Eu costuma observar os humanos com estranho fascínio.
A forma como destruíam uns aos outros. Trapaceavam sem sentir culpa. Mentiam sustentando um sorriso. E, no entanto, quando amavam, o faziam de forma pura e incondicional. Não havia limite para o amor humano.
Eu ainda era um querubim, quando vi Napoleão, o homem mais temido da Europa, dobrar-se diante de sua amada, Josefina. Tinha acabado de me tornar um anjo da guarda quando a segunda guerra mundial eclodiu e um jovem rapaz se recusou a segurar em armas e, ainda assim, salvou setenta e cinco homens, sem se importar se estavam ao seu lado. Lembro dos casais apaixonados e pais e filhos sendo separados em vagões que os encaminhariam para a morte, na Alemanha Nazista. Os gritos desesperados, eu nunca esqueci.
Vi quando um homem pediu um autógrafo a John Lennon e em seguida disparou contra seu peito. Todos na rua gritavam por ajuda e eu segurei a mão de sua esposa. Ela chorava compulsivamente. Seu coração tinha se partido quando seu amado se foi. Estive nos EUA em onze de setembro. Foi uma grande tragédia, aquele dia. Gabriel tinha convocado todos os anjos para ajudar os feridos. E enquanto meus irmãos se preocupavam com as vítimas, eu envolvi aqueles que tinham perdido os que amavam em minhas asas.
O amor estava em toda parte. Mesmo nas situações mais odiosas, ele se espalhava como flores no asfalto. Era o que parecia mover a humanidade. E eu sentia, de alguma forma, que os invejava.
Nunca poderia experimentar daquele sentimento tao poderoso. Eu era um anjo. Anjos não sentem. Anjos protegem e observam os humanos.
Estava sentado em uma ponte em Veneza, observando um casal apaixonado prender um cadeado e prometer um ao outro que se amariam para sempre, quando Ezequiel pousou ao meu lado e me avisou que meu novo protegido tinha nascido. Fazia dois meses que eu estava sobrevoando a terra. Gabriel tinha decidido me dar descanso depois do meu último protegido ter morrido. Cem anos ao lado do mesmo humano merece alguma folga ele dissera tentando parecer bem-humorado. E embora eu estivesse gostando de voar pelo mundo humano, fiquei feliz com a noticia.
Movido por aquela alegria, voei ao lado de Ezequiel para uma comunidade no sul da Coréia. Era um lugar tao pequeno que algumas casas eram construídas coladas umas nas outras para aproveitar espaço. E naquela noite, as estrelas brilhavam como se estivessem felizes por conhecê-lo.
Quando entrei no quarto do hospital, sua mãe ainda estava ofegante, mas guardava o mais poderoso sorriso para o pequeno garotinho em seus braços. O pai tentava guardar as lagrimas de felicidade e falhava miseravelmente. Nascimento de crianças sempre me enchiam de alguma estranha satisfação. Precisei dar alguns passos para ver o rosto dele e quando o vi, senti algo ricochetear dentro de mim e rapidamente me convenci de que era a emoção de conhecer meu novo protegido.
Ele era... Perfeito. Era pequeno como um ursinho de pelúcia e seus olhos pequenininhos e semi-cerrados de cor castanha davam para ver a galáxia toda. Enquanto eu o fitava com cuidado, seus pequenos lábios se abriram em um quase sorriso. Sorri, negando com a cabeça. Você é muito pequeno para tentar sorrir, eu disse a ele, tocando seu rosto com meus dedos.
Mais uma vez, me senti tomado pelo mesmo sentimento estranho e dessa vez, eu não achei nenhuma desculpa para explicá-lo. Mas sabia que era bom. Porque eu sentia meu corpo aquecido. Em silêncio, eu jurei protegê-lo de toda a crueldade que o mundo quisesse oferecer. Você sera feliz, eu disse ao pequeno kookie enquanto meus dedos brincavam com suas bochechas sem que seus pais e seu irmão mais velho me vissem. Meus anos com você serão longos e eu tenho certeza que vou gostar de observa-lo em todos os seus passos. O que você vai ser, pequeno kookie? Um professor? Um cantor? Tenho certeza que terá um bom coração. Posso ver em seus olhinhos.-- Gabriel disse que você iria gostar dele. - Ezequiel interrompeu meus pensamentos, de repente - Vi no arquivo que ele é teimoso, mas muito gentil assim como você.
Meus olhos ainda estavam presos no pequeno garotinho que movia seus braços, como se estivesse tentando alcançar algo.
--Viu que ele vai viver pelo menos 100 anos? - perguntei ao meu irmão que tinha acesso ao arquivo de cada ser humano que habita a terra - porque eu sei que vou protegê-lo de tudo.
Foi quando levantei meu rosto e fitei Ezequiel que percebi sua hesitação ao me ouvir. Anjos não tinham o dom de mentir e meu irmão certamente não fugia àquela regra. Deixei o pequeno Jeon Jungkook com seus pais e as enfermeiras que entraram no quarto para levá-lo e me concentrei em Ezequiel.
-- O que você sabe? Vamos, me diga - exigi saber.
Ele passou os dedos nas pontas de suas asas e me olhou desconcertado.
Eu conhecia aquele olhar. Mais uma vez, fui visitado pelo estranho sentimento, mas daquela vez, ele nao tinha o mesmo tom agradável. Eu sentia como se tivessem arrancado minhas asas.-- Ele só vai viver até os dezessete anos Jimin. - me confessou.
Minha boca se abriu em descrença. Não! Ele vai viver até os cem anos, queria gritar para ele. Eu não deixaria nenhuma maldade se abater sobre ele. Eu tinha prometido que o protegeria e cumpriria.
-- Como sabe? - cruzei meus braços abaixo do peitoral, teimoso - eu posso impedir se cuidar bem dele. Cuidei bem do meu último protegido e ele viveu cem anos. Eu posso fazer isso.
Meu irmão encarou o chão e então negou com a cabeça.
-- Não se for uma escolha dele - ele murmurou - aos dezessete anos, ele vai escolher partir e você conhece as regras, não podemos mudar decisões humanas.
-- Por que não? - gritei, inconformado - não devemos protegê-los?Antes que Ezequiel pudesse me responder, o quarto se iluminou e eu ouvi as asas de Gabriel baterem quando seu corpo pousou no recinto. Instantaneamente, Ezequiel e eu fizemos reverência. Gabriel era o príncipe dos anjos da guarda. Era aos seus comandos que eu devia obedecer mesmo que discordasse.
-- Senti sua raiva dos céus, Jimin - ele disse, imponente - o que está acontecendo? Não gostou de seu novo protegido? Posso encaminhá-lo para Lavander, se quiser. Não faço isso normalmente, você sabe. Mas seu último protegido foi muito bem cuidado. Devo a você algum agradecimento.
Respirei profundamente antes de respondê-lo
-- Não se trata disso - neguei e suspirei - estou feliz por tê-lo escolhido para mim. Ele é...Perfeito. Só não aceito que ele vá morrer aos dezessete anos. É muito cedo para um humano morrer. Por que ele não pode viver sua vida como os outros?
Gabriel deu alguns passos na minha direção e pousou sua mao em meu ombro como se quisesse me consolar.
-- Nós os protegemos de forças malígnas, não podemos protegé-los de suas próprias escolhas. Aos dezessete anos, ele vai decidir assim. E não há nada que você possa fazer. Mas não se preocupe. Não julgarei seu trabalho pela escolha dele. Sei que é um dos melhores anjos da guarda e que tenho e encontrarei um bom protegido para você quando ele se for.
Bufei enfurecido
-- Então o que estamos fazendo aqui ? - vomitei as palavras em cima dele - se não podemos protegê-los de si mesmos o que fazemos? Não somos anjos da guarda? Quando eu ainda era um querubim, eu ouvia você dizer que nosso dever era proteger todos eles.
O príncipe dos anjos ponderou por um instante.
Vi como Ezequiel ficou nervoso. Ninguém falava com Gabriel naquele tom. E mesmo que eu soubesse dos castigos que poderia receber por tamanha insolência, estava furioso demais para me importar.-- Está bem - ele disse por fim - eu ainda devo meu agradecimento a você, Jimin. Se acha que pode protegê-lo de seu final trágico, eu darei uma chance. - franzi o cenho, confuso com o que ele falava - você vai descer a terra. Vai nascer de dois humanos, como uma humana. Na mesma cidade que ele. Não vai se lembrar que é um anjo, muito menos que é o anjo da gurada dele e vai ser provada de todos os seus poderes. Você vai ter dezessete anos para conseguir salvá-lo. Quando o prazo estipulado terminar, você voltará aos céus. Se conseguir cumprir seu objetivo, eu repensarei sobre em como cuidamos das escolhas humanas.
Naquele momento, eu não pensei em nenhuma consequência ou dificuldadem Estava motivado pelo estranho sentimento que eu carregava quando meus olhos se cruzaram com os do pequeno kook. E foi sentindo aquilo que eu aceitei a proposta do príncipe dos anjos.
Eu tinha prometido a Jeon Jungkook que cuidaria dele e cumpriria.___________________//___________________
oiiee então essa é a primeira fic que escrevo, nao tenho noção nenhuma de como se faz isso maas eu tento né.
espero que gostem 💗
não vao ter dias pra att, vai ser quando eu conseguir
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wings- jikook| jjk+pkjm
FanfictionUm anjo da guarda é escolhido para cada pessoa que caminha na terra. Cada ser humano, independente de sua crença, condição, forma ou tamanho, tem um anjo protetor. E Jeon Jungkook tinha a mim.