Seus olhos, cor de violeta, derrubaram mais lágrimas naqueles minutos do que durante toda a sua curta vida.
Sentia-se traído, apunhalado nas costas.
— POR QUÊ? — Gritou, pegando uma cadeira e jogando-a longe, fazendo a mesma ir de encontro à parede, o som alto da madeira quebrando. Em seguida, pegou sua mesa onde sempre escrevia, e a virou até que caísse no chão, com toda a mancha de tinta sujando os seus escritos. — Como... como puderam fazer isso comigo?
— Jimin...
Seu corpo foi dominado por soluços incontroláveis. Havia acabado de se dar conta do que tinha acontecido durante todo aquele tempo, sem que ele tivesse a mínima noção.
Sem que tivesse a chance de mudar o próprio destino.
Tudo aquilo que vivera foi em vão? Então o que na sua vida havia sido real?
— Você precisa manter a calma.
Jimin olhou em seus olhos e se perguntou se ele ao menos era real, porque agora nada na sua vida poderia parecer menos concreto, menos verdadeiro.
Como pôde confiar tanto em alguém? Se sentia tão burro.
Queria sumir e nunca mais ser encontrado. Queria ter força o suficiente para sequer ouvir mais o nome de alguém que já amou tanto.
Foi naquele dia que Jimin se deu conta que até mesmo as pessoas que você ama podem não ser aquilo que você imaginou durante todo esse tempo. As coisas que você crê podem ser distorcidas de todos os ângulos possíveis e imagináveis.
Então, em quem se deve confiar?
Ele iria fugir e ser dono de si pela primeira vez na sua existência, poderia pensar por si mesmo e viver por si mesmo sem ninguém para distorcer nada.
E o alfa estava ali, evitando seus olhos a todo custo, mas Jimin sabia o motivo.
— Olhe em meus olhos. — Pediu. — Olhe para mim.
O alfa fechou seus olhos com força, e tentou ao máximo não ceder.
—Não faça isso comigo, Jimin.
— OLHE PARA MIM! — O ômega exigiu.
E para o alfa, foi impossível manter as pálpebras fechadas. Ele abriu os seus olhos, e olhou para toda aquela imensidão violeta como um mar de ametista, mesclada com uma pitada de dourado nas pupilas incrivelmente chamativas daquele ômega.
— Você vai me deixar sair e não vai me seguir! — Ômega ditou firmemente. — Você vai se esquecer dessa conversa, e vai se esquecer que um dia fui seu!
O alfa rosnou em desespero, segurando os pulsos do ômega com certa força.
— Você não tem esse direito!
— Sim, eu tenho! — O ômega afirmou, olhando fundo em seus olhos. — Agora solte-me!
— Não! — Rosnou, fazendo o ômega estremecer por um tempo, até ter coragem de repetir.
— Solte-me! — Ordenou com a voz ainda mais firme. — Solte me! Por favor!
Depois das últimas palavras o alfa soltou-o, sentindo o coração ser quebrar. E então viu Jimin sumir da sua vida sem nenhuma dificuldade, deixando-o para trás, paralisado no meio daquele quarto, sentindo raiva e tristeza, impotente, apenas observando sua partida.
Não havia nada que pudesse fazer, pelo menos não agora.
Enquanto partia, Jimin pensava que a verdade podia lhe destruir, mas ainda era melhor do que a mentira ou do que a incerteza, e só agora sabia disso.
O ômega queria mais do que tudo descobrir a si mesmo e sobre o que tinha que ser feito, e nada e nem ninguém poderia interferir no que precisava fazer. Mesmo que soubesse do fundo do seu âmago, que aquele que deixou para trás, viria a sua procura aonde quer que ele fosse.
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KALEIDOSCOPE • Jikook [abo]
FanfictionPark Jimin nunca havia visto nada além do que seu pai permitia dentro dos muros altos do castelo. Então, quando a cerimônia do seu casamento é invadida pelo maior inimigo do seu pai e do seu noivo, a última coisa que aquele ômega esperava era se apa...