❝Alérgico ao amor❞ JIKOOK

Você tem medo de sentir, você é alérgico a sonhar.

— Não! NÃO ENCOSTA EM MIM! — Seus gritos eram ensurdecedores, eu não conseguia reagir ao presenciar aquilo, logo Jungkook, que era a pessoa mais calma e paciente que eu conhecia. — NÃO ME TOCA! — Ele gritava com a voz embargada, colocando suas roupas dentro da sua mochila, apressado.

Eu só queria tocá-lo, sabia que, caso o abraçasse, ele me perdoaria, como sempre. Era isso, ele iria me perdoar, ele sempre perdoou.

— J-jungkookie… — O observei se preparar para sair de casa, desesperado. — Não faz isso, por favor, eu só- 

Ele se virou para mim, possesso, seu pescoço e rosto vermelhos, mal conseguindo focar em meu rosto do tanto que precisava fechar os olhos para afastar as lágrimas.

— Só o que? Só se enganou mais uma vez? Só estava testando? Só queria saber se já conseguiu me amar? — Disparou em minha direção, suas palavras tropeçando em seus soluços. — Eu já sei de tudo isso, já sei de tudo! — Levou as mãos trêmulas até os lábios, procurando se acalmar. — Eu já sei, Jimin, já sei que você vai justificar a merda do seu pau dentro daquela vagabunda com a mesma palhaçada de sempre, e, quer saber? Eu já cansei, de verdade, eu cansei de me doar sozinho, de esperar você sentir alguma coisa por mim, qualquer coisinha que seja, além de gratidão ou pena, eu sinto como se estivesse esgotado, me engasgando cada vez mais nas palavras que eu preciso te dizer, mas caralho, eu nunca deixo elas saírem.

Eu não conseguia nem respirar direito, o pânico de ser deixado sozinho tomando conta do meu corpo, o medo de deixar Jungkook ir embora e nunca mais voltar, de não ter ninguém, de ser abandonado. 

Ele não podia ir embora, não podia! Por que ele não ignorava tudo o que aconteceu, como sempre fez? Por que logo hoje ele havia resolvido explodir e ir embora? Por quê?

— Não, Jungkook, as coisas fugiram do meu controle, você sabe como eu tento, sabe que, mesmo não amando você, eu tento sentir algo, tento te retribuir, mas também é difícil resistir a tentação! — Me exaltei, procurando ser compreendido. — Eu não saí de casa e pensei: Nossa, como eu quero trair o Jungkook, ou qualquer coisa do tipo, apenas aconteceu, de repente ela estava lá e me deu o que você estava se negando.

Ele apertou os olhos com força, balançando a cabeça como se estivesse se convencendo de que não estava escutando aquilo, de que nada daquilo era verdade. De que eu não estava dizendo que joguei tudo no lixo por uma noite de prazer. O seu choro tão doloroso preencheu o ambiente silencioso. Até mesmo os vizinhos estavam calados, provavelmente escutando toda a nossa discussão.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos, quase um minuto, e então se forçou a não ficar abalado por aquilo.

— Claro, porque de tudo o que eu te ofereci, te doei, me humilhei para que você recebesse, sem nunca cobrar qualquer coisa em troca, o que importa apenas é o sexo, o prazer de esquentar a sua cama quando você bem entender! — Ele pegava agora suas coisas do trabalho, colocando-as em sua bolsa de couro, errando várias vezes no processo de abrir e fechar os zíperes por estar tremendo tanto. — Tudo o que eu sempre quis que você aceitasse foi o que eu sentia por você. Mas você é incapaz, Jimin, simplesmente não consegue.

— O que você quer dizer com isso? —  Perguntei, tentando alcançar a sua mão quando ele pareceu ter terminado de pegar suas coisas, se forçando a engolir todo o choro para sair de nossa casa. — Jungkook, eu juro, eu vou tent-

— Não vai, Jimin, porque você não consegue, você tem medo de sentir. — Ele explicou, olhando nos meus olhos, me deixando ver o quanto eu tinha o machucado.

Eu fiquei estático, encarando aquela realidade por algum tempo, tentando me convencer de que não era medo, eu apenas não o amava ainda. Eu o amaria se tentasse mais uma vez.