6 - If it were easy you wouldn't flirt anymore

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Any Gabrielly Point of View

Minha almofada abafava uma pequena parcela do barulho que estava no andar de baixo. Eu não queria estar acordada aquela hora da madrugada, mas mamãe estava de mau humor, então fazia um escândalo.

Tomei um banho demorado e perguntei para minha avó se eu poderia dormir na casa da Rachel -ela tinha uma grande amizade com a mãe da garota. Depois de ter um sinal verde, eu segui até o meu quarto e liguei para o meu "ombro" favorito.

-Eu acordei você? -perguntei receosa ao ouvir a voz rouca do garoto.

-Não, eu estava apenas descansando os olhos. -Josh respondeu, soltando uma risadinha nasalada.

Me senti culpada por estar acordando ele às duas da madrugada, mas eu precisava dele.

-Eu preciso de você, agora... -falei, com a cabeça enterrada no travesseiro.

-Seja clara, Any. -Josh pediu, com a voz mais limpa.

-Não é um bom dia para eu ficar em casa, posso ir até a sua? -perguntei, mordendo os lábios.

-Quer que eu te busque? -ele perguntou, sem hesitar.

-Não, eu peço um Uber. -sorri.

-Eu fico esperando você na sala. -ele falou.

-Chego em vinte minutos... -falei, então desliguei.

Coloquei uma muda de roupas na mochila da escola e minha escova de dentes, então chamei um carro. Enquanto ele não chegava eu desci as escadas e me deparei com minha avó deitada no sofá.

-Eu te amo. -falei, sorrindo. -Volto depois da aula de amanhã.

Ela assentiu, então minha mãe apareceu na porta da cozinha, com certo ar de prepotência.

-Espero que você não decepcione a família voltando pra casa grávida. -ela falou, tragando um cigarro.

-Tenho certeza que eu seria uma mãe melhor que você. -pisquei e saí, esperando o carro na frente de casa.

O motorista chegou, então eu sentei no banco de trás, me encostando na janela e observando as ruas iluminadas de San Diego.

Não era sempre que eu tinha um refúgio, ou até mesmo uma pessoa de confiança, e Josh passava isso pra mim: segurança.

As lágrimas teimaram em escapar dos meus olhos, então sequei rapidamente, como se me envergonhasse delas. Eu não tinha vergonha de nenhuma lágrima, mas tinha vergonha do motivo delas, e de quem minha mãe havia se tornado.

Cheguei em frente à casa do garoto, toquei a campainha e fui atendida por um Josh que usava bermuda de moletom e tinha os cabelos bagunçados. Os olhos estavam inchados de sono, mas o sorriso estava intacto no canto dos seus lábios.

-Boa noite, no que eu posso ajudar? -ele falou com uma voz formal.

-São quase três horas da madrugada... -torci o lábio. -Me desculpe por isso.

Ele abriu espaço para eu entrar, então o fiz, seguindo-o até o seu quarto.

-Mi casa es tu casa. -ele falou, com sotaque mexicano fajuto. -Mas você precisa me contar o que aconteceu.

Ele deitou na cama e bateu duas vezes ao seu lado, então engatinhei até o seu lado, deitando em seu peito. Eu respirei profundamente, com medo das palavras que viriam a seguir, mas Josh já sabia dessa história, então ficava mais fácil.

-Minha mãe chegou alterada novamente. -falei, deixando uma lágrima molhar o peito desnudo dele.

Josh suspirou, fazendo carinho na minha bochecha.

Don't Let Me FallOnde histórias criam vida. Descubra agora