Morangos

Não saia do armário, Sana!

—Vou contar até mil. —Nayeon disse, virando para a parede atrás de si enquanto as meninas corriam desordenadas, cada uma para um canto

Passar o fim de semana brincando na casa enorme da unnie era algo que elas realmente amavam fazer. Meio desesperadas, cada uma se coloca em um cantinho diferente, com a mão na boca para tapar as risadinhas que escapavam com a brincadeira.

—Por aqui, Sana. —Tzuyu chama pela colega, fechando a porta do guarda-roupa de Nayeon

Não era um móvel muito grande, mas cabiam as duas meninas ali facilmente, tendo até uma saída de ar na parede.

—Se ficarmos quietinhas, ela nunca vai nos achar. —Tzuyu ri, vendo Sana se contorcer no canto oposto—O que foi?

—Tem alguma coisa me incomodando. —ela balança os ombros—Acho que sentei em cima de umas roupas. Mais aqui é escuro, não enxergo o que é.

A menina quase se levanta e abre a porta do armário, mas elas escutam os passos de Nayeon no corredor.

—Não saia do armário, Sana! —Tzuyu pede, fazendo a unnie ficar paradinha e Nayeon não percebê-las —Temos que ficar aqui dentro.

Meio a contragosto, Sana concorda, fazendo um biquinho. Não queria ficar ali imóvel com um monte de roupas amassadas embaixo de si.

—Mas aqui é chato, Yun! —ela reclama cruzando os braços—Me sinto presa, que nem esses casacos velhos.

—Mas você não está presa. —Tzuyu diz, se aproximando—Está no meu esconderijo secreto.

—Secreto?

Tzuyu assentiu, pegando sua lancheira e tirando um potinho de morangos lá de dentro. Tzuyu estava guardando para uma ocasião especial, já que sua omma havia cortado todos um-a-um bem direitinho. Parece que a hora havia chegado e Sana amava morangos.

As duas logo se puseram a comer, amando o sabor docinho em seus lábios.

—É o último. —Tzuyu pega o restante—Minha omma esqueceu de cortar, então está inteiro.

A jovem já ia colocando o fruto todo na boca, quando sentiu Sana se aproximar.

—A gente não devia dividir? —Sana perguntou, sem dar espaço para que mais nova respondesse… ou tirasse o morango dos lábios, já mordendo o lado oposto da frutinha

Obviamente morangos não são lá muito grandes, e os lábios das duas acabaram se encostando levemente. Sana apenas se encolheu no seu canto, ruborizando. Mas Tzuyu não parecia compartilhar do mesmo pudor.

—Desculpe, Tzuyu… —Sana diz—É que eu não vi você.

—Está tudo bem, acho que eu até gostei um pouquinho.

—Gostou? —Sana pisca, com Tzuyu concordando

—Faz de novo, unnie? —ela pisca inocente—Isso aí de… você sabe.

—Mas acabaram os morangos… 

—Mas a gente não precisa deles. —Tzuyu abre um sorriso maroto—Estamos no esconderijo secreto, lembra?

—Tudo bem. —Sana parecia animada, mas o segundo beijinho só acerta a bochecha de Tzuyu e depois a testa dela—Aish, eu não vejo nada.

—Temos que abrir a porta. —a outra sugere

—E se a Nay passar aqui?

—Então a gente sai do armário. —Tzuyu resolve o problema—Mas caso você queira ficar aqui…

—Não! —Sana responde de imediato

Tudo o que ela queria era sair lá de dentro. Afinal, dar beijinhos em Tzuyu era bem melhor quando tinham mais espaço e luz pra isso.

Livres do esconderijo secreto e correndo pelo jardim, as duas seguravam as mãos e riam no belo final de tarde. Já no gramado verdinho, as meninas deram mais uns selinhos inocentes. Eram doces como morango, e suas bochechas estavam da cor dele também.