A Maior Prova de Todas | Namjin

1. Sobre o silêncio.

O silêncio muitas vezes é a melhor resposta, ele te preserva da decepção e te guarda numa bolha de proteção, você se convence de que é melhor assim, guardar tudo para si até se sufocar com tudo o que não conseguiu dizer.

Em dado momento você percebe que essa proteção vem com um preço, e que a autopreservação vem acompanhada de uma decepção maior do que você poderia imaginar.

Mas é claro, você só percebe quando é tarde demais, quando muitas vezes não dá pra simplesmente consertar.

Ou você não tenta consertar, por que novamente você escolhe o silêncio, ele é confortável e mais fácil de lidar do que a verdade que você acha que não pode contar. É tudo um grande ciclo de decepções e quando você percebe. Acabou.

Porque toda essa proteção é falsa e o silêncio é vazio.

Vazio como o silêncio que esconde tudo o que você sente.

E então você simplesmente desaparece.

— REAL ME

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O Jovem andava despreocupado pela calçada, seus fones de ouvido no máximo exerciam perfeitamente a função secreta pela qual Jin sempre os escutavam tão alto, para poder ignorar totalmente o mundo ao seu redor, se alguém perguntasse ele negaria, mas a verdade é que precisava deste momento sozinho para refletir antes de enfrentar outro dia exaustivo no trabalho.

Não se arrependia de ter escolhido a carreira em medicina, pelo contrário, amava ser um cirurgião cardíaco, porém vez ou outra se pegava pensando em como estaria se tivesse escolhido outra profissão, uma que não exigisse tanto de si, será que teria mais tempo para a família e amigos? já estaria namorando? Talvez a essa altura, pela sua idade, já estaria quase ouvindo os sinos de casamento, noivo de alguma garota bonita e gentil que o amasse, entretanto tudo que ouvia era som irritante de seu telefone tocando e atrapalhando sua música.

A essa hora da manhã, só poderia ser uma pessoa, sua mãe. Ligando logo cedo para lembrar a Jin que seu rosto não permaneceria bonito para sempre e que em alguns anos seu status de médico não seria mais tão impressionante para as garotas e que ele deveria aproveitar por que a idade estava começando a se fazer presente nas marcas de expressão do rapaz.

Sabia que seus quarenta anos estavam chegando, a tempos que estava ficando cada vez mais cansado após os plantões no hospital e sinceramente não precisava que sua própria mãe o ligasse todas as manhãs para constatar tudo o que ele podia ver sozinho. 

E naquela dia estava especialmente irritado, não queria ser grosso com sua mãe então num suspiro insatisfeito, pegou o pequeno aparelho o desbloqueou e foi até a barra de notificação, deixando o celular no silencioso, se sentindo péssimo por ignorar a própria mãe.

Porém enquanto levantava as notificações, rapidamente, leu algo que o chamou atenção. Duas atualizações, uma no instagram e outra no  twitter ambas de Real Me, Namjoon.

Sentiu um arrepio assim que associou o apelido ao seu dono, Jin se perguntava a quanto tempo não falava com o amigo, fazia mais de um ano desde que ele soube que o mais novo havia saído a Coréia e antes disso não se falavam a dois meses, se lembrava exatamente quanto tempo fazia, pois foi logo após isso que ele e Namjoon pararam de se falar.

Naquela noite ele havia ido a uma boate em Seul comemorar o quarto ano de sua residência, isso significava que muito em breve ele poderia começar a fazer operações, mas ao invés de deixar o garoto aproveitar a sua noite livre regada por bebidas, música alta e garotas que Jin nunca teria coragem de chegar se estivesse sóbrio, o destino tinha outros planos.