Borders of Love

Capítulo Treze: Juramento

Abrir os olhos havia sido a parte mais fácil, e provavelmente a única que eu consegui fazer sem precisar de muito esforço, a verdade é que, por mais forte e resistente que meu corpo fosse ainda haviam limites que eu poderia exigir dele, no entanto, a necessidade de cumprir com o dever vinha em primeiro lugar.

Abotoou o último botão de meu uniforme preto e me viro em direção ao espelho, por mais elegante que o pequeno coque feito às pressas poderia me deixar, a veste preta camuflada e reforçada para aguentar tiros e facadas dava-me o ar de imponência que eu deveria passar, afinal, hoje era o dia com o qual meu pai tanto havia sonhado, e mesmo que ele não estivesse ali presente ao meu lado para ver-me trilhar tal caminho, eu sabia que seu espírito encontrava paz agora.

- Acho que devia tomar outro analgésico, não fará mal - diz Jin, colocando-se por detrás de mim enquanto ajeita sua gravata preta.

- Analgésicos demais podem me deixar lenta e hoje é um dia importante, além de extremamente cheio - digo sem emoção, os olhos de Jin desviam-se de seu reflexo e se fixam aos meus, ele apenas me encara tentando ler-me, porém sua análise é interrompida por um bater à porta.

- Entre - digo, afastando-me de Jin. A porta é aberta e Sarah, minha assistente civil adentra pela mesma com um longo saco marfim em seus finos braços.

- Eu trouxe seu vestido, segui uma linha semelhante ao que usou no casamento, mas dessa vez com mangas mais longas, já que seu braço será todo marcado no rito - diz apressada enquanto anda até minha cama colocando com cuidado o vestido no centro da mesma.

Dou um leve sorriso para ela, pois apesar de tagarela é eficiente. Ela se afasta e pega seu maldito, no entanto, necessário tablet.

- A coroação do príncipe ocorrerá em uma hora, por isso os preparativos para o seu rito já estão postos e começaram mais cedo, já que assim que o juramento do príncipe for feito o seu também deverá ser. Pela antiga tradição o Comandante e seu Rei devem trocar juramentos íntimos, onde expressão sua devoção e fidelidade - diz, ainda apressada demais, lendo. Ao meu lado Jin cruza os braços e de soslaio o vejo franzindo os olhos no instante em que ela diz "juramentos íntimos".

- Nós sabemos disso - digo firme, Sarah ergue seus olhos escuros até mim e um pequeno sorriso aparece em seus lábios rosados.

- Sim, bem, eu não sei se a senhora tem algo em mente, mas eu me sentiria feliz em ajudá-la caso contrário.

- Não se preocupe, eu e o príncipe sabemos o que falar - afirmo dando-lhe as costas.

- Perfeito! Irei acompanhá-los até a porta do rito e esperar por sua saída para trazê-la de volta até seu aposento e se preparar para o casamento - diz eufórica. Seguro uma risada, pois sua alegria em ver de perto o mundo obscuro de Seul causava-me divertimento.

- Então vamos logo, o Rei não gosta de atrasos - diz Jin saindo logo em seguida, franzo o cenho, mas ignoro seu comportamento bipolar.

Olho-me no espelho uma última vez e respiro fundo virando-me em direção a Sarah que mantém a porta de meu quarto aberta para minha passagem.

Fazemos o trajeto em silêncio, apenas os sons dos saltos finos de minha assistência ressoando por todo o corredor avisam nossa chegada, sinto meu peito bater forte a cada passo que dou, e por um instante uma pequena felicidade toma conta de mim, pois, apesar de morta, ainda sou capaz de ter momentos de alegria genuína.

Sarah para ao meu lado e encaro os dois soldados que guardam as portas, eles olham-me com respeito e fazem uma breve e rápida saudação abrindo as portas pesadas em seguida, de soslaio vejo Sarah olhar tudo com apreensão, porém fascínio.