5 - Fabiana

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Sinceramente eu não estava mais entendendo nada. Daniel era um tanto ausente e pareceu contrariado quando o irmão disse que pretendia sair do apartamento dele. Certamente ele sentiu o nosso desconforto, pois durante o almoço ele não disse mais nada. Era um assunto de família, mas depois daquela conversa havia ficado mais do que claro a minha intenção de pertencer à mesma. Depois que comi a minha porção de pavê, fui para a sala e vi Daniel fumando no quintal e resolvi conversar um pouco, afinal eu queria que ele e o meu namorado ficassem bem um com o outro.

– Foi impressão minha ou você ficou chateado por seu irmão mais novo sair da sua casa? – Perguntei me aproximando dele.

– Acho que perceber que o meu irmãozinho já é um homem mexeu um pouco comigo.

– Ele se inspira muito em você, sabia?

– Eu não tenho tantas qualidades assim para tal.

– O Danilo te ama. – falei observando sua reação.

– Eu também o amo. Acho que nem sei mais como me reaproximar dele.

– Não tem segredo, apenas se aproxime, ele ficará muito feliz. Acho até que vocês deviam fazer coisas de rapazes hoje, só vocês dois.

– E você?

– Eu estou com ele quase todos os dias, já você não, eu também não quero ser a namorada grudenta que não dá espaço. Quero que ele aproveite o tempo livre com você, que possa ter conversas que não pode ter comigo. Sei como momentos assim são necessários.

Daniel me encarou por muito tempo enquanto soltava a fumaça.

– O que foi? – Perguntei já me sentindo sem graça.

– O meu irmão tem muita sorte de ter você.

– Sou muito mais sortuda por tê-lo comigo. Quando em minha vida eu imaginaria que o homem da minha vida seria um menino de vinte anos? Acho que quando estivermos velhinhos eu vou rir muito disso. O Danilo é tudo o que eu imaginei um dia encontrar em alguém.

– Para ele te amar tanto assim, certamente você também é um ser humano notável.

– Danilo precisa de você, por favor, não deixe que a distância afaste vocês dois.

– Pode deixar, cunhada. – Ele disse e sorriu.

– Muito bem, cunhado.

Danilo veio ao nosso encontro.

– Você ainda não largou essa porcaria? – Ele ralhou com o irmão.

– Eu estou quase lá, fumo um por dia, esse será o único, te prometo.

– Espero mesmo que seja.

Daniel apagou o cigarro com a ponta do sapato e recolheu a bituca.

– Que tal fazermos algo essa noite, só nós dois? – Ele perguntou para Danilo.

– Só nós dois? – Meu namorado perguntou todo animado e me olhou.

– Isso, acho que a Fabi não vai achar ruim, afinal ela está com você quase todos os dias.

– Tudo bem para você, amor? – Ele me perguntou como uma criança que pede para passear sozinho com os amigos.

– Claro que está tudo bem, vocês têm que aproveitar esses dias juntos.

– Sim. – Ele se virou para Daniel. – Você vem para o almoço na casa dos pais da Fabi, não vem?

Daniel me olhou esperando minha autorização para aceitar o convite e eu discretamente assenti.

– Claro, vocês farão o grande anúncio para os pais dela, eu também sou da família.

Danilo riu satisfeito e me abraçou.

O IrmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora