Amarelo sol

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// Izuku //

Eu suspirei meio preocupado.

- Por favor, tente não bater em mim agora, ok?

Katsuki concordou com a cabeça de novo e murmurou "desculpa" novamente, de forma culpada, enquanto eu aproximava minha mão (que estava levemente dolorida pelo tapa que ele deu ao se assustar com a dor do remédio) de seu rosto novamente para limpar o machucado ali.

Ele havia sido atropelado saindo do hospital. Ele literalmente saiu bem e voltou pior.

- Você não ouviu a buzina dele? - perguntei devagar, limpando os cortes na testa e ombro dele em seguida.

- Ouvi.

- E não saiu da frente por quê...?

Ele suspirou exasperado.

- Eu não quero falar disso - ele resmungou. - Você pode só acabar isso para que eu possa ir pra casa?

- Se você não me disser o que aconteceu, não. Eu não posso largar você para ir pra casa dessa forma, Katsuki! Você foi atropelado em plena luz do dia saindo do hospital, do nada. Não tinha nenhuma distração, você simplesmente caiu na frente do carro!

- Eu não caí na frente do carro e- Ai, porra! Isso dói! - ele reclamou quando pressionei o algodão com um pouco de força em sua pele machucada.

- O que você sentiu, então?

- Nada!

- Se você não me disser eu juro que interno você de novo - eu ameacei e ele uniu as sobrancelhas.

- Você nem mesmo é médico - ele desdenhou e ergueu o queixo na minha direção.

- Eu sou chefe dessa ala de cuidados inteira, Katsuki. Cada um dos enfermeiros e técnicos e médicos aqui trabalha no meu comando - eu disse começando a ficar realmente bravo pela forma como ele falava. - A diretora desse hospital considera minha palavra assim como qualquer médico daqui. Se eu disser que você precisa ser internado, você vai ser internado.

- Você está me ameaçando! Cara, isso literalmente é crime! - ele disse nervoso e eu quase dei risada porque o rosto dele estava ficando cor de rosa. Ground Zero e aquela pose toda de mandão estavam corando porque eu dei sermão?

- Não seja bobo. É pela sua saúde, não porque eu quero você perto de mim - eu retruquei e ele me olhou ofendido. - Vai me contar o que aconteceu?

- Não. Você não tem saco para mandar me internar - ele respondeu e eu ergui as sobrancelhas.

- Eu não tenho o que?!

- Saco. Colhões. Bolas. - ele disse irritado e eu sorri lentamente, puxando o celular do bolso e abrindo o grupo de mensagens dos médicos. Fiz questão de inclinar o celular para a direção dele, assim, ele viu quando comecei a gravar um áudio. - Ei, ei, ei! Para com essa droga!

Aproveitei que ele não conseguia erguer muito o braço e puxei o celular para longe dele.

- Me fala o que aconteceu - pedi sério e ele me encarou com raiva. - Anda. Eu tenho que acabar seu curativo.

- Eu vi aquele bestial - ele disse e eu concordei com a cabeça. - E comecei a suar frio. E eu não conseguia pensar direito...

- Você teve um episódio de estresse pós-traumático - eu disse com doçura para acalma-lo. - Não é nada fora do normal, Katsuki. Geralmente acontece quando você passa por algum dano emocional ou psicológico muito extenso e algo no cotidiano o relembra disso e...

- Não é isso - ele me interrompeu e desviou o olhar. Ele falou tão baixo em seguida que eu precisei me aproximar para ouvir melhor. - Eu vi vermelho.

INSTANT SHOCK | BAKUDEKU Onde histórias criam vida. Descubra agora