Prólogo.

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Procurei em minha mente algum desvio, alguma rota, talvez um atalho, no entanto nada me veio. Eu sabia que esse momento chegaria, ele já estava escrito em linhas cursivas de sangue muito antes de eu nascer, mas nada, nem os avisos, ou as ameaças, me preparam para dizer adeus a todos que eu amava e perder de vista meu único ponto de luz: minha mãe.

À noite em que eles apareceram se parecia muito com essa, todas as casas da rua já haviam apagado suas luzes, não havia sinal de pessoas nas ruas, o gato da senhora Ernandes não mais dormia no beiral de sua casa, provavelmente já estava no aconchego de seu pequeno lar, as coisas fluíam de forma comum e normal para mais um aniversario não desejado, se não fosse claro, pela pequena é invisível invasão ao meu pequeno refúgio.

Eles entraram como se donos da casa fossem, se sentaram em nosso sofá, alguns se serviram de um pouco de vinho deixado em uma garrafa qualquer sob a mesa de mármore, o chefe da segurança apenas nos encarava com seus pequenos olhos de assassino, qualquer movimento poderia facilmente ser mal interpretado e um banho de sangue ser armado em meio à sala manchando o tapete novo de mamãe, sei que no final de tudo, quando as coisas se resolvessem, ela odiaria olhar para o tapete caro que Dona Olga havia lhe dado e perceber uma gigantesca mancha de sangue no mesmo, porém, em meio aos meus devaneios de uma saída segura, sem espancamentos, possíveis estupros e até mesmo quem sabe, uma visita mais cedo ao cara do céu, eu não havia sido capaz de identificar a faca que mamãe carregava em sua mão, faca essa que foi a válvula de escape que a mesma precisava para me dar um breve adeus, porém não antes de sussurrar algumas palavras em meu ouvido "Eles não farão nada com você até me acharem", e após essa breve notícia, um tanto quanto assustadora, a mesma saltou da janela caindo na densa escuridão da meia noite.

Os acontecimentos seguintes fizeram com que todos os filmes de ação que eu já havia assistido ficassem nochinelo, não esperava nem de longe que, um dia, eu seria jogada no fundo de umavan preta e levada sabe se lá para onde. Em meio ao montante de seguranças mantive-me agarrada ao último pensamento de encontrar minha mãe e manter-me omais distante dele, no entanto antes de fechar meus pequenos olhos aindaconseguia ver meu cérebro trabalhando em pleno desespero sem conseguir identificar qual missão seria a mais difícil.

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