Capítulo I

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Sexta-feira, Março de 2015.

Saio da faculdade e vou direto ao bar que havia em frente, sento em uma mesa e jogo meus cadernos ao meu lado, foi uma semana exaustiva.

- Olá, gostaria de algo para beber?- a garçonete mascando chiclete me pergunta, com um bloquinho na mão e uma cara de impaciente.

- Uma cerveja, por favor.- tento dar um sorriso.

Ela sai me deixando mais relaxada, a luz do bar era bem fraquinha fazendo com que eu force um pouco vista para enxergar o ambiente a minha volta.

Um lugar calmo, alguns estudantes e um grupinho de amigos, solto um suspiro e pressiono minhas mãos sobre minhas têmporas.

- Sua bebida.- tiro a mão do rosto e a garçonete deixa a garrafa em minha frente, despejo o líquido gelado no copo e tomo um longo gole, não sou do tipo alcoólatra mas um pouco de álcool me faz bem no fim de semana.

Pego meu celular e mando uma mensagem de boa noite pro meu pai, desenrolo meu fone e coloco minha playlist no aleatório, continua a dar pequenos goles na cerveja.

Olho pela a janela e vejo o pessoal sair da faculdade, alguns estavam com amigos e outros com seus namorados a maioria com o sorriso no rosto e feliz pelo feriado que teria na próxima semana, não era algo que me alegrava, faculdade era uma das minhas únicas distrações nesta cidade.

Não me alegra ficar sozinha uma semana toda, talvez devesse ir até meu pai.

A idéia de vê-lo me anima, meus pais se separaram quando eu tinha 7 anos e minha mãe se casou com um agricultor e fui morar com meu pai, desde então nossa convivência tem sido pouca mas a amo do mesmo jeito.

Pelo canto do olho vejo um homem alto se aproximar, me viro e ele me olha, ele vestia uma camisa preta e jeans sua pele era morena e tinha lindos olhos escuros, que me encantou.

- Pois não?- pergunto depois de um tempo encarando ele.

- Posso me sentar?- sua voz rouca me fez arrepiar, combinava com ele. Aceno com a cabeça e ele puxa a cadeira a minha frente.

A garçonete lhe traz um copo de uísque.

Ele dá um gole e me observa.

- Semana longa?- solto um longo suspiro e concordo.

- Muito. Então, o que lhe trouxe aqui?

- Quando cheguei aqui vi você observando tudo e confesso que fiquei curioso, o que estaria fazendo em um lugar desses sozinha. E quando dei por mim já estava aqui.- dou um gole na minha bebida e penso em suas palavras, o que eu estava fazendo aqui sozinha?

- Eu sou nova aqui e não conheço muitas pessoas.- era mentira, já morava aqui fazia mais de um ano, só queria um tempo sozinha.

Ele abre um sorriso, mostrando todos seus dentes, somente com um sorriso ele poderia iluminar o lugar todo. Eu estava hipnotizada.

- Mentir é feio.- é minha vez de sorrir.

- O que te faz pensar que estou mentindo?- dou um sorriso de lado.

Ele aponta para meus livros.

- Você está no segundo ano, e que eu sabia a faculdade de arquitetura não teve turma nova esse ano, me mostrando que você está aqui desde o ano passado.

- Bem observado, vejo que não sou a única que gosta de observar.

- Detalhes.- ele sorri.- Posso saber seu nome?

-Verónica e o seu?

-Samuel.

-Belo nome.

-Digo o mesmo.

- E o que te trás aqui?- pergunto terminando minha cerveja.

-Dia longo no serviço.- ele comenta.

-Mora por perto?- minha curiosidade aflora.

-Sim, divido um apartamento aqui por perto com meu amigo, e você?

-Moro aqui perto, no Campus.

-O que te levou a escolher arquitetura?-dou de ombros.

-A arquitetura em geral é muito atraente, e meu pai é arquiteto fez eu ter um amor grande pela coisa e você? O que faz?

-Curso advocacia, faço estagio com meu tio.

-E gosta?- pergunto casualmente.

-Sim, desde pequeno fui apaixonado pela coisa, vivia no escritório com meu tio.- os olhos do moreno brilhavam.

Sorrimos, os segundos viraram minutos, os minutos viraram horas e no final de nossa quarta cerveja o bar estava quase fechando.

Dividimos a conta e saímos na calçada.

Ele tira um maço de cigarro do bolso e me surpreendo uma pessoa com o sorriso tão bonito fumar.

-Esta de carro?- ele pergunta após acender o cigarro.

-Não, moro perto e prefiro não poluir o mundo.

-Bem nobre da sua parte. Esta tarde acho melhor eu te acompanhar.

-Não acho necessário.- ele da uma tragada e solta a fumaça pelos seus lindos lábios

-Eu acho.- ele começa a caminhar.- Vamos?

Eu concordo me dando por vencida.

A caminhada durou pouco menos de uns 15 minutos em completo silencio, ao chegar em frente ao prédio eu me sentia bem, me sentia flutuando, não tinha notado que a companhia dele tinha me relaxado mais que qualquer bebida.

-Boa noite.- me viro e ele estava casualmente com aquele sorriso maravilhoso, que sem perceber já tinha se tornado o meu preferido em todo mundo.

-Boa noite, nos vemos em breve.- sorrio e entro no grande prédio a frente.

Quando me deitei aquela noite não sabia como uma pessoa pudesse fazer toda a diferença.



Nunca Disse AdeusOnde histórias criam vida. Descubra agora