Capítulo 1- A vida em questão

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Em um mundo tão distante e diferente daquilo que a maioria das pessoas pudessem imaginar, havia uma pequena cidade esplêndida em sua peculiaridade, e pragmática em todo o seu cenário e habitantes que ali viviam.

Naquele momento, existia um certo mistério que girava no povoado em torno de uma menina, considerada estranha em seu modo de ser, tímida, de olhos grandes e castanhos bem vivos. Seus cabelos eram lisos, negros e iam até sua cintura, e ela tinha uma personalidade curiosa aos seus doze anos de idade.

Na escola, seus colegas a rejeitavam. " olha como ela é estranha!" "Ela não fala com ninguém! ", "Seus olhos são estranhos "... todo esse processo de comparação a deixava desnorteada, sem coragem para encarar os colegas. Tudo isso era um terreno fértil para mexer com a autoestima de qualquer menina.

Toda vez que saia da escola era aquele sofrimento. Todos se juntavam para correr atrás dela. Esse era um problema conflitante que tinha que conviver todo o santo dia, não havia como fugir dessa situação tão estigmatizante em sua vida.

Quando chegava em casa, sentia -se mais acuada, sua fala era reprimida, sua mente exaurida de conflitos internos que a deixavam calada, reprimida, com uma ideia que seria melhor guardar para si todo o peso das dificuldades enfrentadas durante o dia na escola.

Essas questões rodavam e giravam em sua mente, trazendo algumas vezes lamentações, mas não menos quando sua mãe a encarava indagando-a constantemente. Era sempre o seu receio, revelar as suas aflições daquilo que tinha que conviver por quase todos os instantes de sua vida.

O seu pai, ah o seu pai, esse fazia um certo esforço para compreendê-la, mas tão longe era para chegar em seu objetivo de deixá-la segura, era um tormento tudo isso para a menina que em seus dias de um pouco mais de felicidade refletia-se na sua imagem no espelho para garantir suas demandas quase que hilárias em seu conceito.

Todos os questionamentos levantados diante de suas mazelas faziam da menina uma persona não grata até mesmo na vizinhança.

As vezes ela parava, observando a sua própria imagem no espelho, queria saber o que havia de errado consigo, mas era quase uma tortura tentar compreender o incompreensível, pois considerava-se uma incógnita em sua capacidade de decifrar os códigos de seus pensamentos.

As amigas de sua mãe tinham uma ideia totalmente disforme dela. Seus primos, esses nem chegavam a encará-la, evitavam de todas as formas possíveis.

Um dia, havia visitas de sua mãe na sala, chegou da escola, entrou e foi direto para o quarto, em um desespero quase que total de encarar quem ali se encontrava. Quando conseguiu chegar no quarto respirou fundo e deitou tranquila na cama.

Esse era o tipo de agonia que trazia um certo desconforto, principalmente para uma relação quase que angustiante em interagir com outras pessoas.

Essa era uma reflexão que fazia todos os Santos dias, quase que uma delimitação de conceitos conflitantes de si mesmo, era tudo e mais um pouco, era lastimável...

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