A noite havia chegado.
A câimbra em meus braços, consequência de tanto golpear a cabeça dele com a picareta, já estava insuportável. Era preciso segurar cada vez mais forte, pois seu sangue fazia o cabo escorregar, e, por mais que ele já estivesse morrido há meia hora e seu crânio não pudesse mais ser diferenciado de uma mera gosma cinzenta e avermelhada, eu não conseguia parar.
O seu cheiro estava num estado putrefato, no entanto para salvar a minha vida, suportei o fedor. Era um odor que eu descreveria como um conjunto de entranhas em seu último estado de decomposição.
Eu praticava aquela ação estando não muito longe de casa, a cada golpe parecia que ele me atacaria novamente, parecia que se tornava mais forte, para logo me fazer partir pelo mesmo destino que outros estatelados sem vida e com o sangue ainda deslizando pelos seus corpos já quase vazias, sem mais a vida circulando no interior das veias, foram.
Ele foi o único sobrevivente na nave que transportava 5 passageiros.
A insanidade havia me atingido, mas aquilo fora culpa deles, por que é que foram até aquele lugar estranho? Os meus pensamentos rodavam na minha mente enquanto eu continuava agredindo aquele homem, que um dia fora meu amigo, meu melhor amigo.
Os destroços da nave deles ainda estavam bem ali eu via, de repente parei de executar a minha ação contra o homem já morto.
Por que não me escutaram, quando eu disse para eles não irem até a ÁREA 06271997? A nave enorme caiu e atingiu muita gente no pequeno distrito de James North em Moamba.
Deixei o instrumento cair e fui embora.
Quando cheguei em casa, minha esposa e minha filha de 4 anos estavam dormindo. A minha roupa estava cheia de gotas de sangue, provenientes do corpo do Lucas. Entrei no banheiro e tranquei a porta. Então comecei a lavar as minhas mãos na pia, o líquido vermelho do meu amigo agora havia mudado ligeiramente para uma cor verde, mas quando prestei atenção este estava com uma cor normal.
Muitos diziam que aquela área era bem sinistra, mas Lucas, agora morto por mim teimou e voltou, praticamente zumbi. Não entendi o que houve lá, só tenho certeza que fora uma situação de causar arrepios.
Não consegui me segurar. As lágrimas começaram a abandonar as minhas órbitas, todavia aquilo fora legítima defesa, sim fora isso apenas. Parecera como se algo do além tivesse assumido o meu corpo inteiro, assim como as minhas ações.
Tive certeza durante aquele ato que alguém me vira, mas talvez tivesse pensando algo diferente do que realmente acontecera. Limpei as minhas mãos com uma toalha branca. Vi o meu reflexo no espelho, o meu olhar parecia uma mistura de pânico e insanidade. Fitei o meu rosto por um tempo que pareceu eterno. Uma frase vindo de Lucas, veio na minha mente:
"Eu vou voltar".
Tirei a minha camisa branca. Veio um pensamento de um criminoso na minha mente. Tirar as peças de roupa que eu tinha no corpo colocar num plástico e resolver pôr o sumiço das mesmas num riscar de um palito de fósforo, seria uma boa ideia.
Fui muito rápido da mesma maneira que fora quando enterrara o corpo do meu melhor amigo, Lucas, por mim brutalmente morto. Eu soube que ninguém acreditaria em mim, como seria possível uma pessoa se....
- Koupy!!
Os meus pensamentos foram travados quando escutei a voz da minha mulher, Carlota me chamando.
Prestei atenção e a voz dela não voltou a soar, fora minha impressão.
Voltei ao banheiro já sabendo que o trabalho havia sido perfeitamente feito com uma perspectiva de um criminoso. Eu não queria ter feito aquilo, é que ele veio me atacar, eu apenas me defendi. Depois disso eu tive a certeza que ninguém acreditaria nas minhas declarações acerca do ocorrido, mesmo muitos conhecendo este país que nele ocorrem muitas situações sem explicação, situações sombrias de causar arrepios.
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Área 06271997
Mystery / Thriller[CONCLUÍDO, ONE-SHOT] Há um mistério numa área chamada "ÁREA 06271997" onde pessoas acreditam ser perigosa, pois se você vai, não volta o mesmo. Todavia o que é mais intrigante é que ninguém consegue explicar concretamente o que acontece lá. 🏆 Menç...