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Por mais que cansativo eu gostava de acordar todos os dias para ajudar a minha bela mãe, seus cabelos já em um mistura de preto e branco juntamente com as rugas de seu rosto demonstravam a sua idade, mas de alguma forma ela parecia ser mais velha do que realmente era, talvez por sua vida corrida e de muito trabalho, nunca tendo a oportunidade de descansar, mas seus olhos, seus olhos, esses continuavam sendo o maior brilho que poderia me fazer levantar todos os dias, eles eram azuis e brilhavam de forma intensa quando me viam todas as manhãs.

-Mãe?

Me aproximei de sua cama levando para ela os seus remédios e um copo d'água, escutei o seu suspiro de insatisfação e o retribui com um simples sorriso.

-Toma os remédios, eu preciso sair já, vou pedir pra que a vizinha fique aqui com você, tudo bem?

-Aquela maluca que só pensa em macho? Eu não gosto nem um pouco dela.

Sua voz estava rouca mas seu comentário me fez rir, ela se sentou e tomou todos os remédios fazendo careta para cada um deles, a ajudei a chegar na cozinha e lhe sentei próximo o suficiente da mesa, lhe servindo o café da manhã e a observando por alguns minutos antes de ir guardar os seus remédios, alguns estavam já em falta, e outros estavam a acabar, eles que a mantinham viva por assim dizer.

-Onde está indo arrumada desse jeito? -Ela perguntou colocando um biscoito em sua boca em seguida.

-Vou procurar emprego mãe.

Ela ficou em silêncio concordando, de qualquer forma eu sabia que para ela aquela situação a deixava envergonhada, peguei a minha bolsa e me aproximei lhe dando um beijo em sua testa.

-Eu te amo, gostosona.- Brinquei ouvindo sua risada.

-Eu ainda continuo muito apertadinha!

Revirei os olhos enquanto ria para ela, sai para fora andando para a casa ao lado e batendo na porta por algumas vezes, após informar a vizinha sobre minha mãe lhe entreguei dinheiro para que ela tomasse conta da mesma, mesmo que não tivesse muito uma vez ou outra eu teria que lhe pagar.
Andei em direção ao ponto de ônibus e não demorou para que eu conseguisse pegar o ônibus, estava um tanto cheio mas durante o percurso em direção ao centro da cidade foi ficando vazio, me sentei ao lado de um senhor que acabará de dobrar o jornal, provavelmente já tinha terminado de ler.

-Poderias me emprestar o seu jornal por favor senhor?

Olhei para ele que com uma cara rabugenta o me entregou, me dando em seguida um sorriso banguela.
Peguei o jornal o folheando até a página de serviços e vagas de trabalho, lia cada um deles, os quais eu poderia me qualificar ou pelo menos tentar.

Assim que o ônibus chegou ao centro desci, passando em frente a uma cafeteria que necessitava de uma atendente, entrei no local indo em direção ao balcão e com um sorriso positivo e com bastante educação deixei o meu currículo lá.
E no período de três horas caminhei pelo Centro entregando currículos impressos por todos os lugares.

Um prédio me chamou a atenção, era grande centro industrial, Straume, tinha lá em cima o seu nome com grandes letras, observei a entrada do local podendo ver homens de terno e mulheres de vestidos aparentemente chiques entrando e saindo por ali, arrumei os meua cabelos negros para trás e ajeitei o meu casaco dando um suspiro de pura coragem, subi os degraus olhando algumas vezes para cima e imaginando como seria estar no último andar desse prédio.
Ao chegar lá dentro olhei a jovem garota que usava um blazer preto e seus cabelos castanhos estavam amarrados para trás, seus lábios chamavam atenção por um forte batom vermelho.

Me aproximei dela vendo que a mesma me deu um olhar de desdém, e com um sorriso amarelo disse:

-Bom dia, em que posso ajudar você?

-Bom dia, eu gostaria de saber se estão a contratar funcionários aqui.

Ela voltou a atenção dele para o computador por alguns minutos e voltou a me olhar com o mesmo olhar de sempre.

-Pode ir ao último andar, é onde vai conseguir entregar o seu currículo.

Ela pegou o telefone atendendo alguém já tirando os olhos de mim, olhei para os elevadores e caminhei em direção deles, assim que entrei não pude me sentir confortável, havia homens e mulheres que aparentavam conviver na alta sociedade, mas com o decorrer de cada andar fui ficando sozinha ali dentro, quando finalmente cheguei ao último andar as portas se abriram.
Era um enorme hall, com uma decoração de bom gosto decorado com cores frias, cinza, preto e branco, e algumas samambaias davam cores ao lugar, enquanto na parede principal estava escrito Indústrias Straume.

Uma única garota estava ali, ela falava ao telefone enquanto digitava algo em seu computador, o padrão de suas vestimentas, cabelo e maquiagem eram os mesmos.
Assim que desligou ela se virou para mim.

-Posso ajudar?

-Sim sim, eu fui informada de que poderia deixar o meu currículo aqui.

Ela me estendeu a mão sem tirar os olhos do computador, abri a bolsa pegando um currículo a entregando na mesma hora.
Ela o colocou ao lado e voltou o olhar para mim.

-Receberá a resposta por email, então não espere nenhum chamado para entrevista ok?

Concordei e ela me deu um "Bom dia", contrai meus lábios e fui em direção a saída, pegando o meu celular exclusivo para ligações que vibrava como nunca.

-Oi mamãe, está tudo bem?

-Sim, eu queria saber que horas vem para cara, não aguento mais essa mulher aqui.

-Não se preocupe mãe eu já estou...

Antes que eu pudesse terminar me bati em alguém deixando com que meu celular caísse no chão, assim como a minha bolsa e eu.
Senti uma dor em meu bumbum e passei a mão por meus cabelos os colocando para trás, olhei para baixo vendo sapatos sociais seguido de uma calça da mesma linha, calmamente me aproximei dos celulares que estavam no chão, entregando para o homem a minha frente que o guardou em seu bolso e sem se desculpar continuou a caminhar, recolhi meus papéis do chão e guardei o meu celular em minha bolsa, assim que levantei corri para o elevador completamente envergonhada.

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