O alarde criava proporções gigantescas, e o fato daquela coisa ser gigantesca, afetava todas as pessoas naquele ângulo periférico. Na medida que a notícia falada juntamente com os casos acontecendo, pessoas que presenciavam fugiam com o que tinha para longe da cidade, era necessário sair daquele lugar o quanto antes. Era o que um homem dono de um trailer estava fazendo, assim como seus vizinhos.
Eduard Martozzi. Morava no subúrbio de Montgomery, Tinha uma casa quase toda feita de madeira, exceto pela cozinha que estava montada com tijolos e reboco bem trabalhado. Na rua onde estava, conseguiu notar os primeiros movimentos do ataque extraterrestre. Aquela imensidade de carcaça avançava numa distância de uns dez quarteirões dali.
Todo aquele alvoroço dos vizinhos, acompanhado de os que saiam correndo de suas casas avisando sobre tal noticiário, apenas aumentava o pânico aparentemente "desnecessário". Durou dois minutos paralisados, estático ali em pé encostado no meio-fio, para perceber que de alguma forma, estavam sofrendo algum ataque de proporções gigantescas.
- Cara, você viu aquilo?! Parecia atirar para todos os lados. Que diabos é aquilo? – gritou seu vizinho da frente que ainda estava de roupão de banho. Apontava trêmulo para o grandioso que para eles ali presente, parecia flutuar rapidamente para o norte.
- Eu... eu não sei... – gaguejou Eduard que andava devagar e boquiaberto até seu trailer.
Estava cultivando algumas de suas plantas encostadas do lado da entrada da casa e outras no canteiro próximo à rua.
Aos poucos iam aparecendo a vizinhança quase toda, inclusive o restante da família do homem que conversava com Eduard, os Reners.
O grandioso parecia sair daquela área, ia se distanciando, talvez estivesse procurando as avenidas de saída da cidade. Então ele parou. Pareceu girar como se estivesse achado algo que procurava e agora ia em direção ao objetivo. A sensação que dava era que estivesse focado exatamente para aquele quarteirão onde Eduard morava, e sua largura parecia aumentar gradativamente, eles viriam.
- Vamos entrar, vamos entrar! – apressou em dizer o Sr. Reners, puxando sua família para dentro.
Parecia que todos ao redor faziam os mesmos e em segundos a rua ia se esvaziando, as janelas iam ganhando cortinas e as poucas luzes iam se apagando. Eduard, que ainda estava de pé, imobilizado, vendo tudo se interagir em seu torno, criou uma feição de repudio misturado com medo. Precisava agir.
Se virou para os fundos da casa onde estava montando uma garagem improvisada para seu trailer, e caminhou às pressas até lá. Decidiu entrar lá, fechou todas as cortinas e brechas possíveis e se trancou. Já era possível ouvir os gritos, as vozeirarias acompanhado de estardalhaços se aproximando. Aquela coisa iria de fato fazer sua passagem ali. Suas mãos grudadas no volante, tinha a sensação de ter seu coração na boca na base em que sentia os tremores balançar seu trailer. De repente, sem entender, sentiu sua adrenalina posta à prova em saber por que sentia.
Decidiria sair, mas travou. O medo alucinante assim de repente lhe consumiu.
Eduard se jogou para o fundo do trailer, encolhido, com as mãos sob a cabeça, escuta o barulho dos destroços das casas e gritos começarem a ecoarem com a sensação de estarem ali em seu lado.
Com certeza o trailer seria destruído por aquilo. Como pode algo monstruoso aparecer assim do nada e matá-lo? Pesadelo? Aquilo era real.
Os olhos lacrimejando involuntariamente, Eduard arriscou abri-los e pode enxergar a foto de sua mãe numa vinheta antiga. Então os pensamentos dela invadiram sua mente. Se sua mãe estaria morta ou não, queria poder segurar a mão dela mais uma vez antes de morrer.
A carcaça parecia se distanciar, os gritos iam cessando, alguns agudos ainda insistiam ao fundo, mas a destruição em massa diminuía.
Teimando em cessar a curiosidade em saber se aquilo havia ido embora, se pós de joelhos, afastando a cortina da janela, acima da mesinha. Tudo ao seu redor estava destruído. A casa dos Renners e mais quatro casas ao lado. A árvore da esquina se mantinha suspensa em meio aos fios dos postes, mas o asfalto, este, se não fosse pelos escombros, estaria intacto.
De repente, um susto que lhe fez urrar. Alguém batia no seu trailer. Seria um homem? Eduard mal conseguia visualizar direito.
- Socorro, sei que tem alguém ai!
O fato era que esta pessoa havia atravessado quintais, até se esbarrar naquele trailer. Ela viu os movimentos de dentro do veículo e decidiu pedir ajuda. Jordan assistiu tudo atrás da cerca, o homem entrar no trailer, em seguida, a carcaça perolada passar arrasando tudo.
Pra onde olhava, havia caos.
Demorou alguns segundos, mas Eduard apareceu no vidro e sinalizou. Abriria a porta do passageiro.
Jordan arrodeou pela frente do veículo e abriu a porta.
- Obrigada.
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Entre Nós (Revisando)
Science FictionO que fazer quando aqueles que nos vigiavam cada passo nosso aqui na Terra, o que fazíamos, o que comemos, nossos atos fúteis, o nosso jeito de "desperdiçar" a vida, descerem em nosso solo? Seria o ápice da desordem humana. Nesta obra trago emoções...