Nessa era social, eu era só mais um cara perdido, vagando pela cidade que agora queimava. No decorrer das décadas o ser humano tem destruído o seu lar, e alguns lugares se tornaram inabitáveis ou impróprios até para habitantes.
Infelizmente, ou talvez felizmente, eu era um dos habitantes daquele lugar. A cidade de Zênio nunca ultrapassou seu número de habitação, muitas das vezes os únicos que viviam ali, se cansavam e iam embora com suas famílias. Portanto, eu não tinha uma família, vivia sozinho em uma pequena casa isolada ao lado leste. Uma casa simples e de bom grado.
Era noite de chuva na cidade, as ruas eram cobertas de lampiões e silêncio. Quando o Padre tocava o sino, às 19h, todos se recolhiam para dentro de suas casas e ninguém mais saia. Exceto eu, que todos os dias andava nas ruas, à sós. Afinal, não era um cara de muitos amigos.
- É sete da noite, vamos, se recolham, protejam suas famílias. A hora sagrada jamais punirá aqueles que lhe obedecem. – O Padre Joseph sempre gritava, tocando o sino exatamente três vezes.
Eu me escondia atrás de uma pilastra no meio da praça. Esperava todos entrarem em suas casas e saia dali. Andava com minhas mãos no bolso do meu sobretudo de cor bege. Todas as noites eu passeava pela cidade, para refletir e me livrar de coisas negativas.
A cidade estava mais fria, e eu estava concentrado olhando para o chão, pensando em exatamente nada, até que todas as luzes se apagaram. Ouvi o badalar do sino, mas dessa vez era diferente. Era uma mulher quem o tocava, eu a conhecia. Era uma das moças que trabalhava na Igreja, junto ao Padre. Seu olhar demonstrava medo, estava aflita, a mesma badalava o sino sem parar.
- Fujam da escuridão ou chamem o Padre, Choi San está aqui. – Ela gritava, implorando para que todos que ainda estavam na rua, se recolhessem.
Torci meus lábios, sem entender quem seria esse tal de Choi San. Um habitante novo? Um louco vagando pelas ruas sombrias de uma cidade pequena e deserta?
- Tsc, essa gente inventa cada coisa. Choi San, quem nessa cidade teria esse nome? – Continuei caminhando por ali, indignado. Senti que já estava distante de tantas badaladas quando acabei dando de cara com um desconhecido.
- Idiota! Não vê por onde andas? – Gritei com o desconhecido.
- Não se deve falar assim com as pessoas Jung Wooyoung.
Ao olhar para aquela figura de cabelos negros, me senti hipnotizado. Como ele sabia meu nome?
- Quem é você? – Soltei em um fio de voz.
- Sou Choi San. Creio que saiba disso, afinal, não se deve andar por ai essa hora da noite. Deveria temer alguém como eu.
Ele era lindo, seus cabelos eram negros como a noite, os olhos pareciam com os de um predador sedento por sua presa. Sua pele era bonita, a quantidade de melanina que ele tinha era como olhar para um vidro de mel, sua voz era grave, porém doce. Seu pescoço era coberto de tatuagens e havia uma cruz ao lado de seus olhos. A sua boca...Eu mal o conhecia e queria lhe beijar. Ele usava um sobretudo, assim como eu, porém a cor era escura, preta como carvão. Era o homem mais bonito que eu havia visto em toda minha vida.
- Está imerso em pensamentos, não pense demais Wooyoung. Tenha atitude, pois eu também quero provar teus lábios. – Choi San não esperou por uma resposta. Avançou nos lábios de Wooyoung, como se fossem doces. Wooyoung jamais imaginaria beijar um total desconhecido, ainda mais um cara como Choi San.
O beijo era selvagem, Choi San mordia os lábios de Wooyoung, sugava, puxava. Uma de suas mãos rodeavam a cintura do loiro e a outra apalpava sua bunda. Wooyoung arfava, sabia que estava cometendo um grande erro e esse era um dos melhores que já cometera em sua vida.San cessava o beijo devagar, encostando sua testa com a do mais novo. Ambos estavam de olhos fechados. Choi San sorria vitorioso.
