Capítulo 7

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Trea Shackleford

5 anos antes.

Minha mente pairava sobre as colinas nevadas. Era inverno e mesmo com o clima de frio cotidiano, não se enxergava nada além de branco.
A janela da sala de música era totalmente extensa, acredito que as maiores de todo o castelo. As cortinas que o cobriam iam do chão até o teto, com aquele tom vinho que quase se assemelhava a escuridão.
A minha professora estava em pé atrás de mim, com uma folha de papel em formato de pergaminho. Ela mexia com ele até ficar extremamente fino como um mini rolo, aquilo já estava me incomodando. Os dedos já cansados não conseguiam se afundar nas teclas. Eu estava tocando uma música na qual eu não me dei o trabalho de saber o nome, pois já estava farta.
Até que erro uma nota. Sinto apenas o papel bater na mesa com aquele olhar de repulsa em cima de mim.
Meus olhos apertam e eu me levanto em direção a porta.
- Trea você nunca terá excelência se não praticar. - Repreende Marvis.
- Vou usar meu piano para matar meus inimigos senhora Marvis. - Suspiro olhando nos olhos dela já exausta. Não era como se eu a odiasse, ela fazia seu trabalho. Mas a obrigação a tornava diretamente responsável pelo meu estresse. - Vá para casa.
Ficamos em silêncio por um instante. Começo a ouvir alguns zumbidos esquisitos. Era uma palavra bastante familiar.
"Mãe"
Sinto meu corpo se revirar e um vulto preto percorre ao redor dos meus braços. As batidas do meu coração em vez de acelerar começam a pulsar devagar como se eu tivesse acabado de ter minhas forças drenadas. Minha cabeça vira para o lado procurando voz. A voz infantil que parecia de um menino.
- Princesa!? - Grita a senhora Marvis, indo em minha direção. Ela aperta meus braços e começa a me chacoalhar. - Com esse frio você deveria estar mais agasalhada!
Suas mãos são quentes em meus braços. Eu usava uma camisa branca sem mangas e uma saia preta que arrastava no chão, não era um traje tão invernal.
- Aconteceu alguma coisa?
A voz familiar faz com que nós virassemos.
- Majestade. - Nos curvamos para a rainha, minha mãe.
- A princesa Trea teve um mal estar.
- Por isso pararam?
- Isso... Ela deve estar com frio, então vamos pegar um casaco para ela.
Meu queixo estava curvado para baixo e logo é levantado com rigidez.
- Quando foi que você se tornou tão feminina para ter um mal estar?
- Eu sou um ser humano.
Digo de cabeça baixa e logo consigo sentir aquelas mãos pesadas em meu rosto.
- Você não é um ser humano comum. O seu sangue as suas conquistas futuras. Tudo isso depende do seu esforço, então trate de ser tudo o que uma futura rainha deve ser.
- Cantar e tocar não vão fazer com que eu vença uma guerra!
- Mais vai te dar um marido, sua insolente. Um tapa só não é o suficiente para você?

Padre Bertulin

Logo pela manhã, eu costumava caminhar pelos corredores do castelo era um hábito que eu gostava de manter. Sentir os ventos da manhã e o ar puro que exalava, não tinha preço.
Eu ia em direção aos jardins dessa vez.

O dia estava tão lindo, porém uma energia forte começava a pairar ali. Era uma sensação estranha que eu já havia presenciado, e conforme eu andava pelo castelo mais ela se estabelecia, e se tornava mais forte, como poderia me sentir desconfortável logo de manhã? Meu horário favorito.

Ouço passos fugazes vindo à minha direção, saltos ou botas talvez, mas rígidos. A sombra da mulher logo revela, era a majestade. Em um longo vestido preto. Sua energia perece bastante relativa naquele momento, como se um lado calmo e outro raivoso tivessem se unido em uma só pessoa, mas nenhum possuísse controle completo. Ela parece vir em até mim para dizer:

- Bertulin, fui atrás do garoto. Mas não foi como eu pensava que seria.- A rainha fita o chão desapontada, e pega minhas mãos para pedir a benção da manhã. Suas mãos estavam tão geladas, que se ela não estivesse falando na minha frente eu a daria como morta. Seus lábios estavam tão frios quanto as mãos, porém eram extremamente vermelhos, nunca tinha notado tamanha diferença. Ela levanta o rosto depois da benção e me encara.- Foi fácil achar ele, difícil vai ser convencê-lo das minhas paranoias.

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