Aprendi a nadar com tubarões

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Esses dias lembrei da infância e de um garoto que tentava me afogar

Hoje sei que já era o mal prosperando naquele olhar

A essa altura ele deve ter a chave da cidade e ser um modelo de cidadão

E ainda afoga pessoas no trabalho, em casa, no transito, deixando corpos lá no fundo

Darwiniana psicopatia, desde tenra idade pronto para esse mundo

E lá está ele ajoelhado no domingo recitando com fé uma oração,

Lembrando do striptease da amante, do whisky e cocaína,

Sentindo o coração acelerar, benzido por um padre de batina

E eu? Correndo o risco de ser excomungado, viciado em café,

Camuflado entre bons cidadãos, nunca estacionei em local proibido,

Tomo um porre de quinze em quinze, mas lhe garanto:

- Eu aprendi a nadar com tubarões.

Transtorno PoéticoOnde histórias criam vida. Descubra agora