- Por favor, não me faça perder a sanidade. – Wooyoung dizia com sua voz em um fio.
- Lhe farei perder quando estiver preparado, ainda não é o momento certo Wooyoung. – San dizia passando teu polegar em uma das bochechas macias de Wooyoung.
- Eu adoraria lhe conhecer melhor. Estou aqui todas as noites, podemos nos ver mais vezes. – O mais novo parecia encantado. Um simples ato como aquele beijo, era o suficiente para Wooyoung perder o controle dos seus batimentos.
- Wooyoung, você pode ter tudo. Eu posso lhe dar tudo, basta pedir.
- Eu aceitaria viver uma vida ao lado de um desconhecido, certamente seria melhor que viver nesta cidade imunda. Sinto que lhe conheço à anos. O que você é? – Os olhos de Wooyoung brilhavam feito o luar.
San sorriu, depositou um selar nos lábios de Wooyoung. O último, perdido no toque do mais velho, fechou seus olhos e ao abrir viu que San não estava mais ali.
Jung Wooyoung nunca tivera uma noite de aventuras, quem dirá uma noite quente como aquela. O sorriso de Choi San martelava seus pensamentos, enquanto caminhava de volta para sua casa. Ele estava cansado, deitaria em sua pequena cama e mergulharia em um sono profundo.•••
Já era manhã, Wooyoung queria saber quem era o garoto ao qual encontrara na noite anterior. E apenas uma pessoa saberia lhe dar a resposta, o Padre Joseph.
- Bom dia Padre. – Wooyoung dizia ao pisar dentro da Igreja, a única e mais bela da cidadezinha.
- Bom dia meu bom garoto. Do que precisa? – O Padre dizia rouco, já era um senhor de idade.
- Eu preciso saber. Quem é Choi San?
O Padre arregalou teus olhos. Como aquele garoto não sabia? Puxou o mesmo e pediu para que ele se sentasse.- Irei lhe contar uma história. – Wooyoung concordou ao ouvir o mais velho. – Anos atrás, tiros foram disparados na rua, perto da igreja onde todos da cidade costumávamos nos encontrar.
“Um anjo ferido!! É um anjo ferido!!”
Os desconhecidos gritavam, mas as outras pessoas só ficaram paradas olhando o homem caído ali. Tolo e fraco, eu preferi salvar um anjo ferido e viver em caos. Aquele dia me fiz a pergunta: – “Todos nós não pertencemos aos braços do sagrado?”. Foi um grande erro meu jovem, aquela criatura não era um anjo. Ele era o próprio diabo e seu nome era Choi San. Esta cidade queima com tuas travessuras até hoje e uma vez, a cada vinte e três anos, ele procura uma alma para lhe fazer de serva e nunca mais a vemos pisar em nossa cidade. Wooyoung, se um dia o encontrar, não deixe que ele lhe faça a cabeça. Ele é traiçoeiro, um anjo caído que lhe trará o caos. E se um dia você o encontrar, fuja e reze. Jamais irá querer servir uma criatura horrenda como Choi San. – O Padre dizia sério, segurando uma das mãos do garoto.
- Com certeza irei lhe ouvir senhor, agora sei quem é esse ser e irei me certificar de que estarei seguro. – Wooyoung agradeceu ao Padre e saiu da Igreja.
Não se importava com tudo que o mais velho lhe contara. Estava disposto a cometer o seu pecado.
Jung Wooyoun não ligaria de o servir, aquele beijo era como dançar valsa ardendo sob as chamas do inferno, tendo o diabo como seu par. E se um dia ele tivesse que queimar, seria no inferno, junto a Choi San.
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Call the priest - Woosan
FanfictionEra como dançar valsa ardendo sob as chamas do inferno, tendo o diabo como seu par.