4. Clichê

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"Gosto de coisas 'clichê'. Com assistir um filme agarradinhos, embaixo da coberta, comendo chocolate. Como, um beijo na testa e na ponta do nariz. Como uma declaração de amor inesperada, sem data especial. O 'clichê' me encanta, pois são coisas simples, que têm um grande significado e fazem uma grande diferença."

Caio Fernando Abreu

POV Jimin, Park (Jeon?) Jimin

Incrível que um dia longe fez eu sentir tanta saudade da comunidade, hoje era teatro, sentia falta de deixar-me interpretar por aquele que no fundo não sei as intenções, me doar a um personagem, em pensar se eu faria como ele fez, ou algo do gênero.

Estávamos ensaiando Alice no País das Maravilhas, isso incluía as piadas de "se ate a Alice que está no país das maravilhas esta surtada porque eu tenho que estar suave?", e antes que pergunte eu não sou a Alice, nem poderia, porque ela não faz meu tipo, sou o gato, original eu diria dar o papel de gato para o híbrido.

Eu só não reclamava porque gosto muito dele e da vibe "se não sabe aonde quer chegar, qualquer caminho serve", e também porque a apresentação será para algumas crianças da região, incentiva-las a arte, e elas são meu ponto fraco, se pedirem eu mio e deixo fazerem carinho na minha barriga, ate deixo acariciarem minhas orelhas, mas elas não precisam saber do poder que tem sobre meu pobre coração.

E gostaria de ver mais pirralhos pelos corredores daqui, aqui é uma segunda casa para mim, e gosto da dinâmica de cada dia algo diferente, acho que elas gostariam também.

Quer dizer, essa é uma opção, a que eu faço, um dia cada coisa, alguns preferem uma coisa só, com fins profissionais ou de especialização, bom, eu não, por mais que goste mais da literatura me arrisco na pintura, sou tão fiel a Luna que tenho acesso a biblioteca, digo uma chave minha, chupa sociedade.

Apesar da chatice de ficar sentado decorando falar foi divertido já que me dou bem com Rose, a alfa que interpretará Alice.

De tanto tempo sentado me dispus a ir a pé para casa, foi bom, o sol não estava muito quente, tinha até uma brisa fresca, alguma música de fundo que eu só sabia o refrão e alguns pensamentos desconexos correndo soltos.

Alguns bons, outros nem tanto, mas eu me sentia leve, eu estava feliz pelo Tae, ele completaria seus 19 esse ano, tão novo e passou por tanta coisa, ele está começando a vida, e é normal querer começar com alguém, ter sua marca, ver a pessoa ir conquistando sonhos com você, querer ter alguém, definitivo ou não, seja para acertar ou errar.

Claro que tenho no fundo o sentimento de vou matar o alfa por roubá-lo de mim, mas tudo que quero é vê-lo feliz, ele é sonhador como nossa mãe era, e talvez algum dia eu tenha sido, mas depois que perdemos nossa mãe e eu meu pai, mudamos.

Talvez eu me culpe, por mais que tenha tratado isso, sei que não podia controlar, mas era meu primeiro cio, e ser atacado não foi um elogio, foi um trauma, por sorte alguém me salvou antes que algo pudesse acontecer, e meus pais foram resolver as coisas na escola.

Não sei como ou porque, mas sofreram um acidente, eu era novo, por volta dos meus quinze anos, e sabia que não poderia recorrer a nenhum parente de minha mãe, nem o casamento dos meus pais eles aceitavam, quem dirá os filhos, os do meu pai já estavam mortos, e bem, nossa mãe foi abusada e teve Tae, claro que meu pai aceitou a criança.

Então ali cometi a maior loucura da minha vida, coloquei meu irmão debaixo do braço e fugimos para cá, uma cidade litorânea e pequena, ate que eu fosse maior de idade e me tornasse responsável legal do meu irmão, como não fomos descobertos é outra história.

Clichê? REESCREVENDOOnde histórias criam vida. Descubra agora