O Efeito Borboleta, resumidamente, se refere à dependência sensível às condições iniciais dentro da Teoria do Caos e tem aplicações em absolutamente todas as áreas da ciência, da arte e até mesmo da religião, encontrando-se em qualquer sistema que seja dinâmico, complexo e adaptativo.* O Efeito Borboleta também pode ser explicado como "o bater de asas de uma simples borboleta pode provocar um tufão do outro lado do mundo", mas Kim Namjoon achava essa explicação bem menos interessante.
Na verdade, parecia que, quanto mais velho ficava, mais vezes Namjoon se sentava na cadeira de balanço na varanda de sua casa, olhando o pouco movimento da rua, pensando como seria sua vida se tivesse feito uma única decisão diferente em determinado momento do passado.
Se fosse Gwendolyn Tennyson, teria voltado no tempo para impedir que Kevin sofresse mutação ao absorver poderes do Omnitrix? Se fosse Barry Allen, teria voltado no tempo para, não apenas salvar sua mãe, mas alterar o seu futuro inúmeras vezes? Se fosse Hermione Granger, faria bom uso de seu Vira-Tempo?
Às vezes Namjoon se pegava pensando em como estaria sua vida agora se tivesse ido contra o preconceito da sociedade, contra o preconceito da sua família, contra seu medo. Talvez estivesse ao lado dele agora, segurando suas mãos trêmulas pela idade e lhe dizendo que, mesmo com os anos, ainda era o ser mais bonito que teve o privilégio de conhecer.
Ou talvez estivesse morto.
Porque um bar onde você pode ser quem realmente é, sem medo de nada nem ninguém, era a maior descoberta que um jovem adulto se entendendo pansexual — um termo que provavelmente sequer existia na época — poderia fazer em 1953, em pleno século XX. Mas, saindo daquelas portas, ainda havia um mundo inteiro a enfrentar.
— Oi, gato, vem sempre aqui?
Namjoon se perguntava se teria sido tudo diferente se tivesse apenas ignorado daquela vez, como fez à todas as outras cinco pessoas que lhe fizeram a mesma cantada básica em menos de meia hora de bar.
— Primeira vez. — Respondeu, girando na banqueta e encarando o rapaz, aparentemente da sua faixa etária, encostado ao seu lado. — E você?
— A partir de agora, apenas nos dias ímpares.
Franziu o cenho, confuso.
— Por que só nos dias ímpares? — E o outro sorriu ladino, pousando o copo de refrigerante que bebericava no balcão.
— Porque assim eu posso fazer par com você.
Mesmo 66 anos depois, Namjoon ainda era visto rindo sozinho ao lembrar dessa cena. Não que outras pessoas além deles dois soubessem que acontecera, mas eram pequenas lembranças como essa que faziam seu coração palpitar.
Não importava quantos anos se passassem, Kim Seokjin sempre faria seu coração palpitar.
Não tinha certeza do que havia no rapaz que o conquistara tanto. Talvez os ombros largos e lábios cheios incrivelmente macios, ou até mesmo as piadas sem graça e a risada que se assemelhava à um limpador de parabrisa. Talvez o jeito que sua pronúncia em inglês completamente confusa o fazia rir, o jeito como lhe elogiava enquanto enchia seu rosto de beijos e fazia carinho em suas mãos com o polegar, e as flores que fingia tirar de trás de sua orelha quando estava distraído.
— Recentemente ouvi algumas crianças dizendo que, se todo mundo pulasse bem alto e ao mesmo tempo, daria pra fazer a Terra tremer. — Comentou Seokjin aleatoriamente enquanto observava o céu estrelado acima deles, Namjoon deitado confortavelmente em seu peito enquanto aproveitava o cafuné que recebia.
— Dar até que dá, mas não acho que seria o suficiente para percebermos. — Murmurou o mais novo, Namjoon, fazendo o de cabelos recém pintados de loiro franzir a testa.
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Estarei te esperando.
Short StoryKim Namjoon costumava se sentar todos os dias na cadeira de balanço na varanda de sua casa e pensar na Teoria do Caos e no Efeito Borboleta, se seria tudo diferente se alterasse uma única decisão feita aos seus vinte anos. Mas agora, sessenta e seis...