Girls Just Want To Have Fun

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O caminho para o banheiro parecia ser infindável. Não existia um corredor mais longo que aquele, mas as reclamações que saiam dos lábios do mais novo eram constantes e incendiários.

— Me solte. Eu definitivamente não estou gostando do que você está fazendo. — Um apelo sem precedentes, porém com muita raiva mantida.

— Não. — Essa mania imperadora de Saint irritava ao mais novo como a cruz irritava o diabo.

— Eu disse para me soltar! — Puxando seu pulso, Perth parou no meio do caminho, instigando a fúria do homem alto. — Se você quer que eu te siga, tudo bem, eu vou. Mas me trate direito. Eu não sou um animal sarnento. Nem mesmo um animal você deve tratar assim.

O peso da culpa atingiu as costas largas do rapaz alvo, que suspirou alto antes de olhar para o garoto que alisava seu pulso com força. Ele tinha o machucado. E mesmo que machucar pessoas fosse normal para ele, aquela pessoa em específico parecia cruel demais.

Os olhos do garoto estavam assustados e seus lábios comprimidos demonstravam que o desconforto estava presente no ambiente. A reação do mais velho foi apertar seu punho e logo após levantá-lo, como tentativa de demonstrar a paz.

— Não foi proposital. Deixe-me ver. — Tentando se aproximar, ele recebeu uma resposta negativa ao ver o mais novo dar dois passos para trás, sem dizer uma palavra. — Você está com medo de mim?

Era infantil demais para Saint que o garoto estivesse acuado com ele. Afinal, para o mais velho, não havia sido nada demais. E para a maioria das pessoas poderia não parecer bobagem, mas para alguém com traumas de infância, qualquer toque rude o deixava importunado.

— Eu não estou com medo de você. Estou com medo das suas atitudes. Você não me parece uma pessoa equilibrada, psicologicamente falando. — Tentando abrandar a situação, Perth apenas havia o irritado ainda mais.

— Você não me parece muito apto para falar da minha saúde mental. — O jovem que havia cursado apenas alguns semestres de Psicologia tentava agir como se soubesse algo, mas na verdade, até o mais novo poderia saber mais que ele.

— Não era a minha intenção, mas se você se sentiu ofendido... — O garoto deu de ombros e tomou o rumo para o banheiro, sendo seguido pelo mais velho.

Era como um pequeno cachorrinho perdido. Perth andava de um lado para o outro no banheiro vazio, com o nervoso corroendo seus lábios que eram mordidos ritmicamente. Tudo parecia um tanto quanto agonizante, mas o silêncio ainda reinava no ambiente.

— O que você quer comigo? — A voz fraca era apenas por trazer as antigas lembranças para si. Tentando acalmar o outro e a si mesmo, o mais velho apenas usou sua voz calma e rouca.

— Eu queria te agradecer. — As palavras foram cuspidas quase como sussurros.

— Oi? — O jovem se sentiu estranhamente angustiado com aquilo. Depois de todo aquele tempo, Saint resolveu fazer um show em meio a um restaurante para isso?

— Agradecer, você não ouviu? — Elevando seu tom, o homem de pele ebúrnea mostrou que estava alterado. Mas o mais novo iria se aproveitar disso.

— Me agradecer pelo que, exatamente? — Os lábios do garoto despejaram um leve sorriso enquanto soltava a mão do seu pulso e se aproximava lentamente.

— Você sabe. — Saint estava perdendo a paciência, mas seu senso ainda falava mais alto. Não podia descontar tudo no rapaz.

— Se eu soubesse, não estava perguntando. — Ambos estavam próximos naquele momento. Tanto que dividiam o mesmo ar quente que preenchia a cidade de Bangkok.

Miríade [PAUSADA] Onde histórias criam vida. Descubra agora