Emma's point of view
Essa é uma daquelas noites que somente espero. Com uma taça de vinho, uma lingerie que ela irá aprovar, olhos marcados por maquilagem escura, e nada nos lábios se não o avermelhado que o vinho deixou. Como ela gosta. Afinal, é tudo por ela.
Preciso tanto vê-la só mais uma vez.
O silêncio é algo que sempre me acompanhou, me fez sentir em paz em tantas vezes que nem posso contar. Mas hoje, somente por essa noite, ele é algo que me deixa apavorada. Essa sensação de solidão não é agradável, não é bem vinda, me deixa angustiada e com um gosto amargo na boca. Não quero estar sozinha essa noite. Para ser sincera, não desejo estar sozinha em noite alguma desde que a vi pela primeira vez. Desde o primero sorriso, desde a primeira risada espontânea, desde o primeiro beijo, e desde a primeira vez que fui dela. Gosto de pensar que ela foi minha também, que ela se entregou de corpo e alma para mim, assim como fiz quando me dei a ela.
Tão ingênua.
Nunca esperei muito da minha vida. Eu costumava ter ambições, no entanto, eram ambições comuns. Emprego, casa, alguém para dividir a vida, um cachorro pequeno, e quem sabe, filhos. Havia um roteiro criado por mim, uma forma de me sentir feliz. Mas a vida não é fácil e ela com certeza te derrubará na primeira oportunidade. Não é algo que eu lamente. A vida me derrubou e não tentei nadar contra, apenas deixei que ela me levasse ao meu destino. E assim estou aqui, sentada em um tapete felpudo com uma garrafa de vinho chegando ao fim, frente a uma lareira tentando impedir que o frio me consuma, mas falhando miseravelmente, pois estou vestindo apenas tecidos minúsculos rendados, em um sábado a noite esperando a mulher que tem meu coração e alma.
As horas se passam tão lentamente e nesse silêncio posso ouvir cada segundo passando como se fossem gotas caindo em um copo já completamente cheio, pronto para transbordar, assim como minhas lágrimas. Minha respiração acelera tão rapidamente que sinto que meus pulmões não aguentarão o ar dentro deles. Eu sei que ela não virá. Depois de quatro horas sentada aqui já posso ter essa certeza.
A primeira garrafa de vinho acabou há muito tempo, e logo mais três seguiram o mesmo destino. O fogo que me deixava parcialmente aquecida também já não existe, há apenas brasas perdidas em meio as cinzas. Então, apenas permaneço sentada no mesmo tapete, sentindo o frio me consumir por fora e também por dentro, meu corpo estremece a cada segundo me lembrando que estou sozinha nessa sala escura. Meus olhos não conseguem focar em nada, mas não tenho certeza do motivo, talvez pelo álcool no meu organismo ou pelas lágrimas silenciosas que secam e logo são renovadas no instante seguinte. Meu coração dói tanto que se fosse possível, acreditaria que ele está miseravelmente em pedaços dentro do meu peito. Minhas mãos estão tremendo tanto, mas eu tenho certeza que não é por causa do frio da madrugada.
Eu só queria vê-la mais uma vez.
Eu sei o que está acontecendo. Acho que sempre soube. Ela causou um verdadeiro redemoinho de emoções quando entrou na minha vida há exatos quatro anos. Não é irônico? Estou esperando-a há quatro horas no dia em que fazem quatro anos que nos conhecemos. Talvez ela não lembre, o que é compreensível. Por que ela se lembraria de alguma data relacionada a sua acompanhante? Afinal, é quem sou. A insignificante prostituta de luxo. Eu deveria saber que vadias não encontram o amor, ninguém é capaz de ama-las. Amam seus corpos, amam o poder que exercem sobre elas, mas não são capazes de amar suas almas. Minha realidade agora está sendo jogada em meu rosto, sempre esteve sob meu nariz, mas eu não quis admitir.
A puta sem coração se apaixonou tão perdidamente que sua alma dói.
Sinto minha cabeça pesar no momento em que tento levantar-me para ir em busca algum cobertor para aquecer-me desse frio que faz com que meus ossos queimem. Então, permaneço ali mesmo, deixo que minha cabeça encontre o tapete e fecho os olhos tentando encontrar em minha mente o momento que fiz algo para aborrecê-la tanto que ela tenha deixado de vir ao nosso encontro. Repasso várias vezes nossos últimos momentos juntas e não vejo onde posso ter cometido algum erro.
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Pretty When You Cry - swanqueen
Fanfiction" Ela fez com que eu me sentisse viva novamente. Me fez sentir absolutamente tudo. Da luxúria ao amor. Da felicidade à mais profunda tristeza que poderia habitar dentro de mim. Ela me fez viver, quando eu achava que já não havia mais pelo que lutar...