Getaway Ship

1.1K 116 356
                                    

"Corra, Taylor. Corra!"

Acordo completamente suada após mais um pesadelo. É o quarto desde que embarquei e eles parecem que não irão parar tão cedo.

O balançar do navio me deixa enjoada. Quanto mais penso no que sonhei, mais nervosa fico, então resolvo ver algumas das minhas cartas.

Cartas escritas por mim e para mim, apenas.

Vou lendo seus nomes e lembranças boas percorrem a minha mente... Encantador, O Melhor Dia, Eu Só Sou Eu Quando Estou Com Vocês. Então meus olhos repousam sobre a última que escrevi. Assombrada.

Penso em pegá-la e lê-la, entretanto sou impedida por mim mesma. Ainda não estou pronta para reviver os eventos das últimas duas semanas.

Penso então no meu futuro com o visconde Thomas Hiddleston. Eu nem o conheço e já estou fadada a passar o resto de meus dias com ele.

Não pode, necessariamente, ser ruim, pode? Ainda que não, eu já sei que também não será bom. Como uma voz alta e clara na minha cabeça diz o tempo todo, desde que aceitei o casamento: Nada de bom começa à partir de uma fuga.

O sono me ataca novamente. Não tenho conseguido dormir há dias e, se caio no sono, começam os sonhos ruins. Olho ao redor do quarto mal iluminado e todos estão dormindo: uma senhora e uma mulher com seus três filhos. Checo também o canto dos ratinhos, aos quais os mais novos resolveram, carinhosamente, dar os nomes de Justin, Kanye e Scooter. Não sei diferenciá-los, afinal, são só ratos.

Olho novamente para as minhas cartas e decido, então, ler É Bom Ter Uma Amiga, uma das primeiras que escrevi, logo após conhecer aquela que seria a mais leal de todas: Selena. Apesar da pouca iluminação da cabine e dos roncos das crianças, dou início à minha leitura.

Nada pode ser tão sincero quanto a amizade de duas crianças e, apesar de ser uma carta escrita há quinze anos, mantivemos a promessa de fidelidade. Pelo menos ela manteve.

Selena não me deu detalhes sobre o que havia sido acertado entre ela e a família Hiddleston. Ela apenas me disse que ele já negara diversas pretendentes anteriormente, o que me faz rir ao lembrar de meu pai e Austin rejeitando os meus. Mas o que teria mudado dessa vez? O que minha amiga poderia ter dito que o convencera de aceitar o casamento? Ela me prometeu não dizer nada sobre o que havia acontecido, porém, apesar de confiar nela, fico aflita pensando se devo acreditar em suas palavras. Ela me ajudou tanto, não me apunhalaria pelas costas, certo?

Decido andar pela embarcação para me distrair. Em breve, estarei chegando em Londres e a curiosidade percorre minha mente. Como será o visconde? E sua família? Ouvi falar que ele tem uma irmã mais nova, qual será a idade dela? Só espero que ele não beba vinho... E cá estou eu, pensando no passado novamente.

Conforme caminho pelos corredores estreitos, analiso as paredes roídas e velhas. De fato estou fugindo... através do pior navio de fuga possível, mas creio que seja importante para que dê certo. Não posso correr o risco de ser reconhecida. Ao me aproximar do refeitório, um tremor toma conta do meu corpo e preciso parar de andar. É aquele maldito aroma.

"Vinho."

O sorriso maléfico e o olhar voraz me derrubam no chão e me arrastam de volta àquela maldita casa. Começo a me sufocar e parece que vou morrer mais uma vez. O ar escapa rapidamente dos meu pulmões e me sinto cada vez mais fraca.

"Moça? A senhorita está bem? Moça?" Uma menininha me traz de volta a realidade. O que aconteceu comigo? Tento regularizar minha respiração ofegante, sem sucesso. Noto que a garotinha ainda me olha e reparo em sua aparência pela primeira vez. Ela tem olhinhos azuis, cabelos louros bem encaracolados e uma pele quase pálida - se parece muito comigo quando eu era pequena... Talvez até demais. Ela me dá um sorriso desdentado e corre até sua mãe, uma mulher loira e um pouco rechonchuda que não me é estranha . Isso não pode ser possível...

Miss Americana and the Heartbreak PrinceOnde histórias criam vida. Descubra agora