Capítulo 9 (Tentar de novo)

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"Narra Ana"

Eu tinha decidido, eu precisava do Víctor, o meu sonho tinha sido muito claro, era um sinal, eu tinha certeza que era. Sem nem pensar duas vezes peguei um táxi em direção a casa dele. Talvez eu estivesse me precipitando demais, mas eu não queria perder tempo, cada segundo que passasse seria pior, e se ele estivesse pensando em desistir de mim?

Cheguei e toquei a campainha. Suspirei. Eu tinha que ser forte. Ouvi passos e comecei a me ajeitar e fiquei desesperada, eu tava parecendo uma mendiga. Ainda estava com a roupa do Thiago, que por sinal estava enorme em mim, meu cabelo estava tão bagunçado que eu não conseguia arrumá-lo e provavelmente eu deveria estar com um hálito horrível. Mas antes que eu pudesse pensar em correr a porta se abriu.

- Ana? - o espanhol abriu a porta confuso - o que faz aqui?

- eu..eu vim falar com o Víctor, ele ta em casa? - eu perguntei mexendo no meu bracelete, meu coração batia forte.

- está sim - ele disse sorrindo - está no quarto, pode entrar - ele abriu caminho para que eu pudesse passar.

- obrigada - passei por ele e encarei a porta do quarto do Víctor por alguns segundos.

A dúvida. Tinha tanto medo que desse errado novamente, já tínhamos nos machucado tanto ultimamente, valeria a pena correr o risco? Mas por outro lado eu sentia que meu sonho havia sido um sinal, como se o destino quisesse me dizer alguma coisa. Nós podíamos estar diferentes, mas esse não era o problema. Faltava compreensão dos dois lados da história, eu nunca tentei entender ele, provavelmente ele tivesse certeza de que estava certo, assim como eu, e é impossível dois teimosos se darem bem. Eu tinha que tentar outra vez, ou melhor, eu queria.

- tudo bem? - Manuel me tirou dos meus pensamentos.

- tudo sim.. - eu sorri sem graça - posso usar o banheiro antes?

- claro que sim, sinta-se em casa - ele disse sorrindo e saiu para a cozinha.

Fui rapidamente ao banheiro tentar arrumar o meu estado, e quando me olhei no espelho levei um susto. Eu estava péssima, com olheiras enormes, o rosto pálido, olhos vermelhos, meu cabelo estava pior do que eu imaginava. Lavei o rosto e escovei os dentes, com minha escova claro, ela ainda estava lá no lugar que havia deixado, sorri ao pensar nisso. Já estava um pouco melhor, tentei arrumar meu cabelo, mas nada funcionava, então resolvi prendê-lo em um choque, nada mal, na verdade. Respirei fundo e disse a mim mesma "você é forte, você consegue".


Cheguei a porta do quarto outra vez, dei dois toques e esperei que ele respondesse e quando ele o fez, suspirei e entrei.


Nossos olhos se encontraram, meu coração começou a bater muito rápido, senti uma energia tão forte que minhas pernas ficaram fracas, com dificuldade entrei no quarto, enquanto ele fechava o computador e virava sua cadeira.

- você ainda me ama?

Perguntei diretamente, sem dar nenhuma volta, eu precisava saber a resposta o mais rápido possível, mas eu tinha muito medo de qual fosse ela. Não sei se estava pronta para ser rejeitada.

- você está bem? parece pálida - ele disse se aproximando.

- me responde Víctor - eu disse com lágrimas nos olhos - você me ama?

Ele me observava com uma expressão de preocupado, ele se aproximou mais um pouco, deu um pequeno sorriso enquanto pegava na minha mão, me puxando para que eu sentasse no seu colo. Eu sentei e consegui sentir o seu coração batendo forte, tinha certeza que o meu também batia na mesma velocidade.

- eu te amo Ana, eu te amo muito - ele sussurrou no meu ouvido.

Meu corpo esquentou instantaneamente, eu me senti aliviada, segura, amada. O abracei forte e senti seus dedos acariciando o meu cabelo, fechei os olhos e me deixei levar pelo cheiro do seu perfume.

- me desculpa por ter deixando você ir embora, por não ter lutado por nós dois...

- shiiii - ele me interrompeu me abraçando - não peça desculpas, a culpa é totalmente minha.

- não - eu me ajeitei em seu colo para poder ver seus olhos - a culpa é dos dois, nenhum de nós estava tentando, cada um tem a sua maneira de pensar sobre um assunto, não precisamos ser iguais, precisamos entender o lado do outro.

- você tem razão - ele disse e beijou minha mão - eu prometo cuidar de você, me desculpa por toda a dor que eu te causei.

- eu já te perdoei, esquece isso - eu disse acariciando seu rosto.

Ele sorriu e acariciou minha mão que ainda estava em seu rosto, fechou os olhos e respirou fundo.

- você é perfeita sabia? - eu corei instantaneamente.

- eu estou longe de ser perfeita - eu disse acariciando seu cabelo.

Ouvimos o barulho da porta se abrindo, era o Manuel, que ficou bem sem graça de me ver no colo do Víctor.

-...desculpe, eu não quis atrapalhar - ele disse todo vermelho.

Nós dois começamos a rir, ver ele desajeitado era a cena mais fofa que eu já tinha visto na minha vida.

- imagina Manuel, não está atrapalhando - Víctor respondeu ainda rindo.

- eu só vim pegar uma toalha - ele disse indo atrapalhado em direção ao armário, derrubando um quadro que estava na escrivaninha - desculpe. - ele disse colocando novamente o objeto no lugar, pegou a toalha e saiu do quarto.

Assim que Manuel fechou a porta, Víctor começou a beijar meu pescoço, depositando pequenos beijos, calmos e doces. Fechei os olhos, meu coração aqueceu rapidamente, suspirei e senti que ele estava sorrindo.

- o que foi? - eu perguntei olhando para ele - ta sorrindo desse jeito por que?

- eu amo ver você desse jeito - ele respondeu acariciando minhas costas.

- de que jeito? - eu me fiz de desentendida.

- vai fingir demência agora é? - ele disse sorrindo me fazendo cócegas.

Eu sai rapidamente do seu colo, evitando que a tortura do riso continuasse e que sem querer eu o machucasse.

- eu te amo - ele disse sorrindo me puxando outra vez para o seu colo.

- eu te amo mais - eu respondi igual criança, o abraçando.

Ele sorriu e juntou nossas testas, fechamos os olhos, aproveitando aquele momento, querendo que ele não tivesse fim. Ele acariciou meu nariz com o seu, e ao abrir meus olhos me encontrei com os dele, brilhando. Acariciei sua nuca e ele se inclinou para poder me beijar. Foi um beijo calmo, com muito carinho, e acima de tudo, de saudade, eu me senti a mulher mais sortuda do mundo. O beijo dele era mágico, esquentou o meu corpo em questão de segundos. Eu estava tão feliz, finalmente tudo estava bem outra vez.

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