capítulo único.

978 148 203
                                    

— Você pode comparecer aqui daqui a duas semanas e meia, no mesmo horário, para retirar o gesso. — ela disse, com um sorriso de canto no rosto.

Mas, aquele sorriso não confortava Naruto de maneira alguma.

— Sim, sim. — ele disse, sendo simpático, mesmo com vontade de gritar de raiva.

Ele pegou as muletas que foram emprestadas pelo próprio hospital, as colocando uma de cada lado de seu corpo, descendo da maca em que estava sentado. o gesso recém-colocado estava pesado.

O loiro sentia-se frustado, envergonhado e com raiva. Com a perna quebrada, todos os seus planos para aquele mês tinham sido destruídos. Tudo isso por causa do piso molhado de sua casa, que tinha acabado de ser limpo por sua mãe. Naruto, distraído, foi até a cozinha para preparar seu sagrado ramen instantâneo, e acabou caindo no chão. Fazia uma careta em seu rosto só de se lembrar da imensa dor que sentiu ao sentir seu osso da perna direita se quebrando.

Ele murmurou um "obrigado" para a médica, que acenou com a cabeça antes dele cruzar a porta da pequena sala. Assim que o fez, seu celular, que estava no bolso traseiro de sua bermuda, fez o barulho clássico de quando uma mensagem chegava.

Desculpe, filho, seu pai e eu não poderemos lhe buscar no hospital. Estamos fazendo um turno extra, que acabou sendo uma surpresa. Quando chegar em casa, me ligue para eu saber se chegou bem!

Naruto sorriu. Mesmo sabendo que teria que voltar para casa sozinho no meio da noite, ficou orgulhoso por seus pais, que se esforçavam tanto. Ele colocou o celular no bolso e se encaminhou até a saída do hospital. A noite estava fria, e a rua estava quase vazia. A lua brilhava no céu, com poucas estrelas à sua volta. Naruto quase caiu no chão quando, em vez de prestar atenção a sua frente, ele apenas se perdia mais na beleza da lua. Sempre amou o céu, tanto no dia quanto na noite, mas o céu escuro despertava um sentimento maior no loiro.

Voltou sua atenção para sua frente, e assim continuou andando. O hospital que havia ido não ficava tão longe de sua casa, tanto que quando ligou para a emergência logo após sua queda, demorou apenas 6 minutos para chegar. 6 minutos de uma dor excruciante em Naruto. Mas não foi nada que ele não pudesse aguentar. Virou a esquerda, e assim percebeu que a rua estava completamente deserta. Nem era tão tarde assim, mas as ruas de Konoha se esvaziavam rapidamente nos dias de semana. As poucas luzes presentes eram apenas de postes, tão altos que a iluminação chegava a ser baixa.

Mesmo com a lua e as estrelas lhe acalmando, Naruto ainda estava bravo. Ele quebrou a perna no pior momento possível! Tinha grandes planos para aquele mês. Precisava de sua perna direita em perfeitas condições para a peça de teatro que teria em sua escola. Estava quase acabando seu terceiro ano do Ensino Médio, e estava com as notas um tanto quanto baixas. Sua participação na peça era sua última chance para recuperar suas notas e passar de ano tranquilamente.

Sua mente estava rapidamente trabalhando em outra maneira de recuperar suas notas, e nada vinha em sua mente. Naruto, que sempre fora chamado de "imprevisível" por seus amigos, não tinha ideia do que faria para conseguir passar de ano. E tudo isso porque foi estúpido o suficiente para ir até a cozinha correndo, mesmo tendo escutado sua mãe o avisar sobre o piso molhado, sem pensar no que poderia dar de errado! O loiro soltou uma lufada de ar, franzindo as sobrancelhas e caminhando, sempre usando as muletas para conseguir fazer tal coisa.

Estava prestes a atravessar a rua, despreocupado, quando sentiu uma forte pancada em suas costas, assim indo de encontro ao chão, o que fez sua perna direita ter uma pontada de dor. De repente, viu que quem o bateu foi uma pessoa, e essa pessoa estava pegando suas muletas.

— O que está fazendo?! — ele gritou, mas o homem não lhe deu nenhuma atenção, começando a correr com os aparelhos acima da cabeça. — EI, VOLTE AQUI! — Naruto o perdeu de vista assim que o mesmo virou para a direita, sumindo na escuridão da noite. — PORRA! O AZAR ESTÁ ME CONSUMINDO CADA VEZ MAIS! — o loiro berrava muitos palavrões, e estava pronto para ligar novamente para a emergência e pedir por socorro.

little helpOnde histórias criam vida. Descubra agora