Capítulo 10 (Dor e sofrimento)

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Duas semanas depois.......

"Narra Thiago"

- ela não pode fazer isso...- eu disse angustiado ao telefone.

- não se preocupe Thiago, a decisão ainda pode ser recorrida, ainda não é o fim da linha - meu advogado parecia calmo.

- essa residência é minha, era da minha mãe - eu estava tão bravo que comecei a tremer de raiva.

- eu sei, eu sei, mas a Alana juntou um testamento do seu pai para ela, nele consta que seu pai deixou todos os bens dele para ela, e infelizmente a residência está no nome do seu pai, sendo assim eu repito, é pouco provável que o juiz não deixe a residência no nome da Alana - ele continuava calmo, eu entendia, era o trabalho dele, se ele se desesperasse seria pior, mas eu estava com muita raiva.

- o que faremos agora então? - eu suspirei, estava cansado.

- vamos recorrer, e esperar que um milagre aconteça, de qualquer maneira, farei meu possível, tenha uma boa tarde.

A cada dia que passava sentia que tudo piorava, e eu tentava ser positivo, tentava resolver, mas de nada adiantava. Já fazia 5 meses que meu dinheiro não rendia, eu tinha as contas pra pagar, as contas da residência e do meu advogado, e depois de todas elas pagas, eu ficava sem 1 centavo na carteira. Eu não conseguia acreditar que em breve a residência não seria mais minha propriedade, que eu teria que deixar a única coisa que me ligava a minha mãe. Mas estava na hora de crescer, de entender que a vida é uma merda, de engolir o choro e continuar.....

Eu me sentia impotente, um inútil, eu queria poder fazer alguma coisa, mas não tinha nada ao meu alcance. Além disso eu me sentia sozinho, nem mesmo a presença da Daisy e do Pietro estavam ajudando o preencher o vazio que eu sentia desde que a Ana havia ido embora. E assim como eu presumi, ela não voltou para me ver, e não havia ligado nenhuma vez. Eu não a culpava, ela não tinha obrigação nenhuma, mas o que ela não sabia é que eu precisava dela.

- a janta está pronta - Daisy disse apoiada no batente da porta do meu quarto.

- estou sem fome - respondi sem nem ao menos olhar para ela.

Eu não tinha comido nada durante o dia todo, mas eu estava mal, e quando isso acontecia eu não sentia fome. Escutei Daisy suspirando, e torci para que ela não me dissesse nada.

- você vai acabar morrendo se continuar desse jeito - ela disse e eu suspirei cansado demais para discutir.

Apenas olhei para ela, que me olhava com piedade, e novamente me senti um imprestável, não queria que ninguém tivesse pena de mim.

- deixa um pouco pra mim, mais tarde eu como - tentei parecer convincente.

-tudo bem, boa noite - ela disse com um pequeno sorriso no rosto e saiu em direção à cozinha.

Peguei a caixa de contas da casa e sentei na beirada da minha cama a fim de organizar quais ainda não estavam pagas. Novamente um milhão de pensamentos invadiram minha cabeça, eram contas que não a acabavam mais, e qualquer saída que eu tentava encontrar tinha um empecilho que atrapalhava.

Comecei a ficar enjoado e com dor de cabeça, tudo começou a girar, meu coração começou a doer, um aperto que parecia que me sufocava, e quando eu respirava fundo sentia uma fisgada insuportável.

Resolvi ir em busca de água, mas ao me levantar rápido demais, perdi o equilíbrio, minha visão ficou turva e cai no chão.....e depois, não me lembro de mais nada.

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"Narra Ana"

Estava ajudando Víctor a sentar no sofá, tínhamos acabado de ter um jantar agradável a luz de velas. Eu sei, parece romântico demais, mas estávamos precisando de uma noite tranquila, e depois que Víctor sugeriu, eu não pude evitar ficar super animada com a ideia.

Era incrível como estávamos nos dando bem outra vez, como se toda aquela situação anterior nunca tivesse acontecido, como se o tempo nunca tivesse passado. Mas era óbvio, algo tinha mudado, estávamos tentando, e finalmente estávamos felizes. O bem que ele me fazia era inexplicável..eu me sentia a mulher mais feliz do mundo.

- vamos ver um filme? - perguntei depois de me sentar ao seu lado no sofá.

- que tal Rocket Man? - sugeriu mudando os canais da TV.

