Certa noite, uma pequena Andorinha sobrevoou a cidade. Suas amigastinham voado para o Egito seis semanas antes, mas ela ficara, pois tinha seapaixonado por um lindo Bambu.Ela o conhecera no comecinho da primavera, quando voava atrás de umaMariposa amarela rio abaixo. Ao passar por aquela criatura elegante, sentiu-se tãoatraída, que parou para conversar. Como gostava de ser direta, foi logo dizendo:
— Estou gostando de você.
O Bambu demorou um pouco para se MANIFESTAR, então ela perguntou:
— Posso ter esperanças de ser CORRESPONDIDA?
O Bambu respondeu-lhe fazendo uma REVERÊNCIA. Feliz da vida, aAndorinha voou em torno dele, tocou a água do rio com as asas, criando ondinhasprateadas. O Bambu, por sua vez, ARQUEAVA, tocando-lhe as penas à medidaque o vento o levava para frente, para trás ou para os lados. Era essa a maneira queos dois tinham de namorar, um amor que durou o verão inteiro.As outras andorinhas a incomodavam dizendo:
— É ridícula a relação de vocês!
— Por quê? — perguntou a Andorinha? — Vocês estão com INVEJA!
— E como poderíamos ter inveja?
Ele é pobre — acusou uma delas.
— Além de tudo, ele tem parentes demais! — disse a outra.
Quando o outono chegou, as andorinhas voaram para o Egito, deixando acompanheira apaixonada para trás. Depois que suas amigas se foram, a Andorinhase sentiu muito solitária. Para piorar, ela começou a se cansar do Bambu. Já nãotinha por ele o mesmo amor de antes, do início da primavera.
— Ele quase não conversa... — observava, falando sozinha.Depois refletia mais um pouco em voz alta:
— E é um paquerador NATO! Ele pensa que não o vi fazendo GALANTEIOSpara a BRISA? Ah, eu bem que prestei atenção nisso!E ela estava certa. O Bambu flertava com a Brisa quando ela passava. Faziareverências e balançava todo ao senti-la soprar. Continuando sua reflexão, aAndorinha disse a si mesma:
— É verdade que ele é caseiro, o que é uma qualidade, mas eu gosto tantode viajar... Aquele que se casar comigo deve gostar de viagens também.Finalmente, a Andorinha resolveu questionar o Bambu.
— Você quer me acompanhar até o Egito? — perguntou.
Mas o Bambu era apegado demais ao seu lar, e balançou-se de um ladopara o outro, mostrando uma negativa clara.
— Você só estava de brincadeira comigo! — reclamou a Andorinha.
—Queria apenas passar o tempo.O Bambu ficou paradinho. Não sabia o que dizer.
— Para mim chega! Estou indo para as pirâmides! Adeus! — exclamou aAndorinha, partindo.Ela voou o dia todo e chegou à cidade, ainda bem distante das pirâmidesdo Egito, quando anoiteceu. Olhou tudo em volta e pensou: "Onde vou passara noite? Espero que a cidade tenha acomodações". Quando viu a estátua doPríncipe Feliz em cima da coluna, bateu as asinhas, satisfeita.
— Vou dormir por aqui! — disse alto. — Este é um local muito bom, cheiode ar fresco.Então a Andorinha se acomodou entre os pés do Príncipe Feliz.