Mila

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Geralmente a escola é o lugar onde nós aprendemos tudo quanto precisamos, e realmente eu aprendi lições e coisas das quais nunca vou esquecer e que não é qualquer aluna que aprende.
    Era uma tarde de sexta- feira e eu, como sempre, estava entediada ao assistir a aula de geografia que havia se tornado um completo castigo desde que o professor anterior havia sido demitido por envolver-se com algumas alunas, claro que isso nunca foi provado, apenas boatos e sabem como são boatos. Pois bem, a professora atual era incompetente e tornava a aula um porre, pelo menos com aquela beldade que era o professor Victor, que fora despedido injustamente, havia um motivo para prestar atenção na aula. Mas eu não estava nem um pouco disposta a perder minhas adoráveis aulas de geografia e gastá-las com uma velha coronga e pelancuda, eu teria que ir a luta de algum modo.
    Essa sexta-feira era a ideal, pois a professora gostava de levar os alunos para o ginásio e fazer dinâmicas geográficas, mas como eu nunca ia não era hoje que eu iria beneficiá-la com minha adorável presença. Fiquei na sala e enrolei o quanto pude enquanto todos se retiravam para o ginásio e deixavam suas coisas dentro da sala de aula, já que ainda tínhamos aula de inglês. Por sorte, a professora também deixou suas coisas, displicentemente escorreguei meu celular para dentro da bolsa da velhota e saí da sala descaradamente, fiquei por rodopiar a escola até que a aula acabasse e todos voltassem para a sala, só então voltei e fiz o escândalo. " Oh meu deus! Roubaram meu celular!" E como já devem saber, chamaram o diretor e o mesmo deu a ordem que ninguém sairia da sala sem ser revistado. Revistaram a bolsa de todos enquanto eu choramingava fingidamente, apenas para concluir o disfarce.
    E então, do modo como eu esperava, ocorreu. Deram a ideia de ligar para meu celular a fim de ver se o mesmo tocava e denunciava o culpado, dei o número e quando ligaram o aparelho tocou inocentemente de dentro da bolsa da professora, pobre Sra. Folks, aparentemente estava com dificuldades em casa já que o salário de professor não andava dos mais agradáveis. Pois sim, ela foi demitida, e meu querido professor Victor voltou a suas qualificações após um garoto a quem eu havia feito favores afirmou que havia inventado o boato por inveja e porque estava com notas baixas, claro que ele foi suspenso, mas valia a pena depois do preço que me havia cobrado.
 Fui para casa saltitante como uma cordeirinha feliz, segunda-feira eu já teria minhas aulas de geografia como costumavam ser e poderia dormir tranquila. O final de semana passou rápido, e teria sido entediante se o tal garoto mercenário não tivesse ousado ameaçar-me, ora quem ele pensava que era? Se eu dei um jeito nisso? Mas é claro! Eu já tinha um truque na manga para não ficar a mercê de suas chantagens. Tirei uma foto dele em posição precária junto a meu irmão desnudo, era mais do que suficiente para amedrontá-lo. Na segunda-feira, acordei cedo e cheia de disposição, se tudo ia ser como estava antes da chegada da velhota, eu precisava caprichar no visual e na limpeza, claro. Devo ter demorado uma hora no banho entre depilar isso e aquilo, passar creme aqui e ali e perfumes em lugares improváveis.
    Comi algo rapidamente e desci para pegar o ônibus, estava um pouco adiantada, mas era sempre bom sair cedo para não ter perigo de me atrasar, ter que correr e ficar suada... Ao chegar à escola ocupei a primeira cadeira da sala e fiquei esperando as aulas monótonas passarem até que chegasse a última que justamente era aonde viria a volta triunfal de meu professor favorito. E como uma visão divina ele entrou na sala, carregando cerca de dois livros embaixo daqueles braços fortes cobertos por uma camisa branca de botões na frente, de manga longa, que talvez por causa do calor era dobrada até a curva do cotovelo, e estava solta fora da calça, o que o fazia aparentar um tanto desajeitado, seus cabelos negros e desalinhados contribuíam para essa imagem, e seu sorriso de moleque com uma covinha sorrateira em cada uma das bochechas terminava de completar a imagem do paraíso, mas como todo paraíso tem seu inferno, era notável o suspiro coletivo que todas as garotas da sala davam quando ele entrava, algumas chegavam até a roçar-se nele quando iam perguntar algo que não precisava de explicação. Ele parecia não notar, sempre sorrindo educadamente e nunca com malícia, não demonstrava ser atrevido com as tantas garotas que se jogavam descaradamente para cima dele.
E eu? Bem, eu apenas o observava de modo a cobiçá-lo como a uma banheira cheia de chocolate.

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⏰ Última atualização: Sep 15, 2019 ⏰

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