Minha respiração estava lenta e meu coração batendo irregularmente. Logo o jantar seria servido e depois uma seção do que ele gosta de chamar de revelações doloridas.
A porta foi aberta, Léo entrou com seus ombros caídos e expressões de medo. Suas mãos trêmulas deixaram o prato no chão e então seus olhos encontraram com os meus.
— Dia difícil? — ele concordou.
— Ele está matando cada vez mais reféns e sua vez está próxima — murmurou rapidamente e depois disse alguns xingamentos altos o suficiente para enganar os outros guardas. — Aquilo que você comentou sobre os dutos de ar está correto e eu acho que vai ser a sua única chance.
— Quando então?
— A próxima vez que tiver que ir a enfermaria — estremeci enquanto comia. — Irrite-o mais que o normal hoje e talvez amanhã seja sua chance.
— A ideia de apanhar não me soa atrativa.
Léo deu de ombros virando-se para a saída "certifique-se de se machucar" a porta foi fechada. A visita dele não fora a melhor, porém as esperanças voltaram a crescer.
[...]
"Talvez amanhã seja sua chance" era a frase eu ficava em minha mente enquanto irritava o Barão, o qual eu descobri se chamar Jonathan naquele mesmo dia. O lado bom era que ele perdia a paciência rapidamente e o lado ruim era que ele perdia a paciência rapidamente.
Enquanto recebia socos, me questionava se realmente valia a pena. Eu mal sabia dos negócios de Daniel, nunca tive tempo para realmente pensar sobre o assunto. Não iria imaginar sua próxima jogada genial para ampliar a segurança ou ganhar dinheiro ou, até mesmo, acabar com os negócios do Jonathan. Nem mesmo sabia direito do paradeiro e negócios da minha própria família.
— Não me surpreende o Natucci ter te escolhido como mulher. É tão irritante quanto ele — Jonathan reclamou enquanto limpava as mãos do meu sangue.
— Foi um ótimo papo, muito estimulante — tentei sorrir, porém os músculos do meu rosto doíam, impedindo o ato. — Agradeço por tornar esta noite interessante.
Recebi um olhar raivoso antes dos capachos dele entrarem no quarto. Léo estava entre eles. "Melhor leva-la para a enfermaria" ele sugeriu e outro guarda concordou comentando "É sádico ele tortura-la toda noite e depois ela passar o dia inteiro recebendo cuidados para ficar melhor" os outros dois concordaram. Após a conversa tudo se tornou um borrão, meus sentidos estavam feridos e eu não possuía motivo para usa-los.
[...]
As luzes claras me diziam que estava na enfermaria, sentia as mãos de Léo limpando meus ferimentos com calma. Outro guarda falava com ele sobre algo se aproximando e que ele teria de ficar sozinho. Nesse momento meu coração se acelerou.
Era o momento perfeito.
— Tome um pouco de chá — praticamente ele jogou o líquido pela minha garganta. — Logo se sentirá melhor.
— É a minha chance? — minha visão havia voltado segundos depois que o chá entrou em meu corpo. O vi concordando com a cabeça.
Cambaleei por corredores bem iluminados, diferentes dos quais estava acostumada a ver e andar. Depois de minutos um alarme soou estridente, Léo puxou minha mão e começamos a correr. Sabíamos que o tempo estava se esgotando, logo os corredores estariam abarrotados de guardas.
"Suba nos meus ombros" assim fiz e tirei o painel de aço que tampava as passagens de ar, havia o mapa dos dutos e Léo havia traçado qual caminho eu deveria seguir. "Boa sorte, garota. Sentirei sua falta" dei um sorriso enquanto ele recolocava a proteção de aço.
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ilu
FantasiSegundo volume do livro Fera. "Eu sabia que podia me salvar sozinha e continuar minha vida sem a ajuda de ninguém, ele também tinha conhecimento disso. Porém, mesmo sabendo de tudo isso, ele continou a me procurar, continou a me amar mesmo que isso...