Preto e branco

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// Alguns anos antes, na faculdade //
// Narração //

Izuku tamborilou os dedos, ansioso, em seu caderno de capa preta.

Passaram-se instantes enquanto o resto da turma terminava de entrar ou continuava conversando nervosamente. Naquela manhã eles teriam, como sempre, a primeira aula com Daniels. Ela era uma mulher excepcional, não fosse seu gosto por faze-los aprender o mais difícil primeiro. Era de se esperar que já estivessem completamente acostumados, mas, na realidade, nem tanto. Mesmo depois de três anos no curso de Enfermagem, Izuku ainda tinha dores de cabeça agudas por conta dos trabalhos de Daniels.

Pelo histórico impecável de nenhum atraso da professora, Izuku deduziu que ela chegaria em dois minutos. O resto da turma se sentou e ocupou seus devidos lugares, preparando-se para o que deveria ser a aula mais difícil do semestre.

Daniels entrou na sala com um sorriso animado, sua bolsa e livros noa braços, o cabelo cacheado e castanho nos ombros. Ela parou, respirou fundo e olhou cada um dos rostos cheios de terror que a turma tinha:

- Bom dia, pessoal!

A sala estava tensa; Daniels revirou os olhos.

- Já que vocês estão tão preocupados, vou adianta-los sobre o trabalho da próxima semana. - ela disse e os suspiros foram audíveis. - Resolvi simplificar o trabalho para ajuda-los um pouco. Vocês devem trazer uma pesquisa sobre uma condição especial ou doença rara. Mas, prestem atenção aos detalhes: a pesquisa preisa conter no mínimo cinco páginas, não podem ser usadas palavras de outros pesquisadores, apenas referências ou citações. Imagens são um bonus, não é obrigatório. Lembrando também que essa pesquisa compõe 70 % da nota do semestre de vocês, então...

A sala estava inteiramente mergulhada em pânico. Izuku se virou para encarar um de seus colegas de sala e melhor amigo, Dalton, e ele tinha os olhos castanhos arregalados.

Daniels deu um sorriso que Izuku denominava como sorriso de "eu vou fazer você querer morrer e desistir desse diploma".

- As cinco melhores pesquisas serão exibidas na nossa feira anual de ciência e saúde pública que, claro, conta muito no currículo de vocês. Então, acho bom vocês se reforçarem!

// Izuku //


- Essa mulher é louca! - Dalton resmungou no final da aula, depois de tirarmos todas as dúvidas possíveis sobre o trabalho. - Já viu uma maluquice dessas?! Um trabalho sobre uma doença rara somente com referências. O que ela quer da gente?!

- Talvez fique mais fácil fazer o trabalho visitando pessoas que tenham doenças raras - respondi distraído. - Você sabe, tem hospitais e instituições sobre isso...

- Tá, mas, não é um pouco grosseiro? Chegar lá e falar "Ei será que você pode me deixar acompanhar você durante uns dias pra escrever minha pesquisa da faculdade que vai servir apenas para que eu consiga esse diploma filho da puta e que não vai te ajudar em absolutamente nada?!". Cara, fala sério, se alguém me pedisse isso eu certamente jogaria uma pedra na cara desse merda.

Eu gargalhei e balancei a cabeça.

- Não seja escroto! As pessoas das pesquisas que ganharem espaço na feira anual vão ter visibilidade e talvez consigam ajuda com isso. Além do mais, isso certamente vai ampliar seus conhecimentos e...

- Izu, cala a boca - Dalton murmurou e me empurrou de leve. - E ai, você vem almoçar agora?

- Não, não - respondi devagar e apontei para o prédio do auditório. - Vou assistir uma apresentação da turma da Noth agora. Depois devo ir pra casa...

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