Bem-vind@ à sala do pânico (2/?)

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Me sento na cama, sentido a luz e calor que entrava pela janela queimar meus olhos, involuntariamente os esfrego com as costas das mãos, pelo um tempo para meus olhos focarem e se acostumarem a claridade repentina. Após melhorar a visão, me levanto e visto as pantufas, olho pra cama vazia da Lucy, Claro que está vazia,  penso, Ela está lá..., ando me arrastando até o banheiro, um calendário preso na porta indicava que hoje era o dia, o dia da feira de ciências
Chegou... Poderia ter demorado mais, entro no banheiro e fico de frente pro espelho meio embaçado e manchado com a tinta de cabelo da Lucy nas pontas, encaro minha imagem sonolenta.... Preciso dar um jeito nesse cabelo, pego uma escova e começo a pentear os fios embaraçados, um processo lento e dolorido. Saio do banheiro e abro a porta do guarda-roupa pertencente a mim, pegando algo para vestir, escolho um vestido qualquer e sem importância, aquilo não era uma ocasião especial

Completo com um par de tênis preto, novamente me sento na cama, esgotada, parece que não dormi nada ontem a noite, tive um sonho bizarro, mas não me lembro como foi, mas me deixou de certa forma, assustada. Forço minha mente a se lembrar, fecho meus olhos, esperando alguma imagem que me vem a mente. Nada. Em um flash, vejo um par de olhos azuis e gelados, me julgando, abro os olhos num pulo, minha respiração saia descompassada, sendo às vezes interrompidas por tosses, levo as mãos ao pescoço, sinto que esqueci como respirar, em um impulso, me jogo pra frente, caindo de joelhos. As paredes e teto começam a tremer, algo vermelho, semelhante a sangue, escorria delas. Folhas de papel começaram a cair de forma aleatória, tinham desenhos com traços de giz de cera, pareciam ter sido feitas por crianças, mas não era possível de ver, pois ao tocarem o chão, as folhas eram cobertas com o líquido instantaneamente. Junto forças, levantando a cabeça, vejo uma figura negra e alta, não era humana, se aproximando de mim, espremo os olhos, como se aquilo pudesse, de alguma forma, me proteger

- Susie...- ouço uma voz me chamar, mas estava apavorada demais apara olhar - Susie!- repete, sinto algo segurando meus ombros e me chacoalhando, me obrigando a abrir os olhos. Era Marco, me olhando com preocupação, olho para os lados, sem sangue, sem folhas, sem.... Aquilo. Volto a encarar Marco, ele me pergunta se eu estava bem, mas não me dou o luxo de afirmar, digo que não. Me sinto envergonhada  de ser vista naquele estado, não era minha melhor imagem, longe disso, mas Marco não disse nada, só estendeu a mão, eu normalmente não aceitaria, mas não tinha forças, segurei sua mão e ele me levantou com certo esforço.

- O que aconteceu?- ele perguntou, respondo que tive uma sensação ruim e ele aceitou. Caminhamos em silêncio até o local da feira de ciências, o corredor antigo e quase caindo aos pedaços parecia infinito, a iluminação malfeita do local o deixava um pouco escuro, Meu pai devia modernizar esse lugar, percebo que seria ridículo, ele é tão retrógrado.

Chegamos no local da feira de ciências, estava lotado, repleto de pessoas e experimentos, os jurados seriam Macaco Louco, Will Cipher (reverse falls) e, para a surpresa de todos, Black Hat, acompanhado de seu fiel cientista, Dr. Flug, o que me deixou um tanto nervosa, mas não vi nenhum deles lá, eu e Marco somos recebidos pelo nosso professor, Bill Cipher, que nos leva até o nosso experimento, eles deslocaram o cubículo de posição, e instalaram monitores de frente a ele, apontados para Lucy. Eu não tive tempo de ver o seu estado, pois os jurados chegaram. Os três olharam um a um todos os projetos dos alunos, meu pai, não se impressionava com nada, e permanecia com a mesma cara de desinteresse, de vez em quando insultando o dono da arma, aquilo me deixou mais nervosa, a ideia de decepcionar meu pai fez meu estômago remexer, engulo o seco e os vejo se aproximar. De frente para mim e Marco, papai (Flug), acena para mim, me tranquilizando, aceno de volta.

- Susie...- ouço a voz rouca e anasalada do meu pai dizer -... Mostre o que você e seu...- ele olha para Marco com desdém -... Assistente, fizeram- completa, cuspindo as palavras ácidas olhando diretamente para Marco

Começo a apresentar o conceito da sala branca, seus efeitos e sequelas, dizendo como pode afetar um herói, e o melhor de tudo, tinha uma câmera captando tudo, algo que agrada meu pai, pois ele adora ver o sofrimento os heróis, e sempre obriga o papai a enfiar uma câmera em qualquer método de tortura. Enquanto eu e Marco apresentavamos nosso trabalho, meu pai parecia realmente interessado pelo que dizíamos, assentindo e com uma expressão concentrada

Quando termino, me viro e pego um controle, para que todos possamos ver a nossa cobaia, aperto um botão e as telas se ligaram. Sinto como se tivesse sido empalada viva, começo a tremer, estava aterrorizada, Lucy estava agachada em cima dos joelhos, a cabeça baixa e as mãos na boca, dava pra ver seu corpo tremendo, não era possível ver seu rosto, ela não fazia nenhum barulho. De repente, ela encara a câmera, seu olhar era inexpressivo e vazio, ela sorriu, senti meu corpo estremecer com aquele sorriso, olho em volta, Marco também estava assustado, volto para ela, ela começou a chacoalhar a cabeça frenética e violentamente de um lado para o outro, acho que ela vai se machucar, então começou a gritar de forma assustadora, junto de risadas. Ela se levantou e começou a correr em círculos, batendo com a cara na parede, caindo dura no chão, o nariz estava sangrando. Viro o rosto daquela cena, e olho para os jurados, estavam sorrindo, meu pai estava sorrindo, papai estava assustado, mas disfarçou o máximo que podia, mas meu pai sorria de forma sombria, ele gostou do show de horrores na nossa frente, eu normalmente aproveitaria também, mas não deu, o surto que tive mais cedo não me permitia, eu era louca também.

Avanço temporal

Meu pai havia me chamado na "sala do diretor" para conversar, eu já sabia o porquê, ele gostou, tinha certeza disso. Abro a porta e o vejo de pé, apoiado em uma mesa atrás dele, sorrindo, fecho a porta e me abroximo

- Susie... Eu sabia que conseguiria- disse ele, mesmo sendo um elogio, não me sinto bem,  ele diz mais algumas coisas que eu não prestei atenção, mas assentia de vez em quando, depois de completar o discurso, papai me abraça e eu pude sair dali. Eles haviam tirado a Lucy da sala branca, e a levaram para casa, duplicando a quantidade de remédios, me sinto mal por ela, e deveria, a culpa era minha

Entro no meu quarto, vazia, da mesma forma que sai, não estava com sono, não era hora de dormir, mas, amanhã é sábado, e eu tenho compromisso, preciso ver meu tio, pego meu celular e ligo para ele

- Olá!- ouço ele dizer

- Oi, tio White, só liguei para avisar que eu estou indo- digo, sem muita animação

- Isso é ótimo, estarei te esperando- ele responde, novamente desligando sen me das chance de resposta
Deve ser muito ocupado, penso, me sentando na cama

Continua...

thє dαrk futurє - VillainousOnde histórias criam vida. Descubra agora