Capítulo 3 - A Ascensão de Uma Heroína

867 201 480
                                    


Empurrada por uma massa de Hyacinthums, Luna se perdeu de sua mãe e seus irmãos, temendo por sua vida e a de sua família. Uma confusão ocorria próximo a liteira do rei. Ela correu em direção a uma árvore, escalando-a. Do alto seria melhor para ver algo no meio daquele frenesi.

Avistando três figuras encapuzadas atacarem os guerreiros reais, enquanto outro criminoso arrastava o Rei Solis em direção a uma carruagem maltrapilha, Luna moveu-se, veloz e mortal, utilizando os ensinamento de seu mestre.

O punho de Luna atingiu o pescoço de um sequestrador, deixando-o no chão em questão de segundos. Dando um salto, sua perna acertou a face de outro, fazendo-o cuspir sangue e saliva. Uma arma foi apontada para ela, mas por sorte um guerreiro de Soberania surgiu para ajudá-la.

Outros disparos ecoaram no meio da multidão, enquanto Hyacinthums corriam para salvarem-se daquele ataque criminoso. Luna viu uma senhora ser atingida no peito e cair sem vida no meio da avenida. As pessoas pisotearam o corpo, enquanto moviam-se em desespero. Manchas azuis pincelavam as calçadas, provenientes de mais vítimas.

Próximo a um chafariz, Luna encontrou o outro sequestrador que mantinha o rei sob a mira da arma. O criminoso forçava sua passagem em meio aos cidadãos amedrontados. O tumulto foi tão grande, que a arma caiu no chão acertando um disparo contra outro inocente, dessa vez uma criança Hyacinthum teve a vida roubada.

Aproveitando a deixa, Luna moveu-se na direção do terrorista, combatendo-o com socos e chutes. O rei caiu, sendo erguido por Hyacinthums que o avistaram.

O combatente de Luna desferiu um golpe violento no rosto da garota, fazendo um filete azulado de sangue escorrer da bochecha dela. Logo em seguida, o encapuzado chispou dali. A garota percebeu uma oportunidade de contra-atacar ao apanhar as rédeas de uma carruagem, usando-as como um chicote. O adversário dela foi ao chão, caindo violentamente. No fim, Hyacinthums seguraram o criminoso, impedindo-o de escapar.

O Rei Solis olhou para Luna como se agradecesse com o pensamento. Naquele momento, quando a adrenalina baixou, Luna percebeu que salvara a vida do rei.

Mais guerreiros Albas surgiram para conter o pânico. Os criminosos foram presos, algemados em uma cela-carruagem que os levou direto para O Elevador. Um guerreiro gritou que o rei estava ferido. Imediatamente, o escoltaram de volta a sua liteira, que rumou para a cidade Soberania.

No momento que a confusão se aquietou, Luna se espantou com uma salva de palmas explodindo na multidão. A garota demorou a perceber que o agradecimento do povo era para ela.

A aclamação fez com que a família de Luna a avistasse. Eles correram na direção dela, abraçando-a.

— Filha seu rosto... — começou Angela.

— Eu vou ficar bem, mãe.

— Você acabou com os bandidos! — gritou Puer, dando pulinhos de alegria.

— Você é uma heroína — sussurrou Fratris, enquanto olhava o povo Hyacinthum admirar a irmã mais velha.

*****

Dois dias depois, Fratris interrompeu o desjejum jogando uma pilha de jornais sobre a mesa. Cada manchete continha uma foto com o rosto de Luna em diversos ângulos. Chamavam-na de futura guerreira de Soberania. Por toda a cidade, os Hyacinthums sussurravam aqui e ali, sobre a coragem de Luna. Os mais velho cochichavam a respeito do mestre Dominus e teciam elogios ao homem que treinou a Salvadora do Rei.

— Você é famosa, irmã! Falam de você em toda parte — disse Puer orgulhoso.

— Eu não sei o que dizer. Eu apenas agi — disse ela, ignorando os jornais. — Hyacinthums inocentes morreram no ataque, por que não vejo nenhuma manchete sobre eles?

— Você salvou o rei. Seu feitio merece as primeiras páginas! — exclamou Fratris.

— Você teve medo? — perguntou Puer para sua irmã.

Ela sorriu para seu irmãozinho, apertando as bochechas dele e respondeu fazendo que não com a cabeça. Mas, no fundo, bem lá no fundo, Luna sentia um medo crescer. Ela não se arrependia de sua atitude, mas temia as consequências que poderiam surgir. Ela temia uma possível retaliação pelo seu ato heróico. E se os criminosos tiverem aliados? E se vierem atrás de mim?

— Seu mestre não estava enganado, quando disse que você seria uma grande Hyacinthum. Você foi corajosa, as pessoas admiram isso — falou a mãe, servindo chá nas xícaras dos filhos. — Em momentos como este, as pessoas precisavam de alguém valente.

Luna deu de ombros. Em seguida, ela fitou uma foto dos criminosos no banco dos réus, no Tribunal de Soberania. A página do jornal continha o seguinte título: Sequestradores do Rei Solis recebem pena de morte.

Uma batida na porta interrompeu os pensamento de Luna. Puer correu para atender. Do lado de fora, um entregador da raça dos Albas, com uma postura cordial, desculpou-se pelo incômodo.

— Feliz Alvorada a todos. Tenho uma entrega para a Salvadora do Rei.

Luna olhou espantada para a sua mãe, que acenou com a cabeça para ela seguir em frente. Caminhando até a porta, ela recebeu das mãos do Alba um envelope do próprio rei.

— Fico honrado em conhecê-la. Eu agradeço, em nome do meu povo, pela sua bravura — disse o alba, antes de ir embora.

— Abre logo! — insistiu Puer, dando pulinhos de animação.

A garota rasgou o lacre do envelope, revelando o conteúdo: O Passe.

Somente um.



Fruto PodreOnde histórias criam vida. Descubra agora