minha amiga. São longos quatro anos que não o vejo. E continua o mesmo. Lindo e atraente.

— Se ele continua o mesmo. Como será que está a garotinha da foto que você sempre carrega? — perguntou curiosa.

— Não fala nela Fabiana. — uma lágrima solitária escorreu por meu rosto — Meu coração corta por inteiro ao lembrar da minha loirinha. Mas tenho certeza que ele está cuidando muito bem dela.

- Será que ele a criou?

- Não me faz pensar por esse lado não sou capaz de pensar que algo de ruim tenha acontecido com minha carinha de anjo, como eu deveria ter lutado pela gente, como eu fui burra ao acreditar que meu pai queria o meu bem. Me culpo todas as noites, não há um dia que não lembre da minha menina, queria sentir seu cheiro, ver como cresceu, deve ser tão linda e serelepe, esperta e falante, Deus como eu sinto falta.

- Já conversamos sobre isso e se culpar não vai adiantar. Acho que você deveria falar com ele.

- Não tem como Fabiana, eu vou chegar e dizer que apareci, lembra o motivo que fez ele ir embora?

- Mas...- A interrompi.

- Traição não se perdoa Fabiana, ele viu tudo não o culpo se nunca me perdoar, eu também não perdoaria.

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