campos de futebol pegando fogo

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cresci no estado trivial da fantasia americana, preocupada com as sílabas de sexta-feira à noite, pasta de dente nos cabelos e um frio tão longo e cortante quanto mirtilos congelados no topo dos dedos nos dias mais especiais do ano. e, com as digitais púrpuras de loucura e mente lotada de dossiês completos do diagnóstico falho, a barra da saia saía esburacando nos galhos e abriam pústulas pequenas no canto dos joelhos.

e, nesse fulgor de desinfetar as lágrimas com a rebeldia de ser e não precisar de ninguém, existia o limiar moroso entre os sonhos desenfreantes e o coração partido de uma garota espiritualmente americana. ao longos dos anos, a dor incerta das oscilações te emolduravam no velho caso de paixões idealizadas e fé esotérica, por mais paradoxal que pudesse parecer, e te entregavam de mergulho sem fôlego a realidade impiedosa de que nada na vida é sorte, e sim trabalho.

durante a estadia instável, era como se a membrana fina que me segurava pra dentro da vida abria pequenos filamentos mórbidos, convidando silenciosamente o sumo da decepção feito pêssegos mordidos, e, na pretensão desesperada de arrancar o sentido pelas raízes podres da árvore, você era obrigado a mastigar folhas outonais até perceber que quando a brecha de uma lágrima fina escorre, é porta de entrada pra inundação característica e atrativa da morte respirando ao lado da pequenez momentânea da selvageria impulsiva.

por isso, diga o que quiser, mas diga com a boca cheia a farfalhar, porque a guerra lá fora é agridoce como se montanhas de cupins batalhassem na linha de fronte: você não precisa saber quem é quem quando está tudo perdido, muito menos se dar ao trabalho de comunicar. o enxoval de grãos desmonta feito pequenos estilhaços do meu coração e eu sei que perdi um pedaço de mim antes mesmo de tê-lo por inteiro.

e eu consigo sentir, bem ali, no meio da madrugada, quando os pontos de luz lá fora salpicam, sussurrantes, seus traumas mais secretos, e você se pergunta: "Jesus, se você estiver escutando, mande-me lembranças no inferno. e, Jesus, se você está aqui, por que me sinto tão sozinha nesse quarto"?

as raízes solidificam debaixo da terra, você não pode fazer mais nada e olha através do ponto cego no espelho e enxerga o lusco-fusco de tudo que poderia ter sido se você não tivesse deixado o sol ir embora.

e eu digo, porque sempre tive razão: "esse só não é o meu melhor ano".

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LONG COLD WAR WITH YOUR KIDS AT THE FRONT ✧  TRIPLESOnde histórias criam vida. Descubra agora