"Amor, não se preocupe, eu entendo você. Eu só quero te conhecer, me conte todos os seus segredos, parece que você precisa disso."
I Got You - Bebe Rexha[. . .]
Taehyung não via nada. Não tinha como saber a direção, então apenas continuou andando. O caminho parecia não ter fim nunca, a escuridão era mesmo algo consumidor.
Confuso como o inferno, Taehyung tateou os bolsos e procurou pelo celular. Tinha a intenção de usar a lanterna do aparelho para ver onde estava mas nada encontrou.
Parou de andar e tateou mais os bolsos.
Nada.
Nenhuma luz.
Sentia a escuridão se tornando maciça e uma leve pressão contra a pele, os olhos doendo pelo esforço de tentar enxergar no escuro e o estômago gelado. Sentia medo.
Sozinho no escuro, Taehyung sentiu medo.
Ele respirou fundo. Uma, duas, três vezes mais. Não deixaria as emoções falarem mais alto, era maior que tudo isso. Era sim!
Continuou a caminhar, agora em passos lentos. As mãos fechadas em punho pronto para acertar um golpe em quem tentasse se aproximar, o maxilar travado pela raiva de não saber onde estava. De repente, o único clarão de uma luz branca se estendeu por três segundos, o suficiente para que sua própria sombra fosse projetada naquele breu.
Era como um quarto do pânico, do medo. E na parede daquele quarto, a sombra de um monstro foi desenhada. Ao longe, a voz fria e fina dizia "você nunca vai conseguir".
Taehyung negou convicto. Já tinha superado, com certeza tinha.
Ele correu, correu mais do que suas pernas conseguiam suportar. O caminho parecia não ter fim, as coxas doíam. Não fazia do tipo atlético, seu corpo não aguentava grandes esforços.
Taehyung ouviu a mesma voz repetir aquela frase outras vezes, lembrou-se que a mente é o poder e pensou nele. Como num passe de mágica, viu a silhueta de seu pai ser projetada no que parecia ser o fim do caminho. Hyukjae estava virado de costas, Taehyung gritou por ele uma, duas, dez vezes. Por que ele não escutava?
Frustrado, Taehyung correu. Uma euforia lhe atingiu com a velocidade de um raio ao ver o quão próximo estava mas da mesma forma também se foi. Ao esticar a mão para tocá-lo, Taehyung caiu. E aquela queda no profundo escuro parecia não ter fim, um vácuo infinito que fazia o seu corpo ter o peso de uma pena.
Ele sentiu a mão direita esquentar, e esquentar bastante. Seu único pensamento foi o de colocá-la contra o peito e se encolher.
Antes que tocasse o chão, Taehyung acordou.
Sua primeira respiração ao sair daquele pesadelo foi a de alguém que estava se afogando. Era pesada, o peito doía e o nó na garganta tornou-se incômodo.
Enquanto encarava o céu estrelado com os olhos assustados, Kim tentou controlar a respiração e aos poucos sua mente foi se lembrando de onde estava. E com quem estava.
Hoseok estava deitado de lado com o tronco levemente erguido, o cotovelo no estofado e a cabeça apoiada na mão. Ele tinha uma expressão preocupada no rosto sonolento, os olhos atentos quase não piscavam. Quando olhou para o peito, Taehyung viu como estava apertando a mão dele, os dedos entrelaçados, uma palma aquecendo a outra. Sentiu-se envergonhado e se levantou, foi até a cozinha para tomar um copo d'água.
Vinte minutos. Esse foi o tempo total em que Hoseok viu Taehyung choramingar e se encolher com uma expressão triste no rosto, como uma criança assustada após ver o bicho-papão debaixo da cama. Não soube o que fazer. Pensou que se o acordasse, talvez deixasse ele mais irritado, assustado, e faria as coisas piorarem, então apenas correspondeu ao aperto de mão.
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Good Together | vhope
أدب الهواة[CONCLUÍDA] A rejeição do pai levou Jung Hoseok a retornar à Coréia do Sul depois de oito anos vivendo em San Diego, na Califórnia. Assumir os negócios da família estava longe de ser uma das vontades do Jung que, assim que põe os pés em solo asiátic...