Capítulo 5

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O caminhão parou, e, quando as portas se abriram, Lauren ficou cega pela luz forte do sol. Ao recuperar a visão, gritou de pavor ao ver um homem com uma adaga na mão, avançando em sua direção.

— Não se preocupe. Não vou cortar seu pescoço... ainda. -Ele apenas cortou as cordas que prendiam as mãos e os tornozelos de Lauren e a empurrou para fora do caminhão, nos braços de um outro homem.

— Os animais já estão aqui, Ahmed — disse ele. Então, ela viu que se encontravam no deserto, e vários outros homens, com kaftãs e turbantes, esperavam sua chegada junto de alguns camelos.

— Dêem-lhe água e comida. Precisamos partir logo. Lauren tremia de pavor. Para onde iriam levá-la e o que pretendiam fazer com ela?

— Meu, tio... é um homem rico. — Sua garganta estava tão seca que mal conseguia falar. — Ele pagará a quantia que pedirem. Mais do que vão receber do homem...

— Cale a boca!

Ahmed estava em pé diante dela, ameaçador.

— Se dizer mais uma palavra, eu enfiarei uma bola de pano em sua boca! Só fale quando alguém se dirigir a você, maldita mulher! E me obedeça sem dar um pio, entendeu?

Mais uma vez, empurrando-a com violência, Ahmed a fez sentar-se ao chão, junto de uma palmeira, e afastou-se. Um outro homem, menos feroz, aproximou-se e lhe ofereceu um punhado de tâmaras, um pão e um cantil com água.

— Coma. Vai precisar de forças nos próximos dias.

— Para onde estão me levando?

— Para o deserto. Nós a soltaremos... quando recebermos notícias da pessoa que planejou tudo.

E quem seria essa pessoa? Quem a odiaria tanto a ponto de mandar raptá-la?
Apavorada, Lauren começou a comer, mas ainda não tinha terminado quando Ahmed a agarrou, colocando-a em cima da sela de um camelo.

— Não vai amarrar as mãos dela? — perguntou um outro homem, de aparência ainda mais cruel.

— Para quê? Mesmo com as duas mãos livres, essa maldita vai custar a se manter em cima do camelo!

Lauren conseguiu não cair, mas com um esforço quase sobre humano, principalmente quando o homem que comandava os camelos gritou para os animais e eles começaram a trotar.
Agarrada às rédeas, ela procurava se equilibrar no dorso daquele animal estranho, que parecia balançar como barco numa tempestade. Finalmente, os camelos diminuíram a velocidade de seu passo, e Lauren avistou as dunas. Sonhara tanto em conhecer o deserto... mas não dessa forma!

A cada hora dos dias escaldantes e das noites geladas, ela repetia a si mesma que iria sobreviver. Não sabia como, mas resistiria a tudo!

-

Os homens de Karilaa esperavam em El-Gandouz. O líder do pequeno grupo, que se chamava Bouchaib, era de sua total confiança.

— Fizemos como ordenou, princesa — disse Bouchaib. — Trouxemos tudo que pediu e podemos partir a qualquer momento.

Karila cumprimentou os outros homens. Todos eram servidores dedicados havia muito tempo, e alguns, como Bouchaib, serviram seu pai antes de lhe jurarem lealdade. Então, agarrou Cashan pelos ombros e o empurrou na direção deles.

— Esse excremento de camelo servirá como nosso guia. Vigie-o, Bouchaib. Não o deixe escapar.
Cashan se encolheu, apavorado. Bouchaib era um homem enorme, de ombros muito largos, e o rosto, marcado pelo sol e com cicatrizes das lutas em que se envolvera, já havia aterrorizado homens muito mais corajosos do que aquele capanga de Hamid.

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