Hide and Seek (parte I)

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Como um telefone sem fio, os boatos se espalharam de maneira desastrosa, deixando pedaços da verdade pelo caminho. Pip ouviu, mesmo sem querer durante o almoço de um grupo de garotas da mesa ao lado, e não se importou. Ele geralmente ignorava boatos. Ignorava tudo ao seu redor. Mas este em especial mereceu devida atenção quando seu nome saiu de uma boca de lábios vermelhos, seguido de um sutil olhar para o loiro que almoçava logo ali. Este franziu o cenho enquanto levava o sanduíche à boca, estranhando os comentários. Piscou duas vezes, voltando a ignorar as vozes.

Era um boato bastante incomum; Pip era considerado esquisito e reservado, não interagia de maneira alguma, não mais do que o necessário. As pessoas também o evitavam, até porque ele era meramente... intimidador. Não tinha nada a ver com seu porte físico, céus, não mesmo, mas sim pela expressão tediosa monótona estampada no rosto bastante semelhante à de um psicopata hollywoodiano. Seus olhos carregavam uma forte indiferença, além de olheiras como resultado de noites em claro.

Alguém sentou em sua frente, levou um tempo para olha-lo, mas já sabia de quem se tratava. Pip largou o sanduíche na bandeja, farto do alimento que ainda estava pela metade. Levantou o olhar para Damien que não carregava lanche algum nas mãos, mas encarava Pip fixamente, de maneira que assustaria o loiro se não conhecesse o anticristo. Pip sempre o analisava com cautela, porque nunca havia nada de diferente nele e caso houvesse seria claramente nítido. Era até engraçado; as roupas pretas - tais como a camisa preta de gola alta -, os cabelos bagunçados, o corpo relaxado que fazia sua coluna se curvar de tal forma que Phillip nem sabia que era possível. Além dos dois piercings localizados nas duas extremidades abaixo da boca e a expressão blasé que raramente mudava. O moreno sugou o ar pela boca, enfim desviando o olhar para a mesa. Pip o achara tanto misterioso quanto curioso. A amizade deles era algo incrivelmente peculiar, e funcionava bem para ambos.

Pip não o interrogava sobre nada pessoal casualmente a menos que o outro tenha induzido a conversa e vice-versa. No entanto, uma vez ao mês eles se juntavam em um ritual de um velho juramento; uma vez que sua carne e seu sangue se tocassem, todas as respostas deveriam ser respondidas com sinceridade e qualquer favor pedido seria concebido, independentemente de qualquer coisa. Logo, posso afirmar que eram bons amigos.

- Stan é um idiota. Não entendo a fissura de Butters nele.

- Você se importa? - Damien questionou, meramente interessado - Com tudo isso? - O loiro olhou de relance para o sanduíche pela metade, pensando um pouco antes de responder à pergunta.

- Não, na verdade - Pip se ergueu do banco, pegando a bandeja pronto para deixar o refeitório. Sentiu alguns olhares provocativos sobre si, mas não se importou. Damien continuou sentado, olhando para o outro lado da sala. - Você vem? - Fez menção de perguntar.

- Vejo você lá - Pip assentiu e tomou seu rumo. Do outro lado da sala, na mesa com mais gente popular que Damien já vira, todos conversavam entre si, rindo escandalosamente sobre algo fútil. Ao lado de Stan, que estava imerso na conversa da roda, estava Kyle Broflovski, seu namorado. Diferente do atleta, Kyle não estava focado na conversa, na verdade, encarava Damien de volta, com um sorriso amplo e sínico no rosto. Havia algo ali e Damien sabia.

No final da aula Pip e Damien se sentaram em um banco em frente ao colégio, conversavam atentamente sobre algo. Os outros alunos deixavam a instituição, outros também paravam para conversar, ou simplesmente para fazer bagunça. A mesma agitação continuava como qualquer outro dia. Em 15 minutos Pip iria embora - costumava ser pontual - e Damien e seguiria até em casa.

Repentinamente, uma agitação começou no estacionamento, não muito distante de onde estavam. E então todos pararam para ver o que estava acontecendo. Uma briga acontecia, especificamente entre Kyle e Stan. O ruivo parecia realmente atordoado com alguma coisa, empurrava e batia em Stan com tanta força que o moreno chegava a tombar para trás e numa tentativa falha de acalma-lo, e então levou um empurrão ainda mais forte, o fazendo tombar para longe. Com uma última frase dita em um tom ameaçador (inaudível na distância em que estavam), o ruivo olhou em volta, e então para a dupla que também assistia ao espetáculo, e então se retirou.

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