E ali estava eu: preso na ideia de que aquela mulher fascinante olharia para mim da forma que eu tanto desejava. Ergui a mão esquerda, onde se encontrava o meu Don Perignon acabado de servir e brindei muito ao longe. A senhora de vermelho sorriu, mais uma vez, mas num tom melancólico, triste. Talvez sofria de maus tratos por parte do marido, quem sabe? Hoje em dia a violência doméstica é tão frequente quanto a chuva no Inverno. Nunca na história da minha pequena vida os meus olhos tiveram o prazer de analisar mulher mais bela. Aquela pele macia - não que a tivesse tocado, infelizmente - mas era notória a suavidade da sua pele, o cheiro... Oh, sim.. O cheiro. Perfume caro, aposto. Aquela mulher podia ser tudo menos pobre. Tinha um ar imaculado portanto concluo que a puta não deva trabalhar, mas o marido... Talvez um diplomata, um arquitecto de sucesso, uma réplica de Frédéric Auguste Bertholdi, sei lá. No meu entender aquela mulher tinha que ser minha, por uma noite, claro. Nunca gostei de relacionamentos a longo prazo. O sexo para mim é como a comida gourmet: pouca quantidade mas exuberante na sua qualidade. Imaginei-a de todas as formas e feitios, creio que percorri o Kamasutra pelo menos umas trinta vezes naquela fracção de segundos. Eu sei que o meu discurso parece um pouco egoísta, narcisista, mas a verdade é que sempre tive uma forma muito peculiar de viver a vida. Carpe Diem. Viver o Presente. Hit et nunc. O aqui e agora. O Passado e o Futuro são conceitos arcaicos na minha vida. Raramente lanço as cartas nesse sentido até porque nunca gostei de jogar na incerteza.
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Monólogo De Um Louco
RandomBreve monólogo de uma nova peça da minha autoria, após o "Ponto De Partida".