sorria.

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em um dia nublado com pequenas gotas de chuva caindo do céu, podemos ouvir o som de um garoto chorando. ele está sentado no chão, apoiado a um banquinho. suas lágrimas caem em seu uniforme escolar. não muito distante dele, há jovens rindo. o garoto sabe que estão caçoando dele.

-ei, por que a cara triste?

pergunta um rapaz de cabelos ondulados escuros, todo penteado para trás. ele também está com o uniforme escolar branco com detalhes vermelhos. usa um relógio colorido e um sapato esquisito.

o rapaz olha para o grupinho de jovens rindo.

-eles fizeram alguma coisa com você?

o garoto, ainda chorando, aponta para o seu sapato cor-de-rosa.

-que besteira! é um belo sapato.

o rapaz sorri, mas logo se torna uma expressão angustiada.

-qual seu nome? pergunta o rapaz.

-é jules. sussurra o garoto, lacrimejando.

-ok, eu sou o florian. fica aí sentado. eu vou dar um jeito nisso.

logo após dizer isso, florian assobia para o grupinho de meninos que estava rindo.

-garotos! podem parar de fazer comentários sobre o sapato do colega? ele está muito magoado.

-ah, ele tá magoadinho? e o namoradinho palhaço dele veio dar uma de machão para defender ele? respondeu um dos garotos.

-eu mal o conheço, só vi ele chorando e me sensibilizei.
florian tentou justificar.

-você poderia fazer um dos seus truques de mágica ou uma palhaçada para alegrar ele então, não acha, florian?
disse outro garoto, levando seu grupinho aos risos.

florian fica sem reação por um tempo, então ri junto para esconder o desconforto. depois, ele diz:

-eu me orgulho muito do meu trabalho no hospital com aquelas crianças, colega.

-pois eu acho que você faz muito mal as crianças! imagina ter tipo... sei lá! câncer. e ai uma das últimas coisas que você visse na vida fosse essa cara feia do florian toda pintada?

florian sorri sem jeito.

-você é bom com piadas, rapaz.

ele diz, tentando driblar a humilhação.

-pois você não.

o garoto responde, fazendo seu grupinho rir mais uma vez. ele faz um sinal e os garotos vão embora.

florian encara o grupinho indo embora com desconforto no olhar. ele se vira para trás e olha para jules, que está se levantando e limpando suas lágrimas.

ele então chega perto de jules e coloca a mão em cima do ombro do garoto.

-ei, não precisa se importar com isso. agora desfaça essa expressão amargurada do seu rosto e sorria um pouco. não tem nada de errado com o sapato, quer ver o meu?

florian então bate o sapato no chão e este começa a piscar uma luz azul, como aqueles tênis infantis.

jules se irrita e empurra o braço de florian abruptamente.

-sai fora! você tem o que? 10 anos de idade? obrigado pela sua "ajuda", amigo.

reclama jules, fazendo aspas imaginárias com os dedos.

-ei, calma...

responde florian, tentando entender o que está acontecendo.

-calma nada! agora eles vão ficar no meu pé. não podia apenas ter ficado na sua? seu... esquisito!

fluorescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora