É um dia frio, saia e diga bom dia.

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Terça feira.

É uma manhã fria em Westwood, é o início do inverno, um ou dois graus mais frio, isso não fazia muita diferença para Julia, ela gostava de usar sempre o mesmo casaco cinza com a palavra "PINK" em branco de vários estilos e tamanhos de letras, combinava com uma gata de pelo curto americana.
Julia tenta ajudar a mãe a abrir a floricultura, mas ela parece não ter acordado ainda e quase deixa cair um vaso. Por sorte a mãe, Maria, não percebe, ela então abre a porta da frente, e Julia colocar alguns vasos de flores na frente da loja.
- Obrigada filha. Maria abraça Júlia. Boa sorte na aula, não esqueça de me ligar quando chegar.
- Tchau Mãe, eu vou tentar lembrar. Julia se despede e vai andando, depois de um tempo ela olha para trás e vê sua mãe a olhando.
A floricultura de Maria ficava no primeiro andar do prédio, no segundo ficavam os quartos das duas, o terceiro e último era usado como depósito.
Julia anda até a estação de metrô, no caminho é sempre parada por Lucas e Pedro dois cachorros pertos ,black Retriever, eram apenas crianças, mas latiam um pouco alto toda vem que Julia passava, quando ela era mais nova ela ainda brincava na rua com outras crianças, Lucas tinha olhos de âmbar que sempre encantavam Júlia, Pedro era o irmão mais velho de olhos castanhos, Júlia fez um carinho na cabeça dos dois.
- Você já vai Júlia? Perguntou Pedro.
- Tenho que ir para a aula.
- Faz tempo que você não brinca com agente. Lucas balança a cauda.
- Eu tenho que estudar, quando eu tiver tempo eu venho. Júlia continua seu caminho.
O metrô era grande e lotado, Julia ficou no vagão híbrido onde carnívoros e herbívoros ficam compactados juntos, ela sai da estação: cidade velha para universidade Westwood, na saída do metrô encontra um mendigo guaxinim pedindo dinheiro, ela apenas desvia o olhar e segue andando para a universidade.
Westwood é dita a melhor universidade do país, ela fica dentro de uma área verde no meio da cidade,  há uma linha de ônibus dentro do Campus, mas não há nada que impeça os universitários de ir andando, exeto o medo de ser assaltado ou comido.
Júlia vai até a parada e fica esperando o ônibus junto a uma raposa e um cervo. Alguns minutos passam o ônibus chega, após passar na sua carteira de estudante ela senta em um banco e fica olhando a janela, quando o ônibus parou o cervo desceu, a primeira parada era a área das ciências animais: história, filosofia, muisca e essas coisas, enfim era os que comiam folhas... de cannabis sativa e de papoula.
Julia ficava na próxima parada a área das biológicas, eram os que sempre cheiravam a formol e morfina, assim que chega a gata olha os horários da turma, descobre que vão juntar a turma de biologia e de medicina isso ocorria por causa de dificuldade financeiras da universidade, e não é primeira vez que isso acontecia, as vezes ela se questionava se poderia receber o diploma de medicina. Júlia foi para sua sala, mas no caminho ela viu alguém com o qual não queria falar, ela então toma outro caminho: dá a volta e entra pela porta dos fundos da sala, entrou em silêncio e sentou em uma mesa, sentiu se aliviada e colocou por um tempo a cabeça na mesa para descansar, quando a pessoa que tentou evitar estava a seu lado:  pele verde , escamas queratinizadas, dentes grandes e pontiagudo; Molly era seu nome, na verdade no dialeto dela com todas as letras: Miwa Onnania Lha Lish Yana, ou seja Molly.
- Oi Júlia, bom dia, parece que nossas turmas vão se juntar novamente. Molly era uma apenas uma crocodilina, e também uma aluna modelo da universidade, ela sempre tentava ser simpática com todos.
- Oi Molly, bom dia. Julia se sentia desconfortável, na verdade ela se assustava um pouco com Molly.
- Você viu o Márcio? Perguntou Molly com todos aqueles dentes na boca.
- Eu...? Júlia sentiu que Molly estava muito perto. Não ví ele ainda, e nosso professor ainda não chegou?
- Ainda não, mas falta algum tempo para o início da aula, vi que você deu uma volta para entrar na sala.
- Eu queria esticar um pouco as pernas, sabe? Acho que alguém ali quer falar com você. Julia espera Molly se virar, e realmente havia uma raposa que queria falar com Molly.

Na penúltima fileira da sala Julia se senta pensa finalmente está só, até que sente algo em suas costas, a sola de um sapato sujo no casaco favorito de Júlia.
- Tira a pata Kaike!
- Bom dia pra você também, quer canela? Kaike era um cão do mato que se dizia lobo, ele veio do campo.

Júlia pega uma folha de canela e cheira, ela se sente mais calma. Kaike nasceu em uma fazenda de canela, e por isso andava sempre com uma sacola com algumas folhas, ele também tinha o hábito de fumar folhas de canela. Ele faz ciência da computação.
- O que está fazendo aqui? Não me diga que vão juntar as turmas de computação com as de  biológia e medicina.
- A universidade não está em condições tão boas, mas não é para tanto, eu só vim aqui te ver.
- O professor de vocês não chegou ainda? Pergunta Júlia desconfiada.
-  Ele está na sala dos professores, eu vou lá agora, você quê chá de canela?
- Eu quero. Júlia ficou cheirando a folha de canela enquanto esperava Kaike voltar.

Kaike vai andando até a sala dos professores e lá encontra um de seus professores, Fábio uma lontra, que vê ele entrando sem qualquer preocupação. O cão do mato oferece chá de canela para o professor, mas Fábio diz que preferia café. Kaike aproveita para agradecer ao professor pela indicação para um estágio em uma empresa de informática. Enquanto conversa Kaike usa o microondas da sala dos professores para prepara chá, depois colocar depois em uma garrafa térmica, logo se despede, e volta para sala de Júlia.

- Voltei! Diz Kaike com um copo não mão.
- Obrigada. Júlia pega o copo e toma uma gole do chá, fazendo uma cara feia. Esqueci que você coloca pouco açúcar.
- Isso foi para te acordar. Kaike coloca um cubo de açúcar no copo de Júlia.
- Melhor agora. Julia provou o chá novamente.

Flores e Lembranças MelancólicasOnde histórias criam vida. Descubra agora