- acho que não vamos achar nada melhor - disse rindo e ele me olhou sorrindo.

- como se você não quisesse ver esse filme né - ele disse me fazendo cócegas.

Eu segurei as mãos deles, enquanto ria loucamente, ele era mais forte, então as cócegas eram inevitáveis. E ele tinha razão, eu amava aquele filme, então era óbvio que queria assisti-lo.

- tá bom, tá bom, você tem razão - eu disse rendida e cansada de tentar fazê-lo parar.

Ele me beijou calmamente, fechei os olhos e senti aquele beijo, maravilhoso, como sempre. Ele me puxou, me fazendo sentar sobre ele, uma perna de cada lado de sua cintura. Acariciei seu cabelo, enquanto sentia suas mãos acariciarem minhas pernas, suspirei, era mágico o que ele me fazia sentir. Queria que aquele momento não tivesse fim, mas infelizmente meu celular começou a tocar.

Nos separamos ofegantes, e ele me deu mais um selinho.

- fica aqui - ele disse manhoso - deixa tocar.

- eu não posso amor - sorri, dando outro selinho nele - pode ser a Bia - disse enquanto me levantava, indo em direção a bancada da cozinha, o escutei suspirar e admito que ri.

Ao olhar a tela do meu celular e ver que era o Pietro, sorri, com aquele sentimento de saudade, mas ao mesmo tempo achei estranho ele estar me ligando, ainda mais naquele horário.

- oi Pietro, tudo bem? - eu disse enquanto caminhava pra sala e sentava novamente ao lado do Víctor.

- viu não era a Bia - Víctor sussurrou a fim de me irritar e eu dei um leve tapa em seu ombro, o fazendo rir.

- desculpa te ligar a essa hora, espero que eu não tenha te acordado - Pietro me disse com uma voz de preocupado, tinha algo errado.

- não, fica tranquilo, eu estava vendo um filme - Víctor riu alto e eu dei outro tapa nele - mas tá tudo bem? Aconteceu alguma coisa? - perguntei com medo da resposta.

- na verdade....sim - Pietro sussurrou, como se a garganta dele estivesse doendo ao falar.

- o que aconteceu? - meu coração começou a bater rapidamente.

- o Thiago...

- o que tem o Thiago? Ele tá bem? O que aconteceu? Onde ele tá? Eu to indo - eu o interrompi levantando rapidamente do sofá procurando minha bolsa.

Meu coração batia tão forte, que eu tinha a impressão de que Pietro conseguia ouvi-lo. Minha cabeça estava a mil por hora, eu estava com uma sensação horrível, comecei a ficar desesperada.

- amor o que aconteceu? - Víctor já estava na cadeira de rodas, me olhando preocupado, pronto para me socorrer caso eu tivesse um treco.

- eu o encontrei no chão do quarto dele, totalmente apagado e trouxe ele pro hospital - Pietro disse preocupado e escutei Daisy chorando.

Senti meu coração queimar, minhas lágrimas começaram a sair instantaneamente, eu não conseguia dizer nada, meu corpo não me obedecia. Víctor me sentou em suas pernas, mas eu não estava prestando atenção no que ele dizia, ele pegou o celular da minha mão, e começou a conversar com o Pietro. Eu nunca tinha sentido nada assim, era como se um pedaço de mim estivesse morrendo, e isso me desesperava ainda mais. Eu tentava não pensar o pior, mas a dor que eu sentia me impedia. Eu parecia uma criança, quando cai e machuca o joelho, eu chorava alto.

Víctor desligou o celular, e ligou para o Manuel.

- preciso da sua ajuda, vem pra casa, o mais rápido que puder - Víctor disse desesperado e ao desligar me abraçou forte - calma, respira, vai ficar tudo bem, você precisa respirar fundo.

Eu não conseguia me tranquilizar, por mais que eu tentasse, o pensamento de que talvez eu o tivesse perdido me sufocava, ele era absolutamente tudo para mim, e eu não conseguia suportar. Eu sempre fui do tipo de pessoa que nunca perdia a calma, mas por alguma razão meu coração doía tanto, que eu não conseguia enxergar uma esperança.

EAI PESSOAL? O QUE ACHARAM? O THIAGO VAI MORRER? COMENTEM O QUE ACHAM QUE VAI ACONTECER!

YO QUISIERAOnde histórias criam vida. Descubra agora