Carrossel

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Por que ela? Dentre sete bilhões de pessoas no mundo inteiro por que ela tinha que ter pegado uma gripe? O pior era que era domingo. Nami sempre saia com Nojiko domingo à noite, uma tentativa das duas esquecerem seu inferno pessoal chamado de casa, mas hoje ela não teve chance, porque ela pegou uma gripe e agora estava no hospital esperando ser chamada.

Ela batia o pé no chão, tentando se manter calma. O ambiente estava quieto exceto por uma criança que insistia em chorar porque não estava a fim de ver o médico. Ela sabia lidar com crianças, mas existem limites e aquela choradeira estava ultrapassando todos eles.

A ruiva suspirou e pegou o telefone visualizando as últimas mensagens de sua irmã que pediam para a mesma avisar quando voltasse pra casa, já que hoje ela trabalharia até tarde. Tóquio era segura, mas mesmo assim, uma mulher da idade dela sair depois da meia noite sem companhia de amigos era meio perigoso. Infelizmente.

E também, o desespero de Nojiko deveria estar no fato do padrasto das mesmas poder chegar antes de Nami em casa, descobrindo que ela saiu depois do 'toque de recolher', como ele chamava.

Nami começou a olhar os pacientes, tentando descobrir a vida de cada um. Um passatempo esquisito, mas funcionava.

O primeiro era um homem de meia idade, divorciado, com no mínimo três filhos ou filhas. Devia estar com uma doença séria já que seu rosto estava num estado deplorável.

A segunda era uma mulher com uns setenta anos, provavelmente esquecida pela filha ou filho mais velho, mas vive feliz junto com o mais ou a mais nova. Sua doença? Ela parecia bem na verdade, deve ser só um checkup.

O terceiro era um garoto mais ou menos da idade dela. Ele estava em uma cadeira de rodas e com um aparelho que, aparentemente, estava o ajudando a respirar. Ah, ele também usava um chapéu de palha. O estranho era que ele estava rindo. O filho da mãe estava rindo feito um retardado enquanto falava no celular com sabe-se lá quem.

O quê? Nami podia estar sendo muito dura sim, mas ela estava irritada, e ela também não ia colocar esses sentimentos pra fora, então quem se importa?

Era engraçado, um garoto que, aparentemente, não conseguia respirar direito não parava de sorrir e ela não conseguia tirar a carranca do rosto por ter uma gripe.

Por um momento, o moreno acabou encontrando os olhos de Nami e eles se encararam. Enfim, ele sorriu e Nami desviou o olhar, sem graça, já que ela estava de cara amarrada para o mesmo.

Um nome foi chamado pela enfermeira e o garoto da cadeira de rodas levantou a mão. A mulher foi até o mesmo e o carregou enquanto ele protestava já que, segundo ele, o moreno não estava tão fraco ao ponto de não conseguir andar e precisar daquela cadeira. O nome dele? Se ela ouviu bem, Luffy, mas de novo, quem se importa?

Nami suspirou. Os médicos nunca iriam chamá-la?

Então, um enfermeiro chamou o seu nome como se pudesse ler seus pensamentos. Nami levantou e o seguiu.

☸︎

"Vá até a farmácia e compre estes medicamentos. Se descansar o suficiente, vai ficar curada muito rápido, senhorita." O médico disse com um sorriso. Nami retribuiu a contra-gosto, ela ainda estava irritada pela espera.

"Obrigada." A ruiva disse uma vez que se levantou e começou a caminhar até a saída do consultório. Assim que ela colocou os pés no corredor, ela andou o mais rápido possível até o elevador, apertando o botão mais forte do que necessário para o mesmo chegar.

"Um, dois, três..." Nami começou a contar. Sua mãe a ensinou que em situações onde Nami perdia a cabeça — o que acontecia com uma certa frequência, graças a seu padrasto bastardo, Arlong, que insistia em colocá-la em terror psicológico juntamente de sua irmã. — ela deveria contar até mil e só parar até ela se sentir mais calma ou chegar até o mil.

QuatervoisOnde histórias criam vida. Descubra agora