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"Se ambos não fossem tão inexperientes em amar, notariam o fato de que 'eu te amo' era e sempre seria um conjunto de palavras subestimado e o mesmo significado era alcançado de formas mais belas e profundas".
- Um Acordo de Cavalheiros, Lucy Vargas.

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Observei a neve caindo durante horas enquanto permanecia sentada na beirada da sacada que servia como entrada para o ringue na Casa dos Ventos. Fazia muito tempo que Cass tinha levado Nestha dali, rumo às Curandeiras, mas eu não conseguia me forçar a sair daquele lugar. A imagem perturbadora daquelas cicatrizes nas costas da menina insistia em permanecer gravada em minhas retinas como se tivesse sido marcada a ferro em mim. Minha falta de simpatia em relação a ela se digladiava com meu senso de proteção para com aqueles que precisavam de mim, e aquela era uma guerra que não parecia ter fim. Por quê? Isso não saía da minha cabeça. Por que Nestha Archeron tinha sido exposta a uma brutalidade como aquela quando era, ao que tudo indicava, apenas uma criança? Muitas coisas me causavam ira desmedida, mas o maltrato de filhotes... Isso me deixava possessa. E ao mesmo tempo aquela era, afinal, Nestha. Eu não gostava daquela criatura e esse com certeza era um sentimento recíproco, então por que eu deveria perder meu tempo me preocupando com o que tinha acontecido a ela ou com as cicatrizes internas que aquilo provavelmente tinha deixado? Não era da minha conta. Não era. E ainda assim... A dor de alguém tão próximo, por mais que eu tentasse evitar, tendia a me atingir. E isso era uma coisa completamente indesejável àquela altura da minha vida, quando eu já tinha que lidar com minhas próprias e infindáveis dores.

Maldita hora em que decidi mostrar à Nestha quem estava no comando da situação.

Por volta do início da noite um puxão em meu peito sinalizou a aproximação de Azriel, que sobrevoou a casa por alguns segundos e depois pousou suavemente ao meu lado no parapeito. Seu rosto estava surpreendentemente sereno, e suas roupas, que em geral consistiam na armadura ou em variações dela, hoje se resumiam a calças escuras, botas e uma camiseta clara que caía muito bem em seus ombros largos. E o fato de eu ter reparado nisso me causou uma enorme irritação, afinal eu não deveria me deixar levar pela óbvia beleza daquele macho.

Sentando-se sem pedir permissão, ele esticou as longas pernas à frente e suspirou, como se estivesse demasiadamente cansado.

- Cassian sugeriu que eu a procurasse aqui em cima - falou em voz baixa - Você tende a ser difícil de localizar.

Dei de ombros e permaneci em silêncio, apenas o analisando com a visão periférica. Droga, ele realmente estava particularmente bonito naquele dia.

- Por que quebrou as costelas de Nestha? - Azriel murmurou.

Merda. O que eu deveria responder? Sabe, ela descobriu que você e eu somos parceiros e eu tive que quebrar alguns de seus ossos para que ela ficasse de boca fechada. É, parecia bem promissor.

Corte de Amor e SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora