Borders of Love

Capítulo Onze: Preparativos

Os dias que se sucederam aos anúncios feitos pelo Rei foram repletos de correria. Diferente de Danbi - a noiva feliz - que tinha todo o tempo do mundo disponível para planejar os preparativos de seu casamento, eu havia apenas dito as costureiras que queria algo simples e de fácil locomoção, nada que se agarrasse muito a pele ou marcasse meu corpo, afinal, eu tinha armas para esconder.

De acordo com Nam-Joo o Rei havia dito que deveríamos procurar os mais famosos decoradores de Seul para ajeitar todos os preparativos necessários para a festa, apesar dos pesares, éramos pessoas conhecidas por toda a Coreia, mesmo eu, que não era tão visada é importante quando Jungkook, tinha a atenção do público, já que os Park - para a sociedade civil - se tratava de uma importante família.

Porém, minha mente e corpo trabalhavam arduamente em meu treinamento, seria tolice dizer que eu não era capaz de sentir minhas falhas pelos anos longe da sala de treinamento, mas eu havia sido criada para ser uma máquina letal, morrer não era uma opção, matar era tudo que eu sabia e devia fazer, sendo assim, nada mais justo que eu recebesse certos acenos em aprovação do soldado Kim quando acertava os movimentos.

Kim Chul Mi não havia se manisfestante quanto ao casamento, e eu sabia que assim seria, não havia nada a dizer e qualquer frase mal colocada poderia soar como desacato a palavra do Rei, algo que ninguém ali queria para si.

Jin se mantinha distante e calado, cumprimentava- me apenas em frente aos demais, mas dentro do grande castelo não havia segredo que esse casamento seria o mais infeliz de todos os tempos, não havia escapatória, e a história era que uma grande tristeza assolava a vida da renegada Park que, além de ver seu amado com outra, ainda havia sido prometida ao inimigo, seria de fato uma belíssima história de drama, se não fosse a minha vida, o meu destino.

-Você anda um pouco avoada - diz a costureira levantando-se do chão onde havia se sentado para refazer a barra de meu vestido, sorriu de forma suave procurando parecer uma noiva tensa - Acredito que seja normal, será uma grande festa?

- Apenas para os mais íntimos, não gostamos de muita atenção - digo, a costureira franze os lábios e sei que a mesma acredita ser um pouco difícil que meu casamento não venha a chamar certa atenção, mas o que posso fazer? Os civis tem o péssimo hábito de idolatrar as pessoas erradas, e a família Park estava nesse meio.

- Imagino que a festa do Senhor Jeon já trará consigo bastante atenção - diz, sorrateiramente, volto a sorrir e me olho no grande espelho a nossa frente.

A ideia de que meu casamento fosse um dia antes ao de Jungkook havia sido do Rei, em suas palavras a proteção do reino deveria sempre vim em primeiro lugar, além de que, minha preparação para Comandante devia ocorrer antes da coração do príncipe.

Suspiro e encaro meu reflexo. Ela havia feito exatamente o que eu pedi. O vestido branco de seda pura descia por meu corpo com suavidade, não havia nada marcando ou expondo minhas simples curvas, a alça do mesmo era fina e deixava que um decote fundo, mas não ousado me desse um ar mais velho e maduro, eu havia optado por um véu curto que encobrisse meu rosto e nas mãos eu levaria tulipas roxas, como última prova de que uma história diferente poderia estar sendo contada.

- Você parece radiante neste vestido - diz a costureira, olho-a de soslaio e vejo a veracidade de suas palavras exposta em seus olhos brilhantes. Civis, sempre tão emocionados.

- Sim, eu pareço bem - digo desviando os olhos da mulher de branco no espelho - Mas tenho que voltar, ainda há muito a ser feito.

Desço do pequeno banquinho ignorando sua ajuda e me encaminho até o provador para retirar a fina e delicada peça de roupa.

Após trocar o vestido por minhas calças pretas, botas de combate e regata branca me encaminho para fora deixando-o estendido no provador. Olho para o mesmo uma última vez e empurro para longe imagens de um casamento feliz que um dia meu pai havia me prometido.