Impasse - A Filha do Mal

Capítulo 2: Sonho ou Realidade?

Um calor infernal banhava cada milímetro da minha pele, junto de um odor fortíssimo de enxofre que dançava de maneira desagradável pelo meu nariz, causando-me enjoos e ânsia de vômito. Minha visão estava turva, fazendo com que as imagens em minha frente se tornassem imperceptíveis.

Eu estava de pé, sentindo um pouco de terra quente esfarelando pelos dedos dos meus pés, enquanto uma fumaça pairava sob o ar a medida em que minha visão foi se tornando mais límpida. Com a mão no rosto para impedir que a fumaça tocasse em minha pele, fui caminhando, sentindo a temperatura se intensificando a cada passo que eu dava. Quando a ardente neblina se dispersou, fiquei completamente incrédula no que os meus olhos estavam vendo.

Fogo.

Não era só grandes labaredas de fogo, uma espécie de lago formado apenas de lavas vulcânicas tomava grande parte do local fechado, que fazia com que um sufocamento se formasse em minha garganta. Tossi quando o vapor enfervescente voltou a bailar no ar, tornando minha respiração ofegante. Olhei para os lados na tentativa de compreender onde eu estava, até que um grito, estridente e agonizante, fez os meus pensamentos se dissiparem bruscamente.

Me aproximei ainda mais do lago de fogo com cuidado, quando, de súbito, vi uma mão parcialmente submersa no mesmo. A pele estava descolada, fazendo a carne, que parecia estar queimada, ficar aparente de uma maneira completamente horrenda e assustadora.

Mas espere.

Não era apenas uma mão.

Corpos nus boiavam no lago rubro como sangue, enquanto a lava alaranjada e espessa transitava por suas peles, fazendo com que a epiderme derretesse feito gelo em um dia tórrido. Céus... Que lugar é esse?

Estou completamente apavorada, perturbada.

— Me ajude!

Um grito afônico saiu do lago, fazendo minha atenção se voltar para o local. Um corpo que aparentava ser de um homem, estava afundando no lago de lava. Ele me olhava com demasiada agonia, enquanto ele era puxado cada vez mais para o fundo.

— ISSO TUDO É CULPA SUA! — o mesmo homem bradou. Agora continha fúria em seus olhos e em sua voz. — VOCÊ É A CAUSADORA DA NOSSA DESTRUIÇÃO!

O quê!?

Com medo, dei um passo para trás, mas, quando eu estava cogitando a ideia de fugir, senti alguém agarrar em meus braços e me arremessar com brutalidade no lago. Enquanto eu tentava me debater, todo o meu corpo queimava e sentia minha pele se dissolver na fervura insuportável que cercava-me. O desespero se apossava de mim de forma destrutiva.

Eu gritava.

Gritava tanto que sentia minhas cordas vocais arderem, mas era inútil. Não haviam formas de escapar.

Já aguardando pela vinda da morte traiçoeira, ergui os meus olhos em um ato desesperador.

Era ele.

O homem encapuzado estava de pé, observando minha vida ser dizimada em questões de segundos. Ele suspendeu seus braços e tocou seus dedos no capuz, pronto para tirar o mesmo. O tecido negro se elevou e sua pele branca começou a ficar cada vez mais nítida, até que...

— Sky?!

Acordei abruptamente, vendo meu tio ao lado da minha cama, em meu quarto. Com meu coração batendo descompassadamente, ergui meu corpo em um solavanco. Minha roupa estava molhada e gotas de suor umedeciam minha pele. Passei a mão pelo meu rosto e, posteriormente, em meu peito, com o intuito de me acalmar.

— Já está na hora de acordar. Você vai acabar se atrasando para a escola e... — ele pausou, me observando preocupado ao notar meu estado. — Skyler, aconteceu alguma coisa?! — seu tom doce foi permutado por desespero. — Você teve um daqueles sonhos novamente, não foi?