Capítulo 6

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Trea Shackleford 

~ Dream on

" Trea encarava o espelho novamente, naquele mesmo banheiro, dessa vez mais fixamente, seus olhos ardiam, pois ela não conseguia piscar, não conseguia se mexer, suas mãos estavam coladas no lavabo. Estava completamente nua. 

O chão estremece, na mesma intensidade que o seu pequeno coração, que em vez de pulsar, queria escapar de seu peito. 

As paredes de pedra não eram resistentes para a força que encobria o cômodo.

A morena continua na mesma posição, enquanto o mundo parece se desfazer ao seu redor, o reflexo dela por sua vez, começa a revelar aos poucos uma face perturbadora, de um ser semelhante a rainha. No entanto, o ar maléfico, revelava que aquela não era Trea.

Os cabelos brancos, a pele de quase de mesma cor. O ser no espelho permanecia com a face um pouco virada para baixo. A criatura se mexe em frente a Trea, começa a movimentar a mandíbula como se quisesse vomitar. O pescoço friccionando-se em ziguezague como um cobra. A força que envolvia a morena a permanecer na frente do espelho, faz com que a mesma se aproxime mais ainda.

A criatura similar a Trea, agora a encara com o cenho levantando, a jovem não acreditava no que via, não era similar a ela, era idêntica. Mas o que mais a chocava, era que sua língua era como a de uma cobra, fina e bifurcada. Trea suplica pela sua liberdade. No entanto quanto mais ela tenta fugir, mais é forçada a ficar. A analogia começa a abrir a boca, revelando os dentes pontiagudos, porém o que mais choca a morena era que, a língua não só se parecia com a de uma cobra, como era uma. A serpente era de cor branca e olhos negros. Ela começa a sair de dentro da criatura espelhar, que se posiciona na linha de Trea, com a mesma ainda segurando o lavabo. A cobra atravessa o espelho, uma espécie de garra, surge em meio ao vazio, abrindo a boca de Trea, para que a cobra passe para sua boca, a cobra entra."

Desperto do pesadelo, mais assustada do que a noite anterior. Meu corpo totalmente suado e cansado e minha respiração totalmente falha. Era incrível como aquilo consumia toda minha energia. Olho para os lados simultaneamente. Não consigo parar de piscar os olhos, estava tão difícil de enxergar. Como se algo estivesse impedindo meu consciente de absorver as imagens. 

Passo as mãos sobre meus cabelos e aperto com força minha raiz para saber que ainda estou viva e sentir algo real.

Seria difícil voltar a encarar o banheiro naquela manhã e me recordar ainda com clareza do que passei. Não sei o que poderia fazer, porém sabia que não tomaria mais banho ali. Vou para outro quarto logo em seguida, e levo comigo as roupas que iria usar.

Noto que há algo diferente em meu corpo, como se eu tivesse feito muito esforço físico, pois meus braços pareciam mais fortes que o normal e até um tanto dolorido. No entanto, ignorei esse fato mesmo sendo difícil de colocar o vestido de manga longa. Eu poderia ter ganhado peso desde a última vez que eu o vesti. Minha mãos começam a ficar trêmulas enquanto eu coloco.

Já bem aprumada, com um belo vestido longo de tom verde escuro e mangas longas, resolvo descer para meu café em busca de paz, comer me faria bem, talvez o mal fosse esse, fome.

A paz que eu procurava logo se manteve distante com a cena que acabo presenciando. Sentado na outra ponta da mesa, o meu caro hóspede, Drake.

— Está tudo bem? — Ele lança um olhar sobre mim.

— Está tudo péssimo.— Pronuncio em tom áspero.

— Por quê você está aqui ainda?— A raiva começa a me sucubir, nem mesmo eu consigo me sentar.- Você não sabe o quanto eu odeio isso.

The Little Dark AgeOnde histórias criam vida. Descubra